Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Scorn deixa qualquer um maluco (para o bem e para o mal)

Por| Editado por Bruna Penilhas | 15 de Outubro de 2022 às 12h30

Link copiado!

Divulgação/Kepler Interactive
Divulgação/Kepler Interactive

Scorn é um jogo de terror que exige muito psicológico do jogador para ser zerado. O game deixa o jogador completamente perdido em um mundo repleto de nojeiras, cadáveres e tripas que se mexem. É como se a própria morte estivesse viva e respirando.

O Canaltech pôde testar o jogo antecipadamente, que já está disponível para PC, Xbox Series X e Xbox Series S, além do serviço de assinatura Game Pass. Nós ficamos encantados com a ambientação, o maior trunfo do game. É como se estivéssemos andando por um mundo criado pela mente de H. R. Giger, artista que desenhou o xenomorfo da franquia Alien, em parceria com David Cronenberg, o diretor de Crimes of the Future.

Continua após a publicidade

No entanto, o encanto rapidamente se torna dor de cabeça devido à exploração labiríntica e o combate para lá de frustrante. Como esses dois pontos são extremamente indissociáveis a qualquer jogo, aproveitar Scorn, para nós, foi um vaivém de emoções: ora amamos, ora odiamos.

Tudo está morto, mas respirando

O personagem principal, sem nome, acorda em um mundo desconhecido. O jogo não lhe diz o que é para fazer, nem para onde ir. Também não existe mapa. Você apenas se vê perdido em um lugar que lembra carne viva, e que parece que irá lhe engolir a qualquer momento.

Continua após a publicidade

A partir daí, você começa a explorar o local para, primeiro, se localizar entre as várias portas idênticas, corredores estreitos e salas trancadas. Depois, descobre com quais manivelas e botões é possível interagir e, mais tarde, tenta encaixar uma informação na outra. Nada faz muito sentido, mas tudo que está lá precisa ser feito para seguir adiante.

Algumas das ações são bem macabras, como colher um ovo gigante, abri-lo e remover um corpo deformado de dentro — parece um cadáver, mas que ainda respira — e levá-lo de um lugar a outro. No meio do processo, você ainda precisa parti-lo ao meio e transportá-lo em um carrinho de mão, olhando-o fixamente por um longo e desconfortável período.

Os ambientes são um capricho: cheios de formas humanas grotescas e máquinas antigas, mas bastante tecnológicas. Pelo teto e pelas paredes, há várias camadas perfeitamente desenhadas e alinhadas, muita carne viva e tripas se mexendo, e alguns monstros decadentes de rastejando pelos cantos. Você pode até estar sozinho, mas sempre haverá algo fazendo barulhos gosmentos, dando a impressão de que estamos em constante perigo.

Continua após a publicidade

Mas há um porém: tudo parece muito igual. Os ambientes são cheios de portas, túneis e frestas. É muito fácil se perder e andar em círculos apenas tentando achar para onde devemos ir. Eu gostaria que eles diferenciassem melhor uma sala da outra, colocando desenhos ou formas sinalizadoras.

Para progredir e acessar outros lugares, você terá de resolver alguns quebra-cabeças. E alguns tomarão muito, mas muito do seu tempo: eu levei mais de 10 minutos para resolver os mais cabulosos, como uma espécie de tabuleiro (mas com ovos com pessoas dentro), presente logo no início do jogo. Alguns são mais simples que outros, mas a complexidade de todos, no geral, é bastante elevada, mais que o comum.

Na hora do combate, Scorn se torna uma decepção

Continua após a publicidade

O foco de Scorn é, sim, a exploração e a resolução de quebra-cabeças. Mas o jogo também tem combate. E quando essa parte chega, eu só quero jogar o meu controle contra a parede e nunca mais abrir o jogo.

O gameplay de Scorn já é arrastado por si só, o que não é um problema. Mas na hora do combate, tudo vira lento, frustrante e mal projetado. Você encontra alguns inimigos pelo caminho, que parecem gosmas ou vermes gigantes, que podem atacá-lo a média ou longa distância. Cada ataque inimigo tira um ponto de vida seu, e não há como se esquivar ou se defender.

Na verdade, a única defesa é o ataque. Ao seu dispor, você tem uma arma e alguns acoplamentos, que a transforma em uma garra à curta distância (parece a boquinha do Xenomorfo na hora do bote) ou em uma espingarda, por exemplo. A munição é escassa, então você precisa pensar se vale a pena gastar tudo em um bicho só ou apenas tentar contorná-lo.

Continua após a publicidade

Vamos criticar o combate por partes. Primeiro: as armas são bem ruins, principalmente a garra — sua única arma por um bom período. Você tem apenas dois tiros com ela, e precisa esperar um longo período para recarregar. Ela também não causa muito dano, então é preciso tentar acertar o mesmo inimigo cinco vezes. Até as armas mais potentes não são lá essas coisas: elas parecem ser mais fracas do que deveriam, e não fica evidente se o inimigo está levando pouco ou muito dano.

Segundo: a velocidade de movimento do personagem é baixa. Você não consegue se esquivar nem se defender dos inimigos, então qualquer encontro é certeza de que você vai perder vida.

Terceiro: é muito difícil evitar o combate. Os monstrinhos aparecem quase sempre em corredores apertados, o que lhe impossibilita contorná-los. Alguns inimigos maiores conseguem, inclusive, correr até você e derrubá-lo no chão; assim que você se levanta, um pouco atordoado, eles fazem exatamente a mesma coisa e acabam lhe matando de forma injusta.

Continua após a publicidade

Quarto: o sistema de checkpoint (quando o jogo salva, para que você retorne a um determinado ponto após morrer) é confuso. O jogo não indica quando seu progresso está sendo salvo e não é possível salvar manualmente. Houve casos em que eu voltei à vida muito antes de um quebra-cabeça, me obrigando a repetir tudo de novo e a, inclusive, pegar alguns itens essenciais para a progressão; já em outro momento, eu voltei em um lugar bem mais adiante do que deveria estar.

Eu fiquei estagnado em um trecho onde minha barra de vida estava com apenas um ponto, ou seja, eu morria com um ataque apenas. Eu não tinha cura, espingarda, nem nada à disposição: a única solução seria sobreviver a vários inimigos à frente ou carregar um salvamento anterior. Após morrer sete vezes no mesmo lugar (sim, eu contei), finalmente consegui escapar desse “dia da marmota”. Você pode até argumentar que Scorn exige muita cautela e estratégia na hora do combate, mas a experiência geral é mais frustrante do que desafiadora.

Scorn vale a pena?

Continua após a publicidade

Scorn é uma excelente ideia mal executada. É uma joia rara em termos de construção de mundo e ambientação, mas extremamente frustrante no gameplay. Não recomendamos este jogo para todos os fãs de terror; apenas para aqueles que estão dispostos a ignorar o gameplay irritante e a exploração confusa demais para mergulhar neste mundo cruel.

O jogo também não dispõe de qualquer recurso de acessibilidade. Isso significa que pessoas com deficiência provavelmente terão muita dificuldade para aproveitar Scorn. Pelo menos, os poucos textos existentes no jogo estão localizados em português do Brasil.

Como mencionamos no início do texto, é preciso muito psicológico para jogar este game. Em todos os sentidos.

Scorn está disponível para Xbox Series X, Xbox Series S e PC.

Continua após a publicidade