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Cientistas usam restos alimentares para criar cimento "comestível"

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 06 de Junho de 2022 às 18h00

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Reprodução/Tokyo University
Reprodução/Tokyo University

Pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, desenvolveram uma nova técnica que permite transformar resíduos alimentares em um tipo de “cimento” potencialmente comestível, que pode ser usado na construção civil para substituir o cimento comum.

Segundo os cientistas, além de ser o primeiro cimento do mundo produzido totalmente a partir de resíduos de alimentos, o material é quatro vezes mais resistente à tração e à flexão do que o concreto convencional, composto por cimento, areia, pedra e água.

“Esse cimento produzido à base de restos de comida pode aliviar os problemas relacionados ao desperdício de alimentos que emitem metano enquanto apodrecem em lixões e aterros sanitários, contribuindo para o aumento do efeito estufa”, explica o professor de ciência industrial Yuya Sakai, coautor do estudo.

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Ingredientes na lixeira

O processo de fabricação do cimento que possui três etapas de secagem, pulverização e compressão foi feito com a utilização de misturadores e compressores comuns, disponíveis em qualquer loja de departamentos.

Testes anteriores usando resíduos alimentares exigiam a adição de plástico à mistura para que os materiais grudassem. Após várias tentativas, eles perceberam que era possível contornar esse problema ajustando a temperatura e a pressão utilizadas na fabricação do cimento.

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“Ao adequar o sistema de produção, conseguimos desenvolver com sucesso um concreto feito à base de folhas de chá, cascas de laranja, cebola, repolho e borra de café. Resíduos facilmente descartados em qualquer lixeira de uso doméstico”, acrescenta o professor Sakai.

Casa comestível

Por mais inusitado que isso possa parecer, o cimento feito de resíduos alimentares pode ser comido. Ao ajustar os sabores utilizando diferentes especiarias, os pesquisadores descobriram que as cores, o cheiro e o gosto do concreto podem ser bastante atraentes, bastando apenas quebrá-lo e fervê-lo antes de comer.

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Para evitar que pragas e roedores tenham uma ideia parecida, os cientistas dizem que esse cimento pode ser impermeabilizado ou revestido com laca e outras substâncias químicas que, além de proteger o concreto, podem aumentar consideravelmente sua vida útil.

“Mais do que solucionar o problema do desperdício mundial de alimentos, essa tecnologia pode ser usada na construção de moradias provisórias para refugiados ou em desastres naturais em regiões de difícil acesso, em que o mobiliário feito com esse cimento poderia servir como alimento em situações de emergência”, prevê o professor Yuya Sakai.