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Quer armazenar dados em DNA? Isso vai custar 5 mil reais

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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frender/envato
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Esqueça o hábito “antiquado” de manter um backup com arquivos pessoais em um HD externo ou na nuvem, já que essas formas de armazenamento devem ficar no passado, assim como aconteceu com os disquetes, segundo aposta a startup francesa Biomemory. Por trás do negócio, está a ideia de popularizar o armazenamento de dados baseado no DNA, por preços a partir de mil euros — o que equivale a pouco mais de cinco mil reais.

Nesta semana, a startup anunciou que, em breve, começará a vender "cartões" de biomemória, do tamanho de uma carteira, que podem preservar um kilobyte de dados em formato de texto, usando o DNA como forma de armazenamento. Para entender, é o equivalente a proteger o conteúdo de um e-mail curto (e ultrassecreto).

Embora a startup esteja prestes a iniciar as vendas desse tipo de serviço, o conceito de armazenar dados através de DNA sintético é anterior. A Microsoft já realizou uma demonstração de como transformar dados em DNA, armazená-los e interpretá-los, de forma totalmente automatizada, em 2019. O processo foi descrito em um artigo na revista Scientific Reports.

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A seguir, veja o laboratório criado para tal empreitada da Microsoft:

Armazenamento de dados

Vamos demonstrar que nosso serviço de transformar dados em DNA está pronto para ser testado pelo mundo, afirma Erfane Arwani, CEO da Biomemory, para o site Wired sobre o objetivo de fornecer este serviço ainda pouco útil — isso considerando que a capacidade de armazenamento oferecida é bem pequena.

Dessa forma, Arwani prefere encarar o serviço como um grande experimento, em fase de aperfeiçoamento. Afinal, o armazenamento de dados sempre foi baseado em sistemas eletrônicos. “Isso é bom, porque é muito rápido. Você pode acessar seus dados em nanossegundos. No entanto, os eletrônicos são muito frágeis e difíceis de preservar”, acrescenta.

Por sua vez, a biomemória tem inúmeras vantagens. Por exemplo, a vida útil mínima de um desses arquivos é estimada em 150 anos — dificilmente, um HD externo duraria tanto tempo. Além disso, esta é uma forma de armazenamento de dados offline, o que cria “uma fortaleza impenetrável para seus dados” e “uma das soluções de armazenamento de dados mais seguras disponíveis”, segundo a startup.

Transformando dados em DNA

Para entender como funciona o processo de transformar dados em DNA, antes de tudo, é preciso reforçar que esses arquivos não serão inseridos no código genético de nenhuma pessoa ou mesmo de um animal. Todo o processo envolve apenas DNA sintético, criado em laboratório.

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Dito isso, o arquivo em texto, com os seus códigos binários (0 e 1), é reescrito a partir dos quatro tipos de bases nitrogenadas que compõem o DNA — adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T).

Veja um exemplo do que acontece com um texto, na plataforma de testes disponibilizada pela própria empresa:

Em seguida, toda a fórmula é sintetizada em um novo DNA e, posteriormente, esse material genético é desidratado, o que aumenta o tempo de vida útil. Por fim, é preservado em uma espécie de “chip” fixado no cartão vendido pela Biomemory.

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Por enquanto, cada cliente receberá dois cartões. Isso porque o conteúdo contido no DNA só pode ser lido uma única vez. Então, a ideia é que um dos cartões seja usado para garantir que o texto foi transcrito de forma precisa, enquanto o outro deve ser preservado para a posteridade. No futuro, a startup quer preservar documentos ainda maiores, o que pode revolucionar a forma como dados são armazenados.

Fonte: Biomemory, Scientific Reports e Wired