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Neurologista quer controlar aparelhos eletrônicos com a força do pensamento

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Reprodução/Synchron
Reprodução/Synchron

E se você pudesse controlar dispositivos digitais usando apenas o poder do pensamento? Essa é a promessa por trás do Stentrode, uma interface cérebro-computador implantável que coleta e transmite informações sem fio diretamente do cérebro.

A ideia é do neurologista australiano Thomas Oxley, que está recrutando voluntários para participarem dos testes dessa nova tecnologia em humanos. O dispositivo pode ajudar pessoas com esclerose lateral amiotrófica (ELA) e outros tipos de paralisia a controlarem um computador usando a mente.

“Ao contrário da maioria das outras interfaces cérebro-computador em uso ou em desenvolvimento — incluindo o sistema Neuralink de Elon Musk, que ainda não foi testado em humanos — o Stentrode não requer cirurgia cerebral invasiva para sua implantação”, explicou Oxley em uma entrevista ao site Inverse.

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Sem cirurgia

Todo o procedimento de implantação do dispositivo leva cerca de duas horas e os pacientes são liberados no mesmo dia, sem a necessidade de passar uma ou mais noites internados em um hospital, como ocorre em outras cirurgias de grande porte envolvendo o cérebro.

O resultado é um computador dentro do córtex motor do cérebro que detecta e transmite sem fio a atividade cerebral para controlar um dispositivo pessoal como um telefone celular, dando ao usuário a capacidade de digitar uma mensagem, ou enviar um e-mail, por exemplo.

“O Stentrode é, essencialmente, um stent colocado na base do córtex motor. Atualmente, ele não é tão poderoso quanto um dispositivo inserido cirurgicamente no cérebro, mas é minimamente invasivo, eficiente e funciona de forma convincente para melhorar a qualidade de vida de pessoas paralisadas”, acrescenta Oxley.

Na prática

Assim que atinge o córtex motor, o Stentrode se abre formando um andaime ao redor da parede interna do vaso sanguíneo. Um fio é inserido em um dispositivo que fica logo abaixo da pele no peito da pessoa, para que o aparelho possa coletar os sinais do córtex e enviá-los para um decodificador que usa um algoritmo de aprendizado de máquina para convertê-los em comandos.

No começo deste ano, a empresa publicou os resultados dos primeiros testes realizados em Melbourne, na Austrália, envolvendo quatro pessoas com paralisia dos membros superiores. O Stentrode permitiu que elas enviassem mensagens de texto, navegassem na Internet e se comunicassem usando apenas seus pensamentos.

Quando perguntado sobre o futuro das interfaces cérebro-computador, Oxley diz que é difícil prever, porque o modo como interagimos com a tecnologia está mudando rapidamente. No entanto, ele afirma ter certeza de que essa tecnologia ajudará pessoas com paralisia grave no futuro.

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“Vai começar inicialmente no córtex motor, porém, as coisas que aprendemos ao interagir com as células cerebrais nessa região serão as mesmas para o controle de outros domínios de função no cérebro. Então, assim que tivermos um produto que pode interagir com o córtex motor, vamos pensar em outras regiões do cérebro”, prevê Oxley.

Fonte: Inverse