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Empresa suspende assistência e pacientes com olhos biônicos podem ficar cegos

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 18 de Fevereiro de 2022 às 12h30

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Reprodução/Spectrum
Reprodução/Spectrum

Pacientes que usam olhos biônicos estão ficando cegos novamente por falta de suporte do fabricante. Segundo uma reportagem feita pelo site IEEE Spectrum, a empresa estadunidense Second Sight Medical Products parou de dar assistência técnicas às próteses por considerá-las obsoletas.

A Second Sight fabrica olhos eletrônicos avançados que restauram a visão parcial de pacientes cegos em diversos níveis. Atualmente, mais de 350 pessoas já se beneficiaram com os implantes oculares desenvolvidos pela empresa com sede na cidade de Los Angeles.

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Depois que a fabricante descontinuou seu implante de retina em 2019 — por considerá-lo uma tecnologia ultrapassada — e quase falir em 2020, uma oferta pública em junho de 2021 levantou US$ 57,5 ​​milhões. Na época, a empresa prometeu se concentrar no desenvolvimento de um novo implante cerebral capaz de gerar visão artificial.

Os resultados, porém, ficaram abaixo do esperado e, em fevereiro de 2022, a Second Sight anunciou uma proposta de fusão com uma empresa biofarmacêutica chamada Nano Precision Medical (NPM) — que trabalha na criação de um implante para aplicação de medicamentos —, o que pode enterrar de vez o projeto dos olhos biônicos.

Argus II

O sistema Argus II é mais que um dispositivo implantado cirurgicamente no cérebro, já que o paciente também precisa usar óculos especiais equipados com uma pequena câmera que envia o vídeo por um fio para uma unidade de processamento, normalmente presa ao cinto do usuário.

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Essa central reduz as imagens para padrões de 60 pixels em preto e branco e as envia de volta para um transponder nos óculos, que as transmite sem fio para uma antena na parte externa do olho. A partir daí, o sinal vai para a matriz de 60 eletrodos ligada à retina do paciente.

Essencialmente, os eletrodos substituem as células fotorreceptoras de um olho saudável que respondem à luz e enviam informações do nervo óptico para o cérebro. Ao usar o sistema, os pacientes passam a enxergar tons de cinza que aparecem e desaparecem à medida que eles movem a cabeça.

Embora o Argus II fosse tecnicamente impressionante, a empresa enfrentou dificuldades financeiras. Ela estava vendendo o equipamento por US$ 150 mil (quase R$ 780 mil na cotação atual) nos Estados Unidos — cerca de cinco vezes mais caro do que outros dispositivos de neuromodulação com o mesmo propósito.

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Pacientes prejudicados

Ross Doerr recebeu o implante óptico em um dos olhos em 2019. Segundo ele, no ano seguinte, a empresa demitiu seu terapeuta de reabilitação visual e toda a equipe responsável pelas atualizações e manutenção dos aparelhos que, desde então, estão sem qualquer assistência.

Assim como Doerr, outros pacientes estão tendo que lidar com uma tecnologia obsoleta que não pode ser reparada, mesmo estando integrada em seus corpos e sendo essencial para garantir uma qualidade de vida melhor. Isso significa que, caso haja algum problema técnico, essas pessoas ficarão totalmente cegas e sem uma solução a curto prazo.

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“Desde que nada dê errado, estou bem”, disse Terry Byland, que também usa os implantes oculares da Second Sight, mas nos dois olhos. “O problema é se algo der errado com o funcionamento das próteses daqui para frente, porque, aparentemente, não há como consertá-las.”

Fonte: IEEE Spectrum