YouTube aceita pedido de retirada de conteúdo do canal de PewDiePie
Por Felipe Demartini | 15 de Setembro de 2017 às 13h16
O YouTube aceitou o pedido de retirada de um vídeo do game Firewatch, feito pela desenvolvedora Campo Santo, do canal de PewDiePie. A empresa já havia confirmado o sucesso da solicitação e, em uma atualização em seu canal, o criador de conteúdo também conformou a remoção e aplicação de um strike, que pode trazer consequências danosas a seu canal.
O pedido foi feito com base no DMCA, uma lei americana que tornou crime a distribuição de conteúdo protegido por direitos autorais, criada para facilitar atitudes desse tipo por parte de detentores de copyright e desburocratizar o processo. Entretanto, neste caso, a solicitação foi feita em retaliação a comentários racistas feitos por PewDiePie, em uma medida que gerou críticas e discussões quanto a uma possível distorção das regras.
Tudo começou no último final de semana, quando o YouTuber sueco proferiu um insulto racista durante uma transmissão ao vivo do game PlayerUnknown’s Battlegrounds. O clipe correu a internet e gerou reações inflamadas de espectadores, o que acabou incluindo também Sean Vanaman, criador de Firewatch. Pelo Twitter, ele disse ser hora de impedir que PewDiePie, cujo nome real é Felix Kjellberg, continuasse a acumular milhões com base no conteúdo alheio.
Foi pela rede social que ele anunciou a solicitação por meio do DMCA, afirmando ainda que entraria em contato com outros parceiros do mercado de games para que fizessem o mesmo. Além disso, Vanaman taxou PewdiePie como “mais do que um ‘racista de armário, [mas também] um propagador de lixo desprezível que causa danos reais à cultura e indústria [de games]”.
No vídeo em que confirma a retirada do conteúdo, Kjellberg diz ter trancado o vídeo de Firewatch no momento em que tomou conhecimento dos comentários do desenvolvedor, como forma de atender a seu pedido e respeitar sua decisão. Ainda assim, ele afirma que o YouTube aceitou a solicitação e removeu completamente o conteúdo da plataforma, o que acabou gerando um strike em seu canal.
Esse mecanismo é a forma de o YouTube regular a utilização de sua própria plataforma. Basta apenas um por acusações de quebra de direitos autorais para que o criador perca alguns recursos do canal, como monetização, em alguns casos, ou a possibilidade de fazer transmissões ao vivo por 90 dias. Com três, a conta é bloqueada e todos os vídeos são deletados da plataforma, sem chance de recuperação.
Foi justamente por esse motivo que PewDiePie lamentou o aceite do Google, afirmando temer pelo seu canal caso outros desenvolvedores decidam tomar a mesma atitude da Campo Santo. Ele afirmou que a ação de Vanaman constitui um abuso dos direitos dados pelas leis americanas aos detentores de copyright, abrindo um precedente perigoso no qual pedidos desse tipo podem voltar a ser feitos sem “motivo válido”.
Manipulação das regras
Ao usar o DMCA como uma forma de retaliar um criador por comentários feitos, a desenvolvedora de Firewatch também caiu sob o escrutínio de YouTubers e analistas do mercado. Para muitos, essa seria uma forma de burlar as regras com relação à distribuição de conteúdo, uma vez que a empresa afirma veementemente que seus games estão liberados para publicação e monetização na internet.
Entretanto, para Mona Ibrahim, advogada de direitos autorais com um trabalho diretamente ligado a criadores de conteúdo e o YouTube, a ação da Campo Santo é perfeitamente legal. Por mais que tenha emitido uma declaração oficial sobre a liberação de seus conteúdos para postagem, ela pode voltar atrás caso as publicações firam seus direitos adquiridos ou estejam contra os princípios da companhia.
Isso é válido mesmo no caso de PewDiePie, no qual os insultos racistas não foram emitidos em um vídeo de Firewatch. Segundo Ibrahim, a produtora pode não desejar ver sua propriedade associada a um indivíduo por qualquer razão, e por ser a detentora dos direitos autorais, pode solicitar a remoção de conteúdo caso acredite que ela seja válida.
O YouTube, entretanto, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Vanaman e PewDiePie também não falaram sobre a possibilidade de outros pedidos de retirada de conteúdo terem sido feitos contra o canal.
Fonte: PewDiePie (YouTube), Polygon