Venda da EA para Arábia Saudita pode ameaçar segurança dos Estados Unidos
Por Diego Corumba • Editado por Jones Oliveira |

Senadores dos Estados Unidos alertaram nesta semana que a venda da Electronic Arts para a Arábia Saudita pode representar uma ameaça à segurança nacional. Eles mencionam uma potencial “influência externa”, com grandes chances de comprometer seus interesses e negócios dentro do país.
Os políticos Richard Blumenthal e Elizabeth Warren (ambos Democratas) enviaram uma carta para o CEO da EA, Andrew Wilson, e para o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, demonstrando muita preocupação. Para eles, se o acordo for aprovado, pode até ameaçar a “segurança nacional”:
"O potencial do acordo para expandir e fortalecer a influência estrangeira da Arábia Saudita nos Estados Unidos é agravado pelos riscos à segurança nacional criados pelo acesso e pela influência irrestrita do governo saudita sobre 3 áreas críticas: as informações pessoais sensíveis dos milhões de usuários da EA, o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA) pela empresa, e o design e a direção de seus produtos".
Mesmo que a Electronic Arts não responda ao apelo, é possível que o Senado submeta a compra a uma rigorosa análise pelo Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS) e pela Federal Trade Commission (FTC). Assim, a compra da companhia terá de passar pelo mesmo processo que a Microsoft, quando adquiriu a Activision.
É importante levar em consideração que o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita já tem em suas mãos diversas companhias da indústria de jogos: SNK, Savvy Games Group e investimento em ações de grandes estúdios e fabricantes (como Nintendo, Capcom, Koei Tecmo e Niantic).
O país deseja se tornar o centro deste cenário, com movimentos como esta aquisição e até eventos competitivos: como a EVO — que também foi adquirida por eles. Eles foram a sede da Esports World Cup em 2025, assim como serão na Olympic Esports Games em 2027.
Venda da EA para a Arábia Saudita
Anunciada no fim de setembro, a venda da Electronic Arts para a Arábia Saudita foi realizada através de um acordo de US$ 55 bilhões. Além do Fundo de Investimento árabe, estão envolvidos na aquisição as empresas Silver Lake e Affinity Partners (do genro de Donald Trump, Jared Kushner).
Foi revelado que o CEO da companhia, Andrew Wilson, permanecerá em sua posição e a venda não impacta a produção de seus jogos (ao menos a curto prazo). Porém, este tipo de ação gera temores de fechamento de estúdios, projetos que podem ser cancelados e demissões em massa.
Jogo político nos Estados Unidos
Vale também notar que há um grande xadrez político por trás desta ação dos senadores. A compra da EA tem participação do genro de Donald Trump, presidente que atua pelo partido Republicano — enquanto os políticos que movem a ação são do partido Democrata, ou seja, seus principais opositores.
Embora a FTC seja uma agência independente, seus comissários são nomeados pelo presidente e confirmados pelo Senado. Isso torna o órgão suscetível a disputas políticas, especialmente quando interesses econômicos ligados a diferentes partidos estão em jogo.
Enquanto isso, a Arábia Saudita continua a investir na indústria de jogos. O governo é acusado de inúmeras violações aos direitos humanos e assassinato de jornalistas, com este tipo de ação sendo visto como uma tentativa de recuperar sua imagem dentro da comunidade internacional.
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