Nvidia revela nova família de GPUs GeForce RTX 2000; veja as novidades
Por Jessica Pinheiro |
A Gamescom tem início oficialmente nesta terça-feira (21), mas a Nvidia fez questão de já chutar o pau da barraca nesta segunda-feira (20) com uma apresentação dedicada às novas placas de vídeo GeForce RTX 2070, 2080 e 2080 Ti.
Quem conduziu o show foi o CEO da empresa, Jensen Huang, começando com uma intensa retrospectiva dos gráficos 3D nos videogames, passando por um detalhado discurso técnico sobre como funciona a iluminação virtual e finalmente chegando à apresentação real oficial das novas placas.
Gráficos Reinventados
O RTX do nome é uma alusão ao termo ray-tracing. Basicamente, esse recurso permite simular uma iluminação, deixando-a o mais próximo possível do mundo real em jogos e animações. O mote “gráficos reinventados” que Huang tanto repetiu ao longo da apresentação, portanto, se aplica com louvor aqui, não apenas pelo salto de processamento na imagem, mas em especial porque o ray-tracing realmente tem capacidade para inovar toda a indústria.
Simplificando ainda mais, o ray-tracing seria um traçado de raio que triangula a sombra, a luz, o reflexo e outras características de objetos em cena, cruzando essas informações para trazer algo bem próximo do que nossos olhos enxergam na vida real.
Na prática, isso significa que você vai visualizar vidros que realmente parecem vidros, carros que realmente parecem carros, água que realmente parece água, e assim por diante. “Coisas que parecem com coisas”, brincou Huang na apresentação.
E, embora pareça um feito fácil, o CEO da Nvidia fez questão de deixar claro que não é, dando um show de termos técnicos durante a revelação e mostrando que o ray-tracing é um marco no avanço tecnológico, já que esse nível de reprodução tão fiel e em tempo real de gráficos é muito difícil de alcançar devido aos atuais requisitos computacionais.
A mágica de Turing
Então como a Nvidia fez para conseguir alcançar esse nível impressionante de fidelidade nos gráficos? A resposta é simples: com a Turing. Essa arquitetura sustenta o ray-tracing e entrega efeitos e iluminação realistas em tempo real.
A Turing está sendo considerada o maior salto de geração em GPUs de jogos, oferecendo 6x mais desempenho em gráficos híbridos do que a Pascal; além de ser capaz de reproduzir as tecnologias atuais como o 4K HDR a 60 quadros por segundo.
Isso por que os núcleos dedicados ao ray-tracing trabalham em conjunto com os Turing Tensor Cores (ou Núcleos Tensores de Turing, em tradução livre), que por sua vez usam rede neural de inteligência artificial para continuar a reprodução em tempo real.
Esses núcleos tensores das GeForce RTX, inclusive, também possuem suporte à Deep Learning Super-Sampling (DLSS), uma tecnologia que usa aprendizado profundo de máquina para processar técnicas de renderização, o que resulta em bordas nítidas e suaves na renderização de objetos e superfícies em jogos.
“A Turing inicia uma nova era de ouro dos jogos, com um realismo apenas possível por causa do ray-tracing que a maioria das pessoas acha que ainda estamos a uma década [de alcançar]. A inovadora tecnologia é um modelo híbrido de renderização que impulsiona a computação gráfica de hoje com a adição da aceleração de traçado de raios ultrarrápida e inteligência artificial. O RTX vai definir uma nova imagem para a computação gráfica. Depois de ver um jogo com RTX, você não vai querer voltar atrás”, explicou o executivo no palco da Gamescon.
Para efeito de comparação, um supercomputador com Turing para produção profissional custa em média US$ 10 mil e, talvez, o maior feito da Nvidia aqui seja utilizar a tecnologia de ray-tracing em GPUs voltadas para os consumidores, algo até então inédito na indústria.
Presente e futuro
Ao longo da apresentação foram mostradas algumas demonstrações de como seria aplicado o ray-tracing na prática. Para isso, Huang mostrou algumas imagens sem o RTX e em seguida com a tecnologia aplicada.
Atualmente, grande parte da indústria apenas simula iluminação. Pense como se fosse um programa de edição de imagens: os objetos são criados e alocados em um cenário, e então os efeitos de iluminação são sobrepostos. As camadas são priorizadas sempre de trás para frente.
Com esse método, para mostrar um espelho refletindo perfeitamente, seria difícil reproduzir uma imagem em tempo real porque a técnica atual, chamada de rasterização, não consegue triangular e modelar a própria luz. Porém, esse é método que mais se utiliza atualmente, pois ele permite recriar um cenário parecido com a realidade nos hardwares que temos hoje.
Já o ray-tracing consegue modelar e detalhar a luz, traçando a iluminação e sombreamento e modelando seus comportamentos quando eles estão sendo refletidos em superfícies, materiais e objetos em movimento. Além disso, o recurso mantém a qualidade, processando a transição de acordo com o ângulo e a movimentação da câmera, tudo em tempo real.
Apesar de parecer coisa nova, porém, vale ressaltar que o ray-tracing já existe há alguns anos. A tecnologia foi usada até então apenas em filmes e projetos de empresas. As principais usuárias de que se sabe são a Adobe, Autodesk e a Pixar. Agora, contudo, este recurso estará disponível para que os consumidores a utilizem em seus próprios hardwares.
Modelos e especificações
Os gráficos híbridos da Nvidia que utilizam ray-tracing e inteligência artificial com 6x mais desempenho estarão disponíveis a partir de setembro. As pré-vendas lá iniciaram nos Estados Unidos, então os modelos já podem ser encomendados no site oficial da empresa.
A família RTX 2000 traz, portanto, as seguintes novidades:
- Novos RT Cores que permitem ray-tracing em tempo real de objetos e ambientes com sombras da maneira mais precisa possível, com reflexos, refrações e iluminação global;
- Núcleos Tensores de Turing para realizar um processamento de rede neural profunda extremamente rápida;
- A nova estrutura de gráficos neurais NGX que integra a inteligência artificial ao sistema geral de gráficos e permite que os algoritmos da IA aprimorem a visualização de gráficos realistas;
- A nova arquitetura de sombreamentos Variable Rate Shading (ou Sombreamento de Taxa Variável) permite que o efeito de sombreamento concentre seu poder de processamento em áreas mais detalhadas e aumentando seu desempenho;
- Novo sistema de memória com GDDR6 ultrarrápido, com mais de 600 GB/s de memória para jogos de alta velocidade e alta resolução;
- NVIDIA NVLink, uma interconexão de alta velocidade que oferece maior banda (até 100 GB/s) e melhor escalabilidade para configurações de várias GPUs (SLI);
- Suporte a entrada USB-C e VirtualLink, um novo e aberto padrão da indústria que está sendo desenvolvido para atender às demandas de potência, exibição e banda larga dos headsets de realidade virtual da próxima geração através de um único conector USB-C;
- Novas e aprimoradas tecnologias para melhorar o desempenho de aplicativos de realidade virtual, incluindo sombreamento de taxa variável, renderização de múltiplas visualizações e áudio VRWorks.
Na apresentação da Nvidia na Gamescom 2018, inclusive, foram demonstrados alguns títulos com as novas placas, como é o caso de Metro Exodus, Battlefield V e Shadow of the Tomb Raider. Porém, Huang confirmou que muitos outros games terão suporte ao ray-tracing — pelo menos mais oito títulos.
Enquanto isso, outros games que já saíram, ou que estão para serem lançados, terão suporte à tecnologia DLSS. Dentre os títulos listados pela empresa estão Final Fantasy XV, Hitman 2, PlayerUnknown’s Battlegrounds e mais alguns outros. A lista, por sinal, deve aumentar com o tempo, segundo o CEO da Nvidia.
As novas GPUs de jogo estão disponíveis nos seguintes modelos e especificações:
Especificações | GeForce RTX 2080 Ti Founders | GeForce RTX 2080 Ti | GeForce RTX 2080 Founders | GeForce RTX 2080 | GeForce RTX 2070 Founders | GeForce RTX 2070 |
Núcleos CUDA | 4352 | 4352 | 2944 | 2944 | 2304 | 2304 |
Clock Base e Potência | De 1350 a 1635 MHz (CO) | De 1350 a 1545 MHz | De 1515 a 1800 MHz (CO) | De 1710 a 1515 MHz | De 1410 a 1710 MHz (CO) | De 1410 a 1620 MHz |
Memória | 11 GB GDDR6 | 11 GB GDDR6 | 8 GB GDDR6 | 8 GB GDDR6 | 8 GB GDDR6 | 8 GB GDDR6 |
Energia | 260W | 250W | 225W | 215W | 175W | 185W |
Preço | US$ 1.199 | A partir de US$ 999 | US$ 799 | A partir de US$ 699 | US$ 599 | A partir de US$ 499 |
Todos têm suporte a USB-C e Virtual Link e resolução máxima de até 7680 x 4320 pixels. Por aqui, as placas serão comercializadas pela Kabum, Pichau e Terabyte. Os preços e datas de chegada das GeForce RTX 2000 em território nacional, no entanto, serão divulgados em breve, segundo o representante da Nvidia no Brasil.
Fonte: Nvidia