Casais estão usando o ChatGPT para arbitrar DRs e ajudar a vencer uma discussão
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Nos últimos anos, a inteligência artificial deixou de ser apenas uma ferramenta de produtividade no trabalho e organização pessoal para invadir também a vida amorosa. Uma tendência que cresce rapidamente é o uso do ChatGPT como “árbitro” de discussões de casal, ajudando parceiros a resolver DRs ou até a sair “vencedores” em um conflito.
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De acordo com a pesquisa da Singles in America, 40% das pessoas já utilizam IA em algum momento da vida amorosa, seja para criar perfis de namoro, revisar mensagens ou até refletir sobre o comportamento nos relacionamentos. Mas a novidade que chama atenção está no fato de casais recorrerem ao ChatGPT durante brigas para decidir quem tem razão.
ChatGPT como “terceiro neutro” na relação
Em aplicativos como o TikTok, vários usuários já compartilharam histórias de como pediram ao ChatGPT que analisasse uma discussão com o parceiro e comemoraram quando a IA confirmou sua versão dos fatos. Uma influenciadora chegou a gravar um vídeo dizendo que só conseguiu “ganhar a briga” porque o namorado confiava mais na resposta do robô do que nela.
Outros casos mostram o uso do ChatGPT como uma espécie de mediador imparcial. Em entrevista ao Mashable, Samantha, de 24 anos, contou que começou a usar a ferramenta para lidar com desentendimentos em seu relacionamento de cinco anos, especialmente porque seu parceiro não é falante nativo de inglês. Ao escrever as duas versões da história e pedir que o ChatGPT ajudasse a traduzir e organizar os argumentos, ela percebeu que as discussões se tornavam menos explosivas e mais construtivas.
O risco de buscar “quem está certo”
Apesar de parecer prático, especialistas alertam para os riscos de colocar a IA como juiz de uma relação. A psicoterapeuta Alex Iga Golabek explica que conflitos de casal não devem ser vistos como um tribunal em busca de culpados: “Eu digo aos meus clientes: não sou juíza. Isso não é um tribunal. O objetivo não é vencer, mas se conectar.”
Ou seja, a dependência excessiva de um algoritmo para arbitrar discussões pode prejudicar a construção de diálogo verdadeiro entre os parceiros. Resolver problemas em conjunto, mesmo com erros e mal-entendidos, é parte essencial de um relacionamento saudável.
Para algumas pessoas, o ChatGPT funciona como um “amigo extra” no grupo, capaz de ouvir sem julgamento e sugerir formas mais calmas de comunicação. Isso pode ser útil para quem tem dificuldade de expressar sentimentos ou teme ser mal compreendido.
Porém, há um limite. A longo prazo, a confiança cega na IA pode criar um ciclo de dependência, afastando os parceiros da experiência fundamental de lidar diretamente com suas próprias emoções. Embora o ChatGPT possa ajudar a acalmar ânimos e organizar pensamentos durante uma DR, não substitui a comunicação real entre duas pessoas. Vale lembrar que a terapia no ChatGPT oferece riscos e preocupa o Conselho Federal de Psicologia.
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Fonte: Mashable