Em breve, a moda será usar peças de roupas para recarregar o celular
Por Gustavo Minari | Editado por Douglas Ciriaco | 03 de Setembro de 2021 às 13h02
Imagine como seria se sua camiseta pudesse carregar a bateria do seu celular. Essa tecnologia já existe e foi criada por pesquisadores da Universidade Fudan, na China. E o mais legal é que, assim como qualquer outra peça de tecido comum, a roupa recarregável pode ser dobrada e lavada normalmente.
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Um pedaço com um metro de comprimento do material conhecido como Fibre Lithium Ion Battery (FLIB) possui uma densidade energética constante de 85,69 Wh/kg, o suficiente para alimentar dispositivos como monitores de frequência cardíaca ou oxímetros por mais de dois dias de uso contínuo.
“A fibra têxtil também é segura. Baterias comuns podem queimar ou explodir ao sofrerem danos externos. Em nossos experimentos, as baterias de tecido permaneceram estáveis mesmo após serem atropeladas por carros ou espetadas por uma faca”, afirma o professor de engenharia Jiqing He, autor principal do estudo.
Confortável e barata
Nos testes realizados em laboratório, os pesquisadores também monitoraram as mudanças de temperatura das roupas durante os ciclos de carga e descarga. Mesmo depois de 40 minutos, o dispositivo não apresentou variação significativa de calor, garantindo um conforto térmico para o usuário.
Os cientistas também descobriram que as fibras mais longas não têm uma resistência interna maior, o que poderia afetar o seu desempenho eletroquímico. Eles perceberam que essa resistência interna primeiro diminui com o aumento do comprimento e depois tende a se nivelar.
Os eletrodos positivos e negativos foram enrolados juntos para criar baterias de fibra de lítio com comprimentos entre 10 cm e 1 m. Em todas as variantes, as propriedades eletroquímicas foram mantidas. Essa característica permite a fabricação de fibras mais extensas, com um custo por metro de aproximadamente US$ 0,05 (cerca de R$ 0,30 em conversão direta).
Como funciona
A extremidade positiva das baterias de tecido possui um fio de alumínio revestido de lítio cobalto. Já a ponta negativa apresenta um fio de cobre coberto com grafite envolto em uma película para evitar curto-circuitos. Para garantir um desempenho eletroquímico uniforme no cátodo e no ânodo, os pesquisadores aplicaram lítio cobalto e grafite nos coletores de alumínio e cobre.
Após a secagem, o eletrodo negativo é envolto em um separador entrelaçado com o eletrodo positivo, utilizando um tubo feito de polipropileno em uma fita plástica de alumínio. Isso garante uma baixa transmissão de vapor de água, deixando o dispositivo menos suscetível a danos externos causados por líquidos.
“A julgar pelo atual nível de desempenho e engenharia das baterias de fibra de íon de lítio, espera-se que a produção e aplicação em larga escala seja alcançada em três ou cinco anos. Também é possível que isso seja alcançado antes se os recursos forem mais concentrados e utilizados de maneira mais eficiente”, encerra Huisheng Peng, coautor do estudo.
Fonte: Ithome