Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Review WarioWare: Get It Together! | O criativo pode ser simples

Por| Editado por Bruna Penilhas | 16 de Setembro de 2021 às 18h00

Link copiado!

Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech
Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech

A franquia WarioWare, assim como o próprio protagonista, é como aquele primo distante meio excêntrico que existe em toda família. Muitas vezes, as pessoas nem lembram que ele existe, mas quando aparece, chama a atenção pelo estilo diferente do restante do grupo. No caso das franquias da Nintendo, isso se traduz em estilo, leveza e, como não poderia faltar, um pouco de bizarrice.

Afinal de contas, o que falar de um game que, em alguns momentos, tem como objetivo depilar os cabelos das axilas de uma estátua grega e, em outro, desbloquear um cano ou enrolar um rocambole. Tudo como parte de uma estrutura única, que faz sentido dentro dela mesma e, claro, apresenta uma diversão descompromissada, provando que as ideias mais simples, muitas vezes, são as melhores.

Continua após a publicidade

Já disponível para Nintendo Switch, WarioWare: Get It Together! arruma tempo até mesmo para realizar algumas quebras de quarta parede. Os microgames, como são chamados internamente, são criações do próprio protagonista e sua trupe de personagens com estereótipos divertidos, que desta vez, são sugados para dentro da própria criação. Antes, os desafiados eram os jogadores, mas agora devemos também salvar o trabalho dos protagonistas.

Una todos esses ingredientes e temos uma proposta perfeita para se jogar em grupo, em uma festa presencial assim que os tempos permitirem. As risadas só aumentarão assim como a pressão, medida em batidas por segundo que se tornam cada vez mais velozes, enquanto Wario e sua trupe recuperam uns aos outros, limpam bugs de código e experimentam os minigames malucos que, eles próprios, impuseram a nós durante tantos anos.

Insanidade com sentido

Continua após a publicidade

Caso você ainda não tenha compreendido exatamente como funcionam as dinâmicas de WarioWare: Get It Together!, sim, estamos falando de um título baseado em minigames. Ele não segue uma linha lógica nem mesmo nos momentos em que a história está sendo contada, com as piadas malucas sobre o nariz em formato de cabeça de alho do protagonista sendo apenas a ponta de um iceberg que, a bem da verdade, vale a pena conhecer jogando.

Nenhum estágio, aqui, dura mais do que alguns segundos e, acredite, esse é todo o tempo que você vai precisar para entender como realizar tarefas simples como acender interruptores, se esconder de uma criança ou escovar os dentes. Entretanto, o segredo viciante deste e de praticamente todos os outros games da subsérie que começou no Game Boy Advance é a curiosidade do que vem depois, aliado ao tempo de resposta que coloca pressão sobre a jogabilidade.

O formato do Switch impede algumas das ideias malucas que tínhamos no passado, envolvendo os controles de movimento do Wii, por exemplo, enquanto a evolução da tecnologia permite que novos formatos sejam criados. Ainda que a jogabilidade seja mais tradicional, envolvendo analógicos e botões, há um carinho especial por trás de ideias como escapar de uma mordida mortal se refugiando em espaços vazios da gengiva ou alimentar animais virando a mesa inteira do jantar sobre eles.

Continua após a publicidade

Isso sem falar em um estágio dos mais especiais da franquia, quando jogamos pequenas versões de clássicos do passado e também da história recente da Nintendo. Dá para experimentar uma fase inteira do Super Mario Bros. original, julgar quem venceu um duelo de Splatoon, auxiliar Samus a encontrar o caminho em Metroid e Link a mover bloco pesado usando o poder da inércia visto em The Legend of Zelda: Breath of the Wild. São momentos de sorriso no rosto, que se mantêm mesmo caso a gente falhe no objetivo.

Escolhas virtuais

Continua após a publicidade

A ideia de colocar os personagens dentro do mundo virtual também trouxe mais uma variação à série, como se a própria criatividade dos microgames já não fossem suficientes. Cada personagem de WarioWare: Get It Together! tem suas próprias habilidades, que transformam a maneira com a qual os desafios são transpostos — às vezes de forma mais drástica e, em outras, dificultando absolutamente as coisas.

A dupla Dribble e Spitz, por exemplo, voa livremente pelo cenário, mas apenas dispara para um único lado, enquanto Mona anda sem parar com sua motoca e só para quando lança o bumerangue. Wario tem voo livre, enquanto ataca com uma investida, e 18-Volt só fica parado, usando uma corda para se locomover. Eles vão sendo liberados a cada nova fase do modo campanha, com os estágios servindo tanto para que o jogador aprenda a lidar com eles quanto para entender quais funcionam melhor sob seu controle.

Nessa variação também está uma das dificuldades do título, já que alguns dos protagonistas fazem os desafios serem bem mais difíceis do que outros. Claro, existem fases que não aparecerão para determinados tipos de personagens, mas na maioria dos casos, a escolha do próprio jogador pode acabar depondo contra essa criatividade na montagem de bonecos, fazendo com que sempre os mesmos sejam escolhidos para que o usuário continue em frente e não acabe morrendo sucessivamente sob mecânicas que não domina nem sente vontade de aprender.

Continua após a publicidade

O clima de absurdez está em todos os aspectos de WarioWare: Get It Together!, o que torna um pouco esquisitas algumas das escolhas tomadas no modo multiplayer do título. Aqui, os minigames assumem um caráter mais simplório como forma de estender a jogatina e facilitar a competição em até quatro pessoas, com um resultado que se torna simplório.

Quem parte das maluquices das fases single-player ou versus não deve ficar muito feliz com jogos básicos de golfe ou embaixadinhas, enquanto uma espécie de Super Smash Bros. com mecânicas mais primárias também não chama a atenção. Surge como destaque negativo, ainda, a impossibilidade de escolher personagens em tais momentos, fazendo com que Get It Together! se torne mais uma experiência local do que compartilhada por meio da internet.

Balança complexa

Continua após a publicidade

Entre uma simplicidade que encanta e uma absurdez que sempre instiga a seguir em frente, talvez o desafio mais alto do novo WarioWare seja travado no Brasil, onde os preços altíssimos podem não tornar uma experiência rápida e direta como esta tão atrativa. Afinal de contas, por aqui, títulos de Switch ultrapassam facilmente a barreira dos R$ 300 e todos sabemos que a Nintendo não é muito fã de baixar valores de seus exclusivos.

Coloque de um lado da balança o valor e, do outro, a campanha que dura cerca de duas horas. Ainda que dezenas de fases sejam exibidas em sucessão ao longo desse tempo — e acredite, duas horas é tempo o suficiente para jogar muitas delas —, não dá para criticar quem esperar, pelo valor, uma experiência com mais sustância, ainda que ela nem sempre apresente o mesmo nível de diversão que vemos em Get It Together!

Dentro de seu estilo, a preferência pode acabar ficando com o tradicional Mario Party, apesar de, na opinião deste que vos escreve, os minigames do encanador bigodudo não serem páreo, em termos de ritmo, criatividade e diversão, aos criados por sua versão do mundo invertido. Entretanto, em um caso, estamos falando de horas e horas, enquanto em outro, de uma experiência mais rápida, e esse fator deve ser absolutamente levado em conta no momento da escolha.

Continua após a publicidade

WarioWare: Get It Together! é tão legal quanto sempre foi e, principalmente, serve como um respiro para os momentos de diversão rápida, se encaixando perfeitamente com o formato híbrido do Switch. Sua simplicidade, entretanto, pode acabar fazendo com que o formato não seja bem aceito de forma unânime, devido a questões que estão fora de seu alcance.

WarioWare: Get It Together! foi testado em cópia digital, gentilmente cedida ao Canaltech pela Nintendo.