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Roteador mesh Multilaser Cosmo distribui bem internet, mas não dá conta da rede

Por| 28 de Fevereiro de 2019 às 18h52

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira
Tudo sobre Multi

Aos poucos os roteadores com tecnologia mesh vão chegando ao mercado e despertando a curiosidade do consumidor. Com a promessa de ampliar a qualidade do sinal Wi-Fi em todos os cantos da casa utilizando mais de um aparelho, a tecnologia só vem esbarrando no preço dos equipamentos, que muitas vezes passam da faixa dos R$ 1.000.

Nadando contra a maré, a Multilaser lançou recentemente o Cosmo, seu mais novo roteador com tecnologia mesh que tem custo interessante se comparado com outras soluções: a caixa com dois aparelhos sai por a partir de R$ 489 e promete cobertura de qualidade de até 200 metros quadrados.

Mas como exatamente funciona essa tal tecnologia mesh? E o roteador da Multilaser realmente entrega o que promete? Passei o último mês testando o Cosmo para contar tudo para você nesta análise.

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Roteador ou repetidor?

Muita gente pode confundir a proposta dos roteadores mesh com a dos repetidores e achar que uma coisa é igual a outra. Na verdade, o funcionamento desses dois equipamentos é bem diferente e vale a pena explicar para evitar confusão.

Geralmente, utilizamos um repetidor para ampliar o alcance do sinal da rede Wi-Fi, isso, entretanto, não significa que ele é capaz de manter a qualidade da conexão. Isso ocorre porque o sinal do roteador já chega com a qualidade comprometida ao repetidor e ele só irá "empurrá-lo" para frente, ampliando, sim, seu alcance, mas também estendendo a deterioração da qualidade do sinal — quanto mais longe da origem, pior a velocidade, mais perdas de dados e assim por diante.

Fora isso, os repetidores trabalham com um único sinal, fazendo todo um processo para repassar os dados para o roteador/modem original. Por isso, naturalmente ocorre perda de desempenho e velocidade nesse tipo de equipamento, com muita gente reclamando de lentidão ou que ele "não presta para nada". Ah, e não dá para esquecer do inconveniente de ter de mudar de rede para usar o sinal do repetidor, não é mesmo?

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Nos roteadores com tecnologia mesh todos esses problemas são solucionados de uma forma bem inteligente. Isso porque equipamentos como o Cosmo AC1200 da Multilaser funcionam de forma modular, e o usuário pode acrescentar quantos roteadores quiser à rede para ampliar seu sinal sem perder qualidade.

Isso acontece porque roteadores mesh utilizam dois sinais distintos para funcionar: o primeiro deles é interno e serve para os aparelhos conversarem entre si numa espécie de "malha" (daí o nome da tecnologia) sem que o usuário perceba isso. O outro sinal é o de Wi-Fi, único e que todo mundo pode se conectar para acessar a rede e/ou a internet. Essa dupla, então, trabalha da seguinte forma: os dados são recebidos pelo roteador pelo Wi-Fi e são encaminhados aos próximos roteadores pelo sinal interno até que eles cheguem ao equipamento mais próximo do destino — podendo ser um computador, dispositivo móvel, videogame ou modem.

E lembra do inconveniente do repetidor? Isso não existe nos roteadores mesh, já que o sinal Wi-Fi é um só em toda a casa e os dispositivos alternam a conexão para o aparelho mais próximo de forma transparente, sem que você tenha de se preocupar com isso. Bacana, não é?

Visual e primeiras impressões

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Depois dessa rápida explicação da tecnologia, vamos dar uma olhada no Cosmo AC1200. A primeira coisa que chama a atenção no aparelho é sua caixa: uma etiquetona azul traz a promessa da Multilaser de cobrir até 200 metros quadrados. Mais embaixo, a empresa deixa claro que oferece cinco anos de garantia para o equipamento.

Ao abrir a caixa, descobrimos não um, mas dois roteadores. Brancos, eles têm uma aparência muito discreta e minimalista. Não há qualquer antena externa nem qualquer detalhe mais extravagante, o que acaba contribuindo para os dois pequenos cubos se integrarem perfeitamente a qualquer ambiente da sua casa.

O cuidado para não fazer o Cosmo parecer um equipamento de informática é tamanho que na frente não há nada além de um pequeno indicador LED e a marca "Multilaser". As laterais não têm qualquer detalhe, enquanto a parte superior vem com uma textura bem bacana e decorativa. A parte traseira reserva espaço para a entrada da fonte de energia, um botão reset, uma porta LAN e outra híbrida WAN/LAN.

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Além do visual, também chama atenção o fato de os roteadores serem extremamente leves, o que fez eu me perguntar se havia mesmo alguma coisa ali debaixo daquela carcaça — mas há sim, e ele funciona direitinho. Também me deixou encucado a semelhança dele com o Tenda Nova MW3 — isso para não dizer que eles são iguais. Mas falaremos sobre isso mais adiante...

Após uma rápida inspeção, só senti falta de pelo menos dois pézinhos de borracha na parte inferior para ajudar a fixar o Cosmo nas superfícies — qualquer toque ou puxão de cabo, ele desliza com facilidade e pode acabar caindo no chão.

Instalação

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Confesso que quando abri a caixa e me deparei com dois roteadores, pensei que a configuração iria ser um pouco mais difícil que o normal. O manual que vem na caixa, e que mais parece um panfleto, também não ajudou muito por ser simplista demais. Mas isso tem um motivo: instalar e configurar o Cosmo AC1200 é muito, mas muito fácil.

Tudo o que foi preciso fazer foi ligar um dos aparelhos na tomada, conectá-lo ao modem usando um cabo de rede e a porta WAN, baixar o aplicativo Cosmo Wi-Fi para Android e se conectar à rede recém-criada (as informações de login vêm embaixo do roteador).

Depois disso, o app detecta o tipo de conexão automaticamente, embora você tenha a opção de configurá-la manualmente já a partir daqui. Na sequência, o app pergunta se você quer usar o Cosmo como um roteador mesmo ou no modo bridge, com ele atuando como um access point — só lembre que, ao escolher essa opção, você precisa ter outro roteador atuando como servidor DHCP para controlar o acesso à internet.

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Seguindo adiante, você pode definir o nome da sua nova rede e a senha para acessá-la. Pronto, está tudo pronto para ser usado. "E o segundo roteador?", você deve estar perguntando. Bem, basta ligá-lo a pelo menos 10 metros de distância do principal e ele se conecta e começa a funcionar automaticamente, sem firulas. E assim você pode ir adicionando mais roteadores Cosmo até cobrir toda a sua casa ou seja lá onde você está configurando ele.

Outra coisa legal é que o Cosmo não cria uma, mas duas redes: uma de 2,4 GHz e outra de 5 GHz. Ambas são transparentes ao usuário e ele não tem de se preocupar com isso. Em outras palavras, se o seu dispositivo for compatível com as duas frequências, ele alternará entre elas automaticamente — assim como faz com um roteador e outro.

Mas nem tudo são flores, não é? Um dos maiores pecados do Cosmo é não possuir uma interface web de configuração, ficando limitado apenas ao app móvel. Em outras palavras, se o seu smartphone ou tablet algum dia morrer, você não poderá acessar as configurações do seu roteador até conseguir um novo gadget.

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Falando em app, não sei se você percebeu até aqui que só mencionei um app para Android, percebeu? Então... Estranhamente, o manual do roteador indica que o app Cosmo Wi-Fi está disponível para iOS, o que não é verdade. Em contato com o suporte técnico da marca, fui informado que o manual está errado e que por enquanto não há planos de lançar um app para iPhone nem iPad. O suporte também não soube me orientar sobre como proceder caso o usuário só tenha dispositivos iOS em casa.

Mas lembra que mencionei que o Cosmo é extremamente parecido com o Nova MW3 — para não dizer que são iguais? É porque eles são o mesmo produto.

Ao realizar o cadastro para gerenciar o roteador remotamente, recebi um e-mail da Multilaser enviado pelo endereço cloud@tenda.com.cn. Ligando um ponto ao outro, busquei pelo Tenda WiFi na App Store e consegui configurar o Cosmo a partir dele sem qualquer problema.

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Resumindo: no fim das contas, o Cosmo nada mais é que um produto white label fabricado pela Tenda para a Multilaser — ou vice-versa, quem sabe? Honestamente, isso não surpreende tanto assim, já que a empresa brasileira já é bastante conhecida por essa prática.

Funcionalidades

A simplicidade da configuração também se aplica às funcionalidades do Cosmo. Como você deve imaginar, ele é um roteador básico e não traz nada de muito avançado. Mesmo assim, ainda há uma coisinha e outra que merece destaque.

É o caso, por exemplo, da possibilidade de criar uma rede para convidados, extremamente útil se você for receber visitas em casa ou organizar uma festa e não quiser dar a senha da sua rede privada para ninguém. Outra coisa bacana é que dá para definir essa rede para convidados como algo fixo ou que ficará ativa apenas por quatro ou oito horas.

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Não sabe quais dos seus dispositivos suportam a rede de 5 GHz? Não tem problema, o Assistente Inteligente te ajuda com isso. Ativando ele, o roteador mantém apenas a rede de 2,4 GHz ativada por meia hora e identifica quais aparelhos funcionam apenas nessa frequência.

Para garantir desconexões e perdas de sinal, existe a funcionalidade de Roaming Rápido. Com ela ativada, os roteadores alternam a conexão dos aparelhos conectados à rede para a unidade mais próximo e com melhor sinal com mais rapidez, de maneira a evitar aquela sensação de que a "internet está lenta".

Se você quiser impedir que o Cosmo sofra com travamentos depois de passar dias e mais dias ligados ininterruptamente, ele tem um recurso que agenda reinicializações automáticas para manter o equipamento sempre rodando lisinho. É só definir os dias e horários e pronto.

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O já mencionado controle remoto é outra característica que vale a pena ser mencionada, permitindo controlar e ajustar as configurações do Cosmo a distância através da nuvem da Multilaser. Para ativar a funcionalidade, é só fazer um cadastro rápido para login no aplicativo.

Caso haja crianças em casa e você queira controlar quanto tempo elas passam online, o Cosmo também vem com controle parental. O problema é que ele é mal implementado e se restringe apenas a quanto tempo o dispositivo pode permanecer conectado. Não há filtro de palavras, nem listas de sites permitidos e/ou bloqueados, algo comum na maioria dos roteadores disponíveis hoje em dia no varejo.

Fora isso, todo os demais recursos são padrão e vêm em qualquer outro roteador, até mesmo alguns mais antigos. É o caso por exemplo, do encaminhamento de portas, QoS para gerenciamento de banda e troca de DNS. É o feijão com arroz do bandejão.

Sinal e velocidade

Apesar da falta de recursos avançados, o Cosmo se destaca quando colocamos ele para funcionar. Em mãos, temos um roteador mesh com Wi-Fi 802.11ac capaz de atingir até 1.200 Mb/s, sendo 867 Mb/s na frequência de 5 GHz e 300 Mb/s na de 2,4 GHz. A falta de uma antena externa pode deixar algumas pessoas ressabiadas quanto ao alcance do sinal do equipamento, mas a verdade é que ele se sai muito bem mesmo que você utilize apenas uma das unidades.

Sobre a segunda unidade, é interessante planejar onde você irá colocá-la em sua casa e testar se o posicionamento atende as suas necessidades. Aqui em casa, liguei o roteador principal ao modem da operadora de internet com cabo de rede e o coloquei ao lado do meu roteador padrão, um TP-LINK Archer C60, no escritório — dessa forma, pude testar e comparar o desempenho dos dois. A outra unidade foi instalada na cozinha, que fica próxima à sala de estar, onde estão a Smart TV e o Xbox One X. Essa escolha acabou deixando dois quartos mais distantes dos roteadores, algo proposital justamente para verificar a intensidade do sinal oferecido pelo Cosmo.

Os testes, então, foram conduzidos de duas formas diferentes: no primeiro deles, testei a velocidade de conexão com a internet medindo as taxas de download e upload de ambos os modelos de roteador e em cada um dos principais cômodos da casa. No segundo deles, testei a velocidade da rede transferindo um arquivo de 150 MB de um notebook para outro usando tanto o Cosmo como o Archer C60 em cada um dos principais cômodos da casa.

O resultado pode ser visto na imagem abaixo:

É interessante perceber como o Cosmo consegue manter as taxas de download e upload muito próximas da velocidade contratada que tenho em casa (50 Mb/s) e iguais tanto no escritório, quanto na sala de estar e cozinha graças justamente à presença da segunda unidade do roteador, que cobre bem os três cômodos. O Archer C60, por sua vez, sofre um pouco mais para entregar seu sinal na sala de estar; já na cozinha, seu desempenho despenca 62,5% em relação à taxa medida no escritório. Enquanto isso, a maior queda de desempenho medida para o Cosmo foi de 52,3% no quarto ao lado do escritório.

Se por um lado o Cosmo se saiu muito bem nos testes de conexão à internet, o mesmo não pode ser dito dos testes de transferência de arquivo. Em praticamente todos os cenários, o roteador da Multilaser demorou mais tempo para transferir 150 MB de um notebook para outro, e em um deles praticamente dobrou esse tempo. Também cabe ressaltar que em absolutamente todos os testes o roteador apresentou vários momentos de "engasgo" e, quando não aparentava ter suspendido a transferência, reduzia bastante sua taxa. Essa mesma dificuldade também foi sentida em um teste a parte que realizei transferindo o mesmo arquivo de 150 MB do desktop conectado por cabo de rede ao Cosmo para um notebook conectado à rede via Wi-Fi.

Diante disso, fica claro que o Cosmo foi projetado essencialmente para uso e compartilhamento de internet e não para dar conta de uma rede doméstica em que arquivos pesados voam o dia todo de um dispositivo para outro. Nem mesmo PCs ou HDs conectados ao roteador por cabo de rede conseguem um desempenho satisfatório, haja vista que a porta WAN/LAN tem uma grande limitação: ela não é Gigabit e está limitada a 100 Mb/s.

Portanto, se na sua casa você transfere muitos arquivos entre os seus dispositivos, sejam eles computadores, smartphones ou set top boxes para consumo de arquivos multimídia, tome cuidado.

Mas e aí, vale a pena?

No fim das contas, o Cosmo é um produto que atende muito bem a maioria dos usuários. Como o que muita gente quer é mesmo poder acessar a internet em qualquer lugar de casa, o kit de roteadores da Multilaser oferece cobertura e qualidade acima da média e melhor que os roteadores convencionais à venda no varejo e/ou oferecidos pelas operadoras.

O investimento de R$ 489 pode assustar principalmente quem mira uma solução mais baratinha, mas a tecnologia mesh é um diferencial que vale a pena e segura muito bem a conexão em locais com até 100 metros quadrados — acima disso, desconfio que surjam alguns pontos cegos e a qualidade caia a níveis que podem frustrar, sobretudo se houver paredes pelo caminho. Mesmo assim, confesso que fiquei impressionado por ele ter se saído melhor que o Archer C60 e a mesh não ser apenas uma conversa fiada.

Apesar de se destacar pela potência do sinal, é preciso ressaltar que o roteador tem lá seus defeitos. Faltam funcionalidades mais avançadas e alguns recursos, como o controle parental, são bastante limitados. A falta de um app para iOS e interface web também incomoda e pode levar o consumidor a comprar um produto que não será capaz de instalar. A falta de molejo para lidar com transferência de arquivos entre dispositivos também é um ponto negativo e pode limitar até mesmo aqueles que precisam disso apenas ocasionalmente.

Se nenhum desses itens lhe preocupar e você está realmente em busca de um roteador para distribuir internet para os dispositivos wireless da sua casa, então o Cosmo é uma opção interessante e das mais acessíveis com a tecnologia mesh. Vide o preço de concorrentes como o Deco M5, da TP-Link, e o D-Link Covr, que custam entre R$ 1.000 e R$ 1.600.

*O Multilaser Cosmo utilizado nesta análise foi gentilmente enviado ao Canaltech pela Multilaser.