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Como a Quicko quer ser o "canivete suíço" do setor de mobilidade

Por| 19 de Abril de 2021 às 20h45

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Como a Quicko quer ser o "canivete suíço" do setor de mobilidade
Como a Quicko quer ser o "canivete suíço" do setor de mobilidade

É seguro dizer que a redução do trânsito nas grandes cidades passa pelo uso de formas alternativas de veículos (bicicletas e patinetes, por exemplo), uso mais eficiente do transporte público ou mesmo acesso a informações que permitem ao cidadão escolher quando, como e por onde se locomover. E o que une esses três pontos é a Tecnologia.

E para explorar esse mercado de enorme potencial surge a Quicko. Fundada no fim de 2018, esta startup funciona como uma espécie de "canivete suíço da mobilidade urbana". Isso porque ela oferece diversas soluções que permitem ao usuário integrar meios de locomoção, ter acesso a informações atualizadas sobre o transporte público em tempo real, traçar rotas nos mais diversos modais em algumas das principais cidades brasileiras, carregar cartões de vale-transporte e mais.

Atualmente, o Quicko App está disponível para Android e iOS (iPhone), em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e, até o final do ano, em mais de 15 cidades. E uma mostra desse "canivete de mobilidade está na capital paulista: por lá, o app mostra, por exemplo, os pontos de guarda-chuva da Rentebrella e pontos de bateria compartilhada. A partir do app, também é possível carregar o Bilhete Único (São Paulo) e também o cartão do CCR Metrô Bahia em (Salvador).

Outra mostra de versatilidade do app é o recém-lançado Mapa de Vacinação, presente nas cidades onde atua. A partir do Quicko App, há uma série de informações sobre pré-cadastro, endereços e horários dos postos de vacinação, além do calendário por faixa etária. O app mostra a unidade de vacinação mais próxima, com a indicação dos melhores trajetos para chegar lá e ainda os meios para que o usuário chegue aos locais de forma mais rápida e segura, usando transporte público, bicicletas, a pé ou por carros de aplicativo (Uber, 99, etc).

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E com essa diversidade de soluções pensadas em mobilidade em uma única plataforma, a Quicko já recebeu um aporte de US$ 10 milhões da CCR (criadora do Sem Parar) e do fundo carioca J2L Partners para expandir sua atuação Brasil afora, bem como seus serviços. E para saber como o aplicativo vem atuando no campo do Mobility as a Service (MaaS), o Canaltech conversou com Pedro Somma, CEO da Quicko, que fala sobre os desafios do setor no país.

Confira como foi o papo:

Canatech - Como funciona o conceito de Mobility as a Service (MaaS) no qual a Quicko atua? Que serviços de mobilidade podem entrar nesse conceito?

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Pedro Somma: O conceito de Mobility as a Service (MaaS) é bastante recente e tem como objetivo colocar todo o sistema de mobilidade a disposição do usuário, permitindo que as pessoas acessem em um único local todas as possibilidades de deslocamento daquela cidade.

O modelo de MaaS vem sendo construído em vários lugares do mundo, nos inspiramos no que existe em Londres e em Helsinque, na Finlândia. Nosso objetivo é construir uma verdadeira jornada da mobilidade digital no Brasil, com tecnologia brasileira. Essa jornada engloba desde as informações sobre transporte até a reserva e contratação dos serviços, além da compra de bilhetes de transporte.

Infelizmente, no momento, ainda estamos atrasados nesse aspecto. Mesmo em São Paulo e no Rio de Janeiro, é muito difícil obter um bilhete de transporte, comprar créditos com facilidade e usá-lo para toda sua jornada, já que se restringem aos transportes públicos massivos, não integrando com bicicletas e taxis, entre outros meios de transporte.

Os serviços variam de acordo com a realidade local: em São Paulo, por exemplo, a gente tem metro, ônibus, trem e trabalhamos com parcerias em bikes e e-hailing, carros de aplicativo. Em outras cidades, existem outras realidades: no Rio de Janeiro, por exemplo, tem o VLT; e em Salvador tem até o Elevador Lacerda. Em cada cidade, a Quicko se adaptada ao ecossistema de mobilidade local, é a única forma de fazermos mobilidade para pessoas.

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CT - E como o MaaS podem ajudar os usuários de transporte público em tempos de pandemia? Por que o poder público resiste a usar apps como o Quicko, que podem ajudar a impedir aglomerações?

P.S.: Existem várias formas que a tecnologia pode nos ajudar nessa pandemia e certamente o MaaS é uma delas. O primeiro ponto aqui é garantir informações para os usuários em tempo real: se ele sabe que o ônibus vai passar no ponto em cinco muitos, não precisa ficar esperando lá e pode aguardar até que o ônibus se aproxime. Um segundo ponto é a possibilidade de encontrar rotas que ele mesmo ache mais seguras. No app da Quicko, o usuário pode localizar onde alugar uma bike ao invés de pegar um ônibus ou metro lotado. O mais importante é que com todas essas informações disponíveis, o usuário pode tomar a melhor decisão para o seu deslocamento.

É possível ir além: sabemos, por exemplo, que já existe tecnologia que possa mensurar quantas pessoas estão em um mesmo espaço e essa é uma frente que gostaríamos de apoiar, uma vez que muitas prefeituras não possuem tecnologia para discutir isso. Já nos dispusemos a ajudar diversas prefeituras nessa frente, porém ainda sem muita abertura.

Ônibus e metros lotados são cenas vistas com frequência em São Paulo, Rio de Janeiro e entre outras cidades e isso é algo gravíssimo, afinal, aglomerações aumentam muito a proliferação do vírus. Sendo bastante sincero, ainda não entendo por que as prefeituras não querem a nossa ajuda nesse aspecto.

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CT - E como funciona o report colaborativo da Quicko? Quantas informações o serviço recebe diariamente de seus usuários? Existe algum método que checa a confiabilidade dessas informações?

P.S.: A Quicko usa muito da sua comunidade para ter informações em tempo real da mobilidade, este tipo de informação, crowdsourcing, é usada em diversos apps, como o Waze. A lógica é simples: quem está na mobilidade ajuda quem está na mobilidade. No app da Quicko, hoje temos diversos tipos de alertas como lotação, atraso ou lentidão, além da possibilidade de o usuário avaliar o motorista e as condições do veículo, entre outras categorias.


Mesmo com um número relevante de alertas, não podemos deixar de lembrar do desafio que é a malha de mobilidade das cidades. Em São Paulo, por exemplo, temos milhares de linhas de ônibus e nem sempre temos informações sobre todas elas. Para muitas situações, essas informações colaborativas são o ponto de início para a checagem, por exemplo, quando um usuário nos alerta que um ônibus não passou no ponto, a gente confere com os dados oficiais que temos, e aí notificamos as prefeituras ou o poder público responsável sobre aquela situação.

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[Nota da redação] O Reporte de Usuário do Quicko App é uma ferramenta colaborativa para que as pessoas apontem ocorrências nas linhas de ônibus municipais das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Elas podem reportar informações como lotação, atraso ou lentidão, além da possibilidade de avaliar o motorista e as condições do veículo, entre outras categorias. Esses reportes ficam disponíveis no aplicativo e ajudam os usuários na hora de escolher a melhor opção de rota. Quanto mais pessoas reportando, mais efetivas são as informações que conseguimos disponibilizar.


CT - Como funciona o modelo de negócios da Quicko? De que forma a empresa gera receitas?

P.S.: A Quicko conta com algumas formas de gerar receita, a primeira delas é por meio das transações que geramos para os nossos parceiros. Como uma plataforma MaaS, oferecemos diversos parceiros de mobilidade e conveniência que nos remuneram por cada cliente gerado para eles, por exemplo, a recarga de Bilhete Único. Em paralelo a isso, a ferramenta permite também um relacionamento muito próximo com os usuários seja para mídia ou para programas de relacionamento. Esta segunda camada é fundamental para a geração de receita da Quicko.

Uma terceira que estamos olhando e em breve terá um peso grande são as assinaturas. Acreditamos que em um modelo de MaaS, mobility as a service, nós conseguimos viabilizar para o usuário uma assinatura de mobilidade mais eficiente, econômica e conveniente.

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CT - Hoje, quais são os serviços mais utilizados dentro do Quicko? E quais cidades e perfis de público vêm usando mais o app no seu dia a dia?

P.S.: Temos um olhar muito atento a isso porque as necessidades de mobilidade variam de cidade para cidade e precisamos sempre ter um olhar local. Em São Paulo, percebemos um interesse nos dados de tempo real do transporte público, assim como na roteirização que oferecemos dentro do aplicativo, além da compra de créditos para o bilhete único que tem sido muito bem-vista pelos nossos usuários. Essas facilidades são bem parecidas com o que oferecemos em Salvador, por exemplo, onde lançamos recentemente uma melhor experiência local para a compra de créditos para o cartão do Metrô Bahia.

Já o perfil dos usuários da Quicko é toda e qualquer pessoa que esteja conectada com a tecnologia de diversas faixas etárias e de renda. A mobilidade é universal e todos nós dependemos dela. Um ponto aqui que vale destacar é que durante a pandemia, vimos uma mudança de perfil principalmente pautada por quem seguiu trabalhando fora de casa no período, via de regra, pessoas da periferia e mais jovens, vinculados aos serviços essenciais.

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CT - De que forma a utilização de apps intermodais como o Quicko podem ajudar a diminuir custos para todos os envolvidos (poder público, empresas de transportes e passageiros) dentro do sistema público de transporte?

P.S.: A Quicko acredita que a mobilidade deve ser para as pessoas, por isso nosso principal objetivo é que a experiência diária dos usuários na mobilidade seja mais confortável e conveniente, usando a lógica de MaaS. Pessoas com mais acesso à informação tornam o sistema mais eficiente, fazendo rotas melhores. Assim, podemos ter mais clareza nas linhas superlotadas e precisam de aumento na oferta, ou linhas que estão vazias e podem ser absorvidas por outras.

Além disso, ao oferecer rotas diferentes das que as pessoas estão acostumadas, a Quicko ajuda na mudança de comportamento delas. Modais menos utilizados, como bicicletas e os próprios pés, tornam a mobilidade mais saudável e sustentável, já que permitem que mais pessoas se exercitem em suas rotinas e, ao fazer isso, reduzam as emissões de CO2, muito impactadas pelo trânsito das cidades.


CT - Quais as dificuldades de as cidades integrarem apps intermodais como o Quicko aos seus sistemas de transportes públicos? Existem cidades dentro ou fora do Brasil que já fazem isso com eficiência e que podem ser usadas como referência?

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P.S.: As principais dificuldades são tecnológicas e políticas. Uma questão chave para a plataforma MaaS como a Quicko é a abertura de dados operacionais do transporte, o que depende de uma política pública de transparência e apoio à inovação, inclusive junto aos operadores de transporte. É fundamental para nós que as prefeituras e os governos caminhem juntos nessa direção. Além disso, para que plataformas MaaS funcionem perfeitamente, é essencial que a bilhetagem seja aberta e integrada com modais não públicos como bikes, taxis e outros. Neste aspecto também há desafios políticos importantes.


Sabemos que já existem cidades que estão avançadas na lógica MaaS, tanto na tecnologia quanto na visão política, como Londres e Helsinque, na Finlândia. Porém, mesmo no Brasil, temos iniciativas importantes, como a abertura de dados pela Prefeitura de São Paulo e Salvador com uma visão inovadora para bilhetagem, também em parceria com o metrô. A Quicko já atua nas duas cidades, tanto com a plataforma disponível para as pessoas quanto no apoio ao desenvolvimento do ecossistema local.


CT - E qual o futuro do MaaS? Que novos recursos ou serviços podem ser inseridos em apps como o Quicko e que podem ajudar os usuários do transporte público?

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P.S.: Entendemos que o MaaS é o futuro para uma mobilidade mais democrática, de qualidade e feita para pessoas. Por isso, defendemos a criação de serviços que garantam uma jornada mais eficiente, confortável e inteligente.

Na Quicko, estamos trabalhando também na geração de conteúdo, sempre por parceiros, além de outros tipos de serviços como alimentação e compras. Acreditamos em um futuro com plataformas agregadoras que oferecerão tudo o que for necessário para o usuário, desde os transportes, diferentes modais, até serviços que fazem parte do dia a dia, como filmes e séries, música, games, leitura, entre outros

Não temos a menor dúvida de que a tecnologia vai tornar a mobilidade de fato cada vez mais humana.

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