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Músicos acusam a IA de roubar plays em aplicativos de streaming; entenda como

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Unsplash/Xavier Cee
Unsplash/Xavier Cee

A inteligência artificial (IA) chegou à indústria criativa, e profissionais estão usando seus recursos para editar fotos, baratear e otimizar a produção de filmes e até mesmo restaurar obras de arte. Contudo, o uso dessas tecnologias também é alvo de debates cada vez mais presentes na indústria da música.

Músicos afirmam que seus plays estão sendo “roubados” em diferentes aplicativos de streaming por músicas produzidas com ferramentas de IA. Essas canções aparecem nos mais variados gêneros musicais, e a preocupação delas é menos sobre a qualidade e mais sobre a quantidade.

Além disso, músicas geradas por IA não precisam de milhões de plays para serem lucrativas, já que seu custo de produção é muito inferior ao das obras produzidas por humanos. Muitas dessas canções podem ser produzidas por meio de assinaturas simples de ferramentas como Suno e Udio.

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Críticas dos artistas às músicas de IA

Nekki, artista afro-chilena, culpa a inteligência artificial pelo fato de não conseguir mais atingir um público tão amplo com suas músicas.

“É uma nova forma de perigo disfarçada de inovação tecnológica”, destacou a cantora em entrevista ao portal Rest of World.

A crítica de Nekki é compartilhada por outros músicos da América Latina, que denunciam uma competição desigual com obras produzidas por IA e disponibilizadas nas plataformas de streaming.

“Levei 10 anos para conseguir viver da música. Agora também temos que competir com músicas criadas assim”, afirmou Heartgaze, artista e produtor argentino.

De acordo com Mark Meyer, fundador do Random Sounds — empresa de tecnologia musical e distribuidora — as canções de IA visam apenas o faturamento, sem considerar a contribuição cultural.

“A maioria das pessoas que geram música com IA não são músicos. São pessoas que querem fazer negócios na internet”, disse Meyer ao Rest of World, acrescentando que artistas reais têm deixado de ganhar dinheiro devido à presença das músicas de IA.

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Aumento da presença das músicas geradas por IA

A Deezer, uma das plataformas de streaming de música mais acessadas, divulgou um relatório revelando que, em abril de 2025, 18% de todo o conteúdo musical enviado à plataforma era totalmente gerado por inteligência artificial.

Em janeiro do mesmo ano, 10% das canções eram produzidas inteiramente pela tecnologia, indicando um aumento significativo da presença desse tipo de conteúdo no streaming.

Um estudo (cisac.org) conduzido pela Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores aponta que essa tendência deve crescer ainda mais. A pesquisa indica que, até 2028, músicas criadas com ferramentas de IA podem responder por cerca de 20% da receita das plataformas de streaming musical.

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A própria Deezer desenvolveu sistemas para detectar conteúdos gerados por inteligência artificial e já excluiu algumas músicas produzidas por essa tecnologia de suas recomendações.

O Spotify, por sua vez, faz parte da Music Fights Fraud Alliance, iniciativa que tem como objetivo combater fraudes nas plataformas de streaming musical.

Ainda assim, essas ações não são suficientes para identificar todos os conteúdos produzidos por sistemas computacionais, mostrando que os debates sobre o uso da IA na indústria musical ainda estão em estágio inicial, enquanto a tecnologia já impacta o trabalho dos artistas.

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VÍDEO | 3 USOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO DIA A DIA

Fonte: Rest of World