Review Dying Light: The Beast | O verdadeiro Dying Light 2 que os fãs queriam
Por Raphael Giannotti • Editado por Jones Oliveira |

E lá se foram 10 anos desde a chegada de Kyle Crane no mundo pós-apocalíptico de Dying Light. A Techland trabalhou no suporte ao jogo até recentemente, mesmo com a chegada do segundo game da franquia em 2022. Dying Light 2 Stay Human conta uma história diferente e não tem o protagonista do primeiro game, mas com Dying Light: The Beast, isso mudou.
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O novo game da série traz Kyle Crane de volta, dando continuidade à sua história. Apesar de os desenvolvedores afirmarem que se trata de um título menor e não é um dos numerados e principais (como Dying Light 3, por exemplo), ele é tão importante quanto e não dá para encará-lo como um spinoff. E digo mais, ele é o Dying Light 2 que os fãs merecem e o melhor da franquia.
Prós
- Gameplay mais refinado do que nunca
- Gráficos belíssimos
- Mundo (morto) vivo e denso
- Kyle Crane de volta
- Dublagem com lip-sync em PT-BR
- Exploração com parkou muito divertida
- Bem otimizado
Contras
- Bugs menores no lançamento
- Falta de ray tracing, algo prometido para o lançamento
O retorno de Crane, agora selvagem
Dying Light: The Beast acontece cerca de 21 anos após os acontecimentos de The Following, a expansão do primeiro game, e logo depois da história do segundo jogo, que por sua vez se passa 20 anos depois do início de tudo. Ou seja, enquanto a história original de DL acontecia, o protagonista do primeiro título estava por aí em uma aventura paralela.
Fábio Azevedo volta como Kyle Crane em sua dublagem. Foi bastante nostálgico ouvi-lo no início do novo game e perceber que uma década se passou desde o lançamento do primeiro Dying Light. Eu cheguei a jogar o game de novo recentemente e o escutando agora em The Beast, dá para dizer que ele se tornou a fera em sua dublagem que, em geral, é boa. Tem até lip-sync com nosso português. Valeu muito, Techland!
Crane está mais bruto do que nunca. O homem é a pura falta de paciência e ignorância. Vale lembrar que ele sofreu nas mãos do Barão por 13 anos e isso por si só já define literalmente quem ele é agora e toda a trama: vingança. A fera quer fazer com que o vilão pague por todo seu sofrimento através de inúmeros experimentos que o tornaram o que ele é nesse jogo.
O justiceiro conhece novas pessoas, faz alianças frágeis, já que estamos falando de um mundo pós-apocalíptico em que cada um vive um dia por vez tentando sobreviver no fim do mundo. Não muito diferente dos outros games e de jogos nesse estilo. A história não é o ponto alto do game, mas seu progresso é interessante de se acompanhar.
Um novo mundo que merece ser apreciado
Dying Light: The Beast se passa em Castor Woods, que é inspirado nos Alpes Suíços. Os desenvolvedores da Techland, estúdio polonês, contam que eles se inspiraram em locais que conhecem da Europa e dá para ver. Existe uma dedicação explicita na construção do novo local, que é dividido em vários ambientes diferentes.
Esse novo mapa é menor (não se engane com seu tamanho), mas denso. Existe muita coisa acontecendo e muitos cantos para se explorar. Estou falando de cidade principal, campos, fazendas, indústria, vilas afastadas, montanhas, cavernas e mais. As casas e construções são quase todas exploráveis por dentro e algumas têm até camadas verticais. Ou seja, se você ver uma casa, pode ter certeza que, pelo menos, uma janela estará aberta e parte de seu interior terá loot (e perigos). Mas muitos desses lugares são bem amplos por dentro.
Visualmente, as paisagens estão deslumbrantes. É, de longe, o game mais bonito da franquia. A Techland melhorou vários aspectos do segundo jogo e adicionou novidades como clima dinâmico (embora desejasse que fosse mais dinâmico), com o tempo fechando e chuva forte caindo, ventania balançando as árvores, dando bastante realismo à cena.
Castor Woods tem muita floresta e essa é uma das maiores diferenças de Dying Light: The Beast em relação aos outros dois jogos. Explorar a natureza é sempre um perigo, já que você nunca sabe o que está a espreita, atrás de um arbusto ou árvore (se prepare para uns sustinhos). À noite, então, nem se fala.
Assim como a DLC do primero jogo, é possível pegar um veículo e dirigir livremente pelo mapa. Só existem caminhonetes, já que o terreno da região é bem irregular, mas ajuda muito na locomoção, principalmente à noite quando o desespero bate e você precisa de uma zona segura. A gasolina é limitada e você sempre precisa ter estocado em seu inventário para não ficar na mão.
A noite pior do que nunca
A franquia Dying Light já é conhecida por dois tipos de gameplay: ação de dia e terror de noite. Ao anoitecer, The Beast também tem criaturas mais violentas e a presença dos verdadeiros terrores, os infames Voláteis. Se você nunca jogou algum jogo da franquia, esses monstros sempre estão em seus trailers na parte da noite do jogo.
Esses trechos me faziam tremer na base no primeiro jogo, mas lembro de conseguir despistá-los sem muita dificuldade. Agora, eles são incansáveis e o alcançarão na corrida durante a fuga, por isso mencionei o carro anteriormente. Claro, nem sempre você terá um veículo à disposição nessas horas. Se um volátil o alcança, já era. Muito sem querer, acabei matando um, nem sei como, e ainda ganhei uma conquista.
Com a nova habilidade de Crane, que detalho mais adiante, é possível derrotar até vários deles, mas é preciso estar preparado para isso. Algo diferente em Dying Light: The Beast é o quão escura é a noite. Como o game se passa em uma região cercada por natureza, nada de cidade grande por perto, a noite é realmente escura, ao ponto de você não exergar nada sem a lanterna.
Isso, claro, deixa a experiência ainda mais aterrorizante. Escutar o som de alerta de um Volátil o encontrando é algo de dar frio na espinha. Essas caras o perseguem aonde quer que você vá, menos em lugares fechados que têm uma porta, os impedindo de entrar.
Um bug aconteceu uma vez em relação à noite. Saí de uma missão dentro de um lugar fechado e o dia estava lindo, ensolarado, bom para ficar sentado na grama apreciando o lago. Porém o relógio marcava 20h, ou seja, estava de noite. E para piorar, alguns Voláteis me viram e começaram a me perseguir. Foi uma sensação bem estranha, já que o dia costuma ser a segurança. A Techland já soltou um patch corrigindo esse problema.
As Quimeras e a brutalidade visceral da fera
Uma das novidades de Dying Light: The Beast são as Quimeras: criaturas especiais, que aparecem inicialmente como chefes, mas depois como inimigos do tipo elite em diferentes ocasiões. Elas são baseadas em outros monstros da franquia, com alguns mais únicos e todas são importantes na história.
Sem entrar na importância delas para a narrativa, esses monstros são responsáveis por aumentar as habilidades de fera de Kyle Crane. Os combates contra elas são diversificados, algo bem legal de ver em um jogo desse tipo, que costuma ser repetitivo. Ao derrotar um deles, você ganha pontos de fera para serem investidos na árvore de skills do lado monstruoso de Kyle.
E falando nisso, o protagonista está brutal! Em sua forma normal, ele consegue desmembrar os zumbizinhos normais, arrancar pedaços deles com as pancadas. E o novo game está mais visceral do que nunca, com bastante realismo onde Kyle acerca a pancada, deixando entranhas e ossos dos monstros expostos.
Ao se transformar na fera, algo que é possível ao encher uma barra específica mediante ataques e dano levado, Crane fica imparável por um breve momento. Nesse estado, a brutalidade é elevada de forma exponencial. Nem as criaturas mais fortes, como inimigos elite e Voláteis, o resistem. E as animações de finalizações estão brutais, uma mais violenta do que a outra.
Vale a pena jogar Dying Light: The Beast?
Se você é fã da franquia, sem dúvida! Se você nunca jogou um game da série, mas curte apocalipse zumbi com velocidade de gameplay, com muito parkour de qualidade e ação em primeira pessoa, sem dúvida também! Como disse antes, esse é o Dying Light 2 que os fãs do primeiro jogo queriam e nem sabiam.
É um jogo bem otimizado. Testei em uma máquina com Intel Core Ultra 9 285K, GeForce RTX 5070 e 32 GB, e é possível encarar 1440p no máximo acima de 60 FPS sem DLSS tranquilamente. Com a tecnologia da NVIDIA, dá até para encarar 4K, o que eu recomendo. Já em um PC com AMD Ryzen 5 5500, Radeon RX 6750 XT e 16 GB, consegui passar de 60 FPS em 1080p no alto também.
Eu me diverti muito (e ainda estou me divertindo) com Dying Light: The Beast. Nem problemas como colisão imprecisa em alguns trechos, IA dos inimigos humanos dando uma desligada de leve, o dia ser noite, avisos de conexão perdida constantes, tiraram meu desejo de continuar jogando. Ser a fera é muito divertido.
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