Netflix diz que está "muito bem posicionada” para usar IA nas suas produções
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

A Netflix está acompanhando a tendência de incorporação da inteligência artificial (IA) nos processos de produção de conteúdo e afirma estar “muito bem posicionada” para usar a tecnologia emergente em filmes e séries.
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No relatório trimestral de lucros divulgado nesta terça-feira (21), a companhia destacou que evoluções significativas em dados, produtos e processos de negócios colocam o serviço de streaming em uma posição privilegiada para aproveitar os avanços contínuos da IA.
Apesar disso, o CEO da Netflix, Ted Sarandos, afirmou em uma teleconferência sobre o relatório realizada também nesta terça-feira que a tecnologia deve servir para potencializar a criatividade e otimizar a experiência dos assinantes, e não como o núcleo da produção dos conteúdos.
“É preciso um grande artista para criar algo grandioso. A IA pode oferecer aos profissionais de criação ferramentas melhores para aprimorar a experiência geral de TV e filmes para nossos assinantes, mas não faz de você um grande contador de histórias se você não for”, destacou Sarandos.
IA para potencializar o trabalho dos criadores
No documento, a empresa de streaming afirmou que está capacitando cineastas e produtores com diversas ferramentas de IA generativa (GenAI) para ajudá-los a tirar ideias do papel e “entregar títulos ainda mais impactantes aos assinantes”.
“Por exemplo, em Happy Gilmore 2, os cineastas usaram GenAI em conjunto com machine learning (ML) e as tecnologias proprietárias de captura volumétrica da Eyeline para rejuvenescer os personagens durante a cena de flashback inicial”, pontuou a empresa.
Produtores da série Billionaires’ Bunker também utilizaram diversas ferramentas de IA durante a pré-produção — como para pré-visualizar cenários e figurinos.
“Estamos confiantes de que a IA vai nos ajudar, assim como aos nossos parceiros criativos, a contar histórias melhor, mais rápido e de novas maneiras. Estamos todos envolvidos nisso, mas não estamos buscando novidades por novidades”, disse o CEO durante a teleconferência.
Foco na experiência dos assinantes
Outro uso da IA destacado no relatório trimestral foi o da otimização da experiência dos assinantes do serviço de streaming. Uma das aplicações está nas recomendações personalizadas e nos recursos de descoberta de conteúdo.
“Um exemplo é o nosso teste beta de uma experiência de busca conversacional, que permite aos assinantes usar linguagem natural para explorar o catálogo e encontrar o título perfeito para cada momento”, ressaltou a companhia.
Outro exemplo citado foi o uso da IA generativa para localizar materiais promocionais em diversos idiomas, permitindo que vários títulos alcancem com mais facilidade públicos ao redor do mundo.
Impacto do Sora nos serviços de streaming
Um dos temas abordados na reunião trimestral da Netflix foi o possível impacto do Sora 2 — modelo de vídeo incorporado ao novo aplicativo Sora, da OpenAI — sobre o setor de streaming.
Ao ser questionado sobre o tema por um investidor, Sarandos afirmou que os criadores de conteúdo podem, de fato, ser impactados, embora não veja motivo de preocupação para a indústria cinematográfica.
“Não estamos preocupados com a IA substituindo a criatividade”, afirmou o CEO da empresa.
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Fonte: Netflix; Tech Crunch