Papel feito de pólen pode ser apagado e reaproveitado por várias vezes
Por Gustavo Minari | Editado por Douglas Ciriaco | 13 de Abril de 2022 às 13h40
Pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), em Cingapura, desenvolveram um novo tipo de papel feito à base de pólen que, depois de impresso, pode ser "apagado" e reutilizado por várias vezes sem ser danificado pelo processo de impressão.
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Segundo os cientistas, imagens coloridas podem ser impressas nesse papel não alergênico com uma impressora a laser convencional. Utilizando uma solução alcalina, eles também conseguiram remover a tinta completamente por até oito vezes, antes que a folha começasse a apresentar sinais de degradação.
“Este papel feito de pólen já sai pronto para impressão, podendo se tornar uma alternativa ecológica ao papel convencional, fabricado por meio de um processo que envolve várias etapas e com um impacto ambiental negativo muito grande”, explica o professor de engenharia química Subra Suresh, autor principal do estudo.
Papel de pólen
Ao contrário das fibras de celulose encontradas na madeira — usadas na fabricação do papel convencional — os grãos de pólen são gerados regularmente e em grande quantidade por meio do processo natural de reprodução das plantas. Por causa dessa característica, a produção de folhas de pólen consome muito menos energia em comparação com o sistema tradicional de fabricação de papel.
Usando hidróxido de potássio, os cientistas removem os componentes celulares encapsulados em grãos de pólen de girassol, transformando-os em partículas de um microgel macio. Com água deionizada, ele retiram as partículas indesejadas e transferem o material para um molde de 22 cm x 22 cm para secagem, obtendo uma folha de papel com 0,03 mm de espessura.
“Pesquisas anteriores mostraram que o papel de pólen pode dobrar e enrolar em resposta à umidade do ar. Para estabilizar o nosso papel e torná-lo insensível à umidade, decidimos imergir o material em ácido acético — um componente ativo do vinagre — e os resultados foram excelentes”, acrescenta o professor de engenharia de materiais Cho Nam-Joon., coautor do estudo.
Reaproveitável
Para demonstrar a capacidade de impressão do papel de pólen, os cientistas imprimiram uma réplica do quadro Girassóis, de Vincent Van Gogh. Ao usar uma impressora a laser, eles descobriram que nenhuma partícula de pólen se desprendia da superfície, mesmo após utilizar uma fita adesiva para tentar removê-la.
Além da alta resolução e da clareza da imagem impressa, os pesquisadores notaram que a imersão do material na água não danificava nem amolecia o papel de pólen. Outra vantagem é que, ao mergulhar o papel em uma solução alcalina, é possível remover toda a tinta utilizada na impressão, deixando-o pronto para ser usado novamente.
“Com a produção em escala industrial, poderíamos integrar materiais condutores com o papel de pólen e, teoricamente, usá-los na fabricação de equipamentos de eletrônica leve, geradores e sensores verdes. Esta é uma nova abordagem para a reciclagem, não apenas produzindo papel de forma sustentável, mas também prolongando sua vida útil”, encerra o professor Subra Suresh.