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Análise | Intel Core i9-9900KS é um monstro fora da jaula, mas cobra por isso

Por| 28 de Fevereiro de 2020 às 10h45

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira
Tudo sobre Intel

Quem acompanha o mercado de processadores tem testemunhado uma boa briga como há muito tempo não era vista. De um lado, a AMD vem oferecendo opções de alto rendimento com um ótimo custo-benefício; do outro, a Intel vem apostando forte em desempenho bruto para permanecer no topo, sobretudo no segmento voltado para gamers. Prova disso é que em 2018 a empresa lançou o Core i9-9900K, um monstrinho de oito núcleos e 16 threads com clock base de 3,6 GHz e boost de 5 GHz em até dois núcleos, com média de 4,7 GHz em todos os núcleos. Para muitos, ali a empresa atingiu o limite e não tinha mais para onde ir no segmento mainstream. Ledo engano.

Eis que a fabricante lançou o Core i9-9900KS, uma besta-fera que saiu da jaula sedenta por energia e refrigeração como nenhum outro processador da Intel, mas que em troca promete ainda mais desempenho para agradar quem procura o suprassumo do desempenho na hora de rodar os jogos mais recentes e mais exigentes do mercado.

A primeira vista, o Intel Core i9-9900KS é basicamente idêntico ao Core i9-9900K: ambos utilizam litografia 14nm++ e compartilham a arquitetura Coffee Lake-S, suportando memória dual-channel DDR4-2666 e vindo com o modesto vídeo integrado Intel UHD 620. Todavia, o Core i9-9900KS difere do seu irmão mais velho por utilizar material de melhor qualidade na construção do die, o que lhe permite ter um clock base de 4 GHz e boost de 5 GHz em todos os núcleos simultaneamente.

Obviamente, todo esse poder de fogo tem lá seu efeito colateral: o 9900KS consome substancialmente mais energia e dissipa muito mais calor que seu irmão mais velho — são 127W TDP do novo modelo contra 95W TDP do antecessor. Por causa disso, o usuário tem de estar atento na hora de optar por este novo processador, já que antes de comprá-lo é preciso se certificar de que a placa-mãe tem um bom VRM e o sistema de arrefecimento é adequado — sobretudo caso queira fazer overclocking e evitar thermal throttling.

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Overclocking

Aproveitando que falamos sobre overclocking, esse assunto merece um tópico a parte nesta análise. Veja bem: se você é um PC gamer ou entusiasta que está em busca de um processador novo capaz de entregar performance acima da média assim que sai da caixinha, dificilmente terá de se preocupar com o que falaremos nesta seção. Todavia, é bom estar ciente sobre alguns pontos que observamos quando submetemos o 9900KS às baterias de testes, sobretudo se o seu processador não estiver entregando aquilo que promete. Vamos lá.

O alto TDP do Core i9-9900KS exige cuidados especiais, sobretudo se a cidade em que o usuário mora é muito quente e faz 30 graus o ano inteiro, como é o caso de Natal. Aqui, o calor castiga qualquer equipamento de alto desempenho e demanda por um bom sistema de refrigeração.

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Durante nossos testes, utilizamos um watercooler Aerocool P7-L240 de 240mm, que normalmente dá conta de todas as análises feitas em desktops. Para o Core i9-9900KS, no entanto, ele deu conta apenas da configuração stock do processador. Mesmo assim, sob situações de estresse intenso, como durante os testes do OOCP e AIDA 64, vimos o clock do processador ser reduzido para cerca de 4,6 GHz em todos os núcleos para manter o TDP na média de 127W (embora ele tenha alcançado valor máximo de 179W).

Para ter os oito núcleos funcionando constantemente a 5 GHz ou para fazer overclocking sem preocupação com superaquecimento, tivemos de empregar um kit personalizado EKWB X240 Extreme com dois radiadores de 240mm em paralelo. Só assim conseguimos retirar o fator temperatura da equação e alcançamos 5,2 GHz em overclock a uma temperatura média de 85°C. Portanto, se o seu objetivo for fazer overclocking ou colocar o processador para funcionar no talo a todo momento, fique atento a essa questão. Além disso, não se esqueça de configurar a sua placa-mãe corretamente, do contrário, mesmo com uma turbina refrigerando seu sistema, o Core i9-9900KS funcionará apenas por alguns segundos no turbo boost a 5 GHz.

Especificações
CoreLitografiaNúcleos/ThreadsClock baseTurbo BoostAll-core Boost
TDPSmart cacheSuporte a memóriaPreço
i9-9900KS14 nm8 / 164,0 GHz5,0 GHz5,0 GHz127W16 MBDDR4-2666R$ 2.899
i9-9900K14 nm8 / 163,6 GHz5,0 GHz4,7 GHz95W16 MBDDR4-2666R$ 2.899
i7-9700K14 nm8 / 83,6 GHz4,9 GHz4,6 GHz95W16 MBDDR4-2666R$ 1.799

Setup de testes

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No Canaltech, os testes com o Intel Core i9-9900KS foram feitos usando o Windows 10 Pro versão 1909, com as atualizações e patches de segurança mais recentes instalados e todos os componentes rodando os drivers mais novos disponíveis no momento da publicação desta análise. O firmware da placa-mãe também estava atualizado para sua última versão.

Dito isso, o setup de testes utilizado para esta análise foi o seguinte:

  • Processador: Intel Core i9-9900KS
  • Placa-mãe:ASUS Prime Z390-A
  • GPU:Nvidia GeForce RTX 2070 Super
  • Memória RAM: 4x 8GB T-Force Delta RGB DDR4 3000 MHz
  • Armazenamento: Intel SSD 660p
  • Fonte: XFX XTR2 850W
  • Arrefecimento: Aerocool P7-L240 e EKWB X240 Extreme com dois radiadores
  • Sistema operacional: Windows 10 Pro (1909)

Agora que você conhece o setup e foi apresentado ao Intel Core i9-9900KS, vamos dar uma olhada em como exatamente ele se sai quando é colocado a prova.

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Benchmark

Durante o tempo que estivemos com o Core i9-9900KS em mãos, submetemos ele a uma série de benchmarks para medir seu desempenho desde tarefas do cotidiano, passando por trabalhos mais pesados como renderização de vídeos e imagens, até aquilo para o que ele foi projetado: games.

Em todos esses casos, o processador da Intel foi testado tanto com suas configurações de fábrica, sem overclocking e com refrigeração do Aerocool P7-L240; quanto com overclock de 5,2 GHz e arrefecimento do kit personalizado da EKWB. Como o Canaltech ainda não pode testar o Core i9-9900K, e para não ficar a análise pela análise, aproveitamos a oportunidade para traçar um comparativo com o Core i7-9700K, que também foi submetido às mesmas rotinas de benchmark em suas configurações stock refrigerado pelo watercooler da Aerocool.

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Teste de CPU

Para testar o poder de fogo da CPU, utilizamos o 3DMark, que foca nas duas áreas mais críticas quando o assunto é desempenho em games: a CPU e a GPU. Embora o software ofereça benchmarks automatizados que cobrem até gráficos 4K, rodamos o Time Spy e o Fire Strike, que utilizam gráficos Full HD (1080p). Dessa forma, descartamos a GPU como um possível ponto de gargalo e deixamos mais trabalho para a CPU fazer.

O 3DMark Time Spy utiliza DirectX 12 para colocar tanto CPU quanto GPU para trabalharem com o máximo de capacidade. Isso é feito rodando quatro testes diferentes, que avaliam cada componente isoladamente; ao fim, ele atribui uma nota para o desempenho obtido.

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Já o 3DMark Fire Strike utiliza DirectX 11 para replicar efeitos avançados de partículas, iluminação e profundidade. Como o resultado deste teste está mais atrelado ao desempenho da GPU, optamos por focar apenas na pontuação do subteste de física, que dá uma "folga" à GPU e "castiga" mais a CPU ao colocá-la para lidar com cálculos complexos em situações de gameplay.

Finalmente, submetemos o Core i9-9900KS ao benchmark do GeekBench 4. Diferente do 3DMark, esse teste põe o processador para trabalhar em outras rotinas que não os games. Aqui são executadas tarefas que vão desde a compressão e descompressão de arquivos até a cópia de arquivos de e para a memória, detecção facial e renderização de documentos. Todas essas rotinas são executadas duas vezes — uma para medir o desempenho multi-core do componente; outra para o single-core. Ao fim, o software atribui duas pontuações, que podem ser usadas como parâmetro comparativo de desempenho.

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Como esperado, o Core i9-9900KS se saiu melhor que o Core i7-9700K em todos os testes. Em média, o novo processador da Intel teve um desempenho 17,8% superior que o i7-9700K no comparativo de configurações stock. Já no comparativo entre o Core i9-9900KS stock com o overclocked, o ganho de desempenho foi de, em média, 9%.

Teste de produtividade e renderização

Na segunda fase de testes de desempenho, colocamos o 9900KS para lidar com atividades do dia-a-dia e avaliamos como ele se sai em rotinas que envolvem desde a inicialização de um aplicativo até a renderização de imagens com ray-tracing.

Na primeira bateria de benchmarks desse tipo, utilizamos o PCMark 10, que oferece uma série de testes automatizados para medir o desempenho dos componentes rodando a suíte do Microsoft Office e tarefas como como edição de imagem e de vídeo, renderização e visualização de imagens e videoconferência. O teste do Office utiliza os aplicativos reais da suíte da Microsoft instalados no computador em vez de apenas emulá-los, o que confere um resultado mais próximo da realidade de uso. Apesar de não haver surpresas aqui, chamou a atenção a larga vantagem que o Core i9-9900KS com overclock abriu em relação ao Core i7-9700K, com quase cinco mil pontos de diferença.

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Outro teste do PCMark 10 vai além da suíte de apps de escritório da Microsoft e simula situações como edição de imagem e vídeo e videoconferências. Novamente pouca surpresa para o processador de oito núcleos e 16 threads da Intel, mas cabe observar duas coisas interessantes: a primeira é a pouca diferença de pontuação no teste de edição de imagem em relação ao Core i7-9700K (pouco mais de 500 pontos); por outro lado, no teste de inicialização de apps, que mede quanto tempo o sistema leva para abrir e carregar processadores de texto, navegadores web e o GIMP, a diferença entre o processador topo de linha com overclock e o Core i7-9700K foi abismal: 4.662 pontos.

Na segunda bateria de testes, utilizamos softwares de benchmark de renderização de imagens para termos uma noção de como o Core i9-9900KS se sairia nas mãos de um profissional que trabalha nesse ramo. Basicamente, nesse tipo de teste o desempenho do processador é proporcional à quantidade de núcleos, threads e clock disponíveis, então quanto mais, melhor.

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Isso fica evidente no comparativo direto entre o i9-9900KS (8C/16T) e o Core i7-9700K (8C/8T). Já no comparativo com o processador turbinado, rodando a 5,2 GHz, o ganho de performance foi bem discreto, fortalecendo a noção de que mais núcleos e mais threads, pelo menos nesse cenário, são mais importantes que poder bruto. E ficamos aqui imaginando como o Ryzen 9 3900X com seus 12 núcleos e 24 threads se sairia neste cenário em específico. Cenas para um próximo capítulo.

Desempenho em jogos

Até aqui, o Intel Core i9-9900KS demonstrou ter alto poder de fogo, principalmente quando está rodando em overclock. Mas muito provavelmente você que está lendo esta análise veio aqui para saber o desempenho dele em jogos, não é mesmo?

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Antes de colocarmos as cartas na mesa e mostrarmos como ele se saiu nessa bateria de testes, vale explicar o que exatamente estamos procurando com ela. No mundo dos games, geralmente duas métricas são utilizadas para avaliar o quão bem um título está sendo executado, seja ele no PC ou em um console: qualidade de imagem e taxa de quadros por segundo (o famoso FPS, ou frames per second). O problema é que quanto maior a qualidade de imagem, maior o impacto sobre a placa de vídeo, o que consequentemente acaba afetando a taxa de FPS.

Por isso, o ideal é sempre encontrar um meio-termo entre qualidade de imagem e taxa de quadros por segundo para ter uma experiência fluida e satisfatória. Dessa forma, você mesmo conseguirá avaliar se o desempenho da sua máquina está satisfatório com base no seguinte:

  • Abaixo de 30 FPS: experiência de gameplay muito limitada, indicando que sua GPU não consegue lidar com o jogo; é o cenário a ser evitado;
  • Entre 30 e 40 FPS: experiência de gameplay tolerável, embora muito provavelmente você veja stuttering em momentos de maior ação ou complexidade;
  • Entre 40 e 60 FPS: boa experiência de gameplay, com imagens fluidas e de qualidade; é o que você sempre deve procurar;
  • Acima de 60 FPS: a melhor experiência possível, indicando que provavelmente você tem uma placa de vídeo monstruosa.

Outro ponto que é preciso deixar claro que os testes realizados no Canaltech para esta análise não têm necessariamente o objetivo de avaliar a qualidade da imagem em si (uma tarefa de responsabilidade da GPU), mas sim o quanto o Core i9-9900KS impacta na fluidez e experiência de gameplay — afinal de contas, estamos avaliando um processador. Pensando nisso, todos os jogos foram executados em Full HD e não em Quad HD ou 4K para que a GPU trabalhasse sossegada, com "folga", e o processador se tornasse o gargalo de desempenho. Além disso, essa avaliação foi feita nos dois extremos de cada jogo: com os ajustes gráficos no mínimo e no máximo. Dessa forma, podemos ter uma boa noção de como o novo processador da Intel se sai.

Dito tudo isso, os testes nos apresentaram resultados bem curiosos e que deixaram mais evidente a necessidade de um sistema de refrigeração adequado para que o Core i9-9900KS funcione em sua plenitude. Dadas as diferenças técnicas entre ele e o Core i7-9700K, o natural é que o novo processador se saísse melhor que seu irmão mais velho de apenas oito núcleos e oito threads. Contudo, o i9-9900KS esquenta tanto que, nas configurações stock com resfriamento do Aerocool P7-L240, o sistema reduziu o desempenho do componente, enquanto o i7-9700K operou na casa dos 4,7 GHz. Resultado: o desempenho dos dois processadores foi idêntico, com exceção de Forza Horizon 4, onde o monstro da Intel ficou atrás nos dois testes.

O desespero bate? Claro que bate, afinal de contas estamos falando de um processador topo de linha cuja propaganda diz que ele oferece a melhor experiência possível em jogos. Mas para provar que o problema era mesmo o sistema de resfriamento, rodamos os games de novo, desta vez com o Core i9-9900KS com overclock de 5,2 GHz e resfriado pelo kit personalizado da EKWB. Nesse cenário, o processador segurou o clock e entregou o desempenho que estávamos procurando: pelo menos 9% acima da configuração de fábrica e do Core i7-9700K.

Core i9-9900KS: Vale a pena?

No fim das contas, vale a pena comprar o Intel Core i9-9900KS? Antes de bater o martelo, é preciso ponderar algumas questões observadas durante nossos testes.

Não resta dúvidas que o i9-9900KS é um monstro que saiu da jaula despejando potência e entregando alto desempenho. Isso ficou muito claro principalmente nos testes de CPU, de produtividade e renderização que o Canaltech executou. Em comparação com o i7-9700K, ele sempre ficou a frente por uma margem considerável, o que acaba tornando-o uma opção atraente para profissionais e criadores que trabalham com imagens e vídeo e estão em busca de um upgrade no setup.

Por outro lado, a mesma vantagem apresentada nesses testes não foi vista ao rodar jogos. E isso é muito curioso, já que esse é o segmento-alvo da Intel para vender esses novos processadores. Mesmo quando disponibilizamos um sistema de arrefecimento que "sobra" e aplicamos overclocking no i9-9900KS, ele entregou cerca de 10% mais quadros por segundo nos jogos.

E aí aparecem dois fatores que podem pesar bastante na hora de comprar este novo processador. O primeiro deles precisa ser levado em consideração por quem já tem um processador de ponta da Intel, como o Core i7-9700K que utilizamos para fins comparativos nesta análise. Se você se encaixa nesse perfil, a relação investimento x ganho de desempenho pode não compensar o preço do i9-9900KS: R$ 2.899 no varejo brasileiro.

O segundo fator deve ser levado em consideração por quem está vindo de um setup mais modesto ou até mesmo processador de gerações passadas. Nesse caso, o ganho de desempenho por adicionar um componente high-end como o Intel Core i9-9900KS é garantido, mas esteja atento ao fato de que muito provavelmente você também terá de investir em uma nova placa-mãe, um excelente sistema de arrefecimento (sobretudo se morar numa cidade quente) e até mesmo uma nova fonte para o seu computador. Dependendo dos itens "extras" que você vai precisar para deixar o setup funcionando direitinho, os R$ 2.899 do processador podem chegar facilmente à casa dos R$ 5.000 — se não for mais.

E é justamente por isso que decidir por comprar um Core i9-9900KS pode ser tão difícil. Se você estiver nessa encruzilhada, o conselho é estudar bem qual será sua necessidade e quais componentes disponíveis no mercado podem lhe atender da melhor maneira possível. Por exemplo: embora ainda não tenhamos testado o Core i9-9900K, dá para arriscar que seu desempenho deve ser bem similar ao do Core i9-9900KS; por isso, de repente ele pode ser uma alternativa interessante, mesmo custando os mesmos R$ 2.899 no Brasil. A diferença é que ele não pedirá por um sistema de arrefecimento tão robusto assim, então esse "extra" você já conseguiria retirar da conta. O próprio Core i7-9700K, que não ficou tão atrás assim nos jogos, pode ser encontrado por um preço bem mais atraente no varejo nacional: R$ 1.800.

Por outro lado, se dinheiro não for um problema, então pode mergulhar de cabeça no Core i9-9900KS. As configurações de fábrica e a possibilidade de operar todos os oito núcleos a 5 GHz simultaneamente sem a necessidade de overclock são belos atrativos para quem não quer se arriscar no assunto ou não sabe nem o que isso significa. Quem é entusiasta também poderá brincar com ele como quiser, fazendo-o operar a 5,2 GHz ou mais para obter ainda mais desempenho. Em qualquer um dos casos, uma coisa é certa: com o selo Intel, você não encontrará nenhum outro processador no segmento mainstream que entregue mais desempenho bruto do que o Core i9-9900KS na atualidade. Só esteja pronto para pagar por isso.