Publicidade

Empresas querem "escanear" o cérebro dos funcionários

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 24 de Novembro de 2022 às 15h30

Link copiado!

stokkete/Envato
stokkete/Envato

A startup israelense InnerEye e a empresa de neurotecnologia Emotiv, com sede no Vale do Silício, nos Estados Unidos, apresentaram dispositivos de inteligência artificial (IA) que prometem “escanear” o cérebro de funcionários, incluindo daqueles que trabalham remotamente.

  • Técnica inédita permite controlar cadeiras de rodas com a força do pensamento
  • Novo algoritmo "lê" pensamentos a partir de exames cerebrais

Segundo os sites dessas empresas, esses equipamentos possuem sensores capazes de detectar a atividade elétrica em diferentes áreas do cérebro, permitindo que esses parâmetros sejam correlacionados com sentimentos ou respostas fisiológicas, como estresse, foco e reação a estímulos externos.

Continua após a publicidade

O objetivo, de acordo com seus criadores, é tornar os trabalhadores mais felizes e eficientes, conectando humanos e máquinas para aumentar a produtividade e garantir o bem-estar dos funcionários, ajudando-os a tomar decisões de forma mais rápida e precisa.

Monitoramento cerebral

A tecnologia usada por essas empresas se baseia na eletroencefalografia (EEG), uma técnica que existe há cerca de um século e é geralmente utilizada em aplicações de medicina e em pesquisas em neurociência para monitorar a atividade cerebral em tempo real.

Continua após a publicidade

A diferença está na forma como esses equipamentos interagem com a mente humana. Em vez de um emaranhado de fios presos ao couro cabeludo do usuário, a InnerEye e a Emotiv desenvolveram fones de ouvido capazes de operar sem um gel condutor, reduzindo o número de eletrodos necessários para interpretar os impulsos elétricos do cérebro.

“Embora o público possa não ter recebido o memorando oficial, especialistas dizem que a neurotecnologia está madura e pronta para aplicações comerciais. Isso não é ficção científica, é tecnologia e pode ser aplicada em larga escala”, disse o chefe de estudos de neuroética do Centro Médico da Universidade de Georgetown, nos EUA, James Giordano, ao site IEEE Spectrum.

Aprendizado profundo

Os sistemas criados tanto pela InnerEye quanto pela Emotiv usam algoritmos de aprendizado profundo para classificar os sinas de EEG e transformá-los em códigos que podem ser interpretados para determinar ações diretamente relacionadas de perda de foco ou falta de atenção.

Continua após a publicidade

O dispositivo da InnerEye mede o foco com muita precisão e, se o usuário piscar ou parar de se concentrar momentaneamente, o sistema o detecta e mostra novamente as imagens perdidas. Já os fones de ouvido da Emotiv possuem sensores de varredura capazes de rastrear as métricas cerebrais, permitindo uma avaliação em tempo real do estado emocional do usuário.

Segundo seus criadores, todos os dados captados pelos dispositivos não podem ser acessados pelos empregadores de forma individual. Em vez disso, eles recebem informações agregadas para ter uma noção da atenção e dos níveis de estresse de uma equipe ou departamento no local de trabalho.

“Acho que há um interesse significativo dos empregadores em usar essas tecnologias. No entanto, não sei se existe o mesmo interesse por parte dos funcionários”, disse a fundadora do Institute of Neuroethics (IoNx) numa entrevista ao site IEEE Spectrum.