Equipe do Google DeepMind assina carta contra uso militar de IA da companhia
Por Guilherme Haas |

Quase 200 funcionários do Google DeepMind, divisão de pesquisa em inteligência artificial da empresa, assinaram uma carta solicitando que a companhia encerre seus contratos com organizações militares. A informação foi revelada pela revista TIME, que teve acesso ao documento e ouviu fontes próximas ao caso.
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A carta, datada de 16 de maio deste ano, expressa preocupação com o uso da tecnologia de IA desenvolvida pelo DeepMind em operações militares, o que, segundo os signatários, contraria os princípios de ética e responsabilidade da empresa.
O documento não cita diretamente nenhuma organização militar específica, mas faz referência a reportagens que destacam a colaboração do Google com o Ministério da Defesa de Israel, sob o projeto Nimbus.
Princípios de IA e uso militar
Os funcionários destacam que essa colaboração pode violar os próprios princípios de IA do Google, que incluem o compromisso de não desenvolver aplicações de IA que possam causar danos significativos ou contribuir para o desenvolvimento de armas e tecnologias destinadas a vigilância.
A carta também exige que a liderança do DeepMind investigue se fabricantes de armas estão utilizando os serviços de computação em nuvem do Google e que impeça o uso da tecnologia da divisão por clientes militares no futuro.
Os cerca de 200 funcionários que assinaram o documento representam aproximadamente 5% do total de colaboradores do Google DeepMind.
Três meses após a circulação da carta, fontes informaram que nenhuma ação significativa foi tomada pela empresa. “Não recebemos nenhuma resposta significativa da liderança”, disse uma das fontes à TIME, “e estamos ficando cada vez mais frustrados”.
Em resposta à revista TIME, um porta-voz do Google afirmou que a empresa segue seus princípios de IA ao desenvolver e disponibilizar tecnologias para clientes. Sobre o contrato do Nimbus, a empresa afirma que ele “não está relacionado a questões militares envolvendo armas ou serviços de inteligência”.
Segundo os signatários da carta, a resposta do Google é “especificamente inespecífica” e “não nega as alegações de que sua tecnologia possibilita formas de violência ou de vigilância que violam normas internacionalmente aceitas”.
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Fonte: TIME