Ministro da Cultura apresenta novas políticas para indústria gamer na Game XP
Por Ares Saturno |

No último domingo (9), durante uma apresentação na Game XP, que rolou no Rio de Janeiro, Sérgio Sá Leitão, Ministro da Cultura, mostrou ao público os dados coletados a partir do 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, pesquisa que ajudou a fomentar uma política pública para o setor.
Segundo Sá Leitão, o Brasil ocupa o 13º lugar do ranking de maiores produtores de games do mundo, além de ser o maior da América Latina. Quando o assunto é mercado, somos o terceiro lugar, com 66 milhões de gamers, o que o ministro aponta como sendo um horizonte muito promissor. Nos dados apresentados, consta que todas as regiões geográficas do país detêm insdústrias voltadas para a produção de jogos digitais, sendo que a maior parte dos 946 títulos desenvolvidos neste ano é oriunda do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, que representam 41,6% da produção total. Nos últimos quatro anos, o número de empresas da área cresceu 182%.
"O Brasil está demonstrando grande vocação. Mesmo sem ter política pública, mesmo sem ter nenhum tipo de ajuda mais sistemática, o setor começou a se estruturar e aumentou muito nos últimos anos a sua maturidade", afirmou Sá Leitão.
Do censo à política pública
Com ajuda dos dados coletados no 2º Censo, o Ministério da Cultura definiu nova política nacional de jogos digitais, visando dar um "up" no crescimento da área. Segundo o Ministro, R$ 100 milhões do erário serão investidos em linhas estratégicas de desenvolvimento, incluindo tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada, da produção até a distribuição. Essa verba visa amparar as empresas e fomentar seu crescimento através da aceleração, mostras e festivais, melhorias na infraestrutura, além de formação e capacitação de mão de obra especializada.
Agora, o Conselho Superior de Cinema (CSC) conta com uma frente de trabalho sobre políticas voltadas à indústria gamer para dar seguimento à implementação das novas políticas. Segundo explicação de Sá Leitão, o projeto ficou atrelado à CSC devido aos jogos digitais serem tratados como produtos culturais audiovisuais no Brasil.
Ainda segundo o Ministro, a política também visa, a médio prazo, aumentar as oportunidades de carreira para os jovens: "O mercado de jogos seria uma alternativa criativa e atraente para aqueles entre 18 e 24 anos que se encontram desempregados". Outro ponto seria a diversidade, uma vez que o 2º Censo mostrou que apenas 20,7% das pessoas que estão empregadas na área se identificam como pertencentes ao gênero feminino. Sá Leitão comprometeu-se ao afirmar que o projeto incluirá esforços para rumar à equidade de gênero: "Os games começaram como uma atividade mais masculina do que feminina e isso é uma questão cultural, mas não quer dizer que a gente tenha que se conformar", revelou.
Algumas políticas anteriores já visavam diminuir o imenso abismo que impede a equidade de gênero na indústria de jogos do Brasil: "Determinamos que 50% dos projetos premiados devem ser de mulheres, 25% devem ser de negros e indígenas, 50% devem ser de iniciantes e tem também o recorte regional. Então, 30% têm que ser do Norte, Nordeste e Centro-Oeste", explicou Sá Leitão, sem abordar a escassez de jogos produzidos por populações indígenas ou mesmo abordar a questão das mulheres transexuais que trabalham na indústria de jogos e raramente têm suas demandas, como nome social, respeitadas.
Entretanto, o Ministro encara a diversidade e a multidisciplinaridade como questões importantes nesse âmbito: "A indústria de games é heterogênea e miscigenada por natureza, porque ela lida com elementos de linguagens de várias outras atividades. Quanto mais diversificadas forem as referências e os elementos, melhor."
Fonte: Folha