Foto feita com IA mostra aves "maiores que campos de futebol" no olho do furacão
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

O furacão Melissa passou por países do Caribe, como Jamaica e Cuba, e causou destruição em diversos pontos. Embora satélites tenham capturado imagens impressionantes do fenômeno, uma foto do evento gerada por inteligência artificial (IA) chamou atenção.
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A imagem em questão mostra o olho de um furacão visto de cima, com aves sobrevoando a região. O conteúdo foi compartilhado inicialmente no X (antigoTwitter), mas depois apareceu em outras redes sociais, como Facebook, Instagram e TikTok.
Um dos usuários chegou a afirmar, em uma postagem, que os animais teriam ficado presos dentro do furacão, sem capacidade de escapar dos “ventos violentos”.
Mas meteorologistas que tomaram conhecimento da imagem logo desconfiaram da veracidade do conteúdo.
Aves gigantes e acima do Everest
Primeiro, porque voos de reconhecimento usados por especialistas para coletar dados sobre tempestades não atingem altitudes suficientemente elevadas para observar todo o olho de um furacão. Além disso, de acordo com a proporção mostrada na imagem, as aves teriam de ser extremamente grandes.
“Com base no tamanho do olho do furacão, essas aves seriam maiores que campos de futebol”, ressaltou Rich Grumm, meteorologista aposentado que atuou no Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, em State College, ao blog Climate Connections, da Universidade de Yale.
Já Lee Grenci, professor sênior aposentado de meteorologia na Universidade Estadual da Pensilvânia, destacou ainda que, para estarem voando acima da parede do furacão, as aves precisariam estar em altitudes superiores às do Monte Everest.
“A temperatura e a densidade do ar são muito baixas para que as aves consigam voar”, pontuou Grenci.
Imagem de hospital destruído
Outra imagem compartilhada nas redes sociais, também atribuída ao furacão Melissa, mostrava a suposta destruição do hospital Black River, na Jamaica. O registro exibia diversas estruturas destelhadas, ruas alagadas e palmeiras sob os efeitos do vento.
No entanto, um porta-voz do Google afirmou ao site Full Fact que a imagem continha uma marca d’água SynthID — um marcador usado pela big tech para identificar imagens geradas ou editadas por suas ferramentas de IA.
Esses são apenas dois exemplos que mostram a capacidade das IAs de gerar imagens de alta qualidade e, ao mesmo tempo, o perigo que o compartilhamento desses conteúdos pode representar em relação à desinformação.
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Fonte: Climate Connections; Full Fact