Por que é difícil trabalhar na Nintendo? Ex-veterano da Big N explica
Por Gabriel Cavalheiro • Editado por Jones Oliveira |

A Nintendo é conhecida por seus jogos fantásticos, que seguem um alto rigor e exigência de qualidade. Por isso, é de se imaginar que trabalhar na Big N seja um verdadeiro desafio. Pouquíssimos desenvolvedores conseguem chegar à fase de entrevista ao tentar uma posição na Nintendo do Japão.
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A informação surgiu em discussões no X (antigo Twitter) sobre a necessidade de formação acadêmica para ingressar em empresas como Nintendo e Sony. Um professor da área de Engenharia da Computação, chamado Kuriki Murahashi, contou sua experiência ao tentar uma vaga na Big N.
Ele revelou que, assim como a Sony, a Nintendo não exigia formação universitária nem aplicava o chamado "filtro de faculdade" — um sistema muito comum em empresas japonesas que prioriza recém-formados em universidades de elite, como as de Tóquio e Kyoto.
"Eu tinha ouvido falar que a Nintendo não usava 'filtro de faculdade' na contratação de recém-formados", publicou Murahashi. A explicação para isso é que o teste online da empresa, aplicado antes da entrevista, é extremamente difícil.
"No entanto, quando participei do processo seletivo, o primeiro teste online era tão absurdamente difícil que lembro de ter pensado: 'Ah, entendi... com uma prova dessas, eles nem precisam de filtro; os candidatos já são eliminados aqui mesmo'", contou o professor.
Nintendo 64 pode ser o culpado?
Mas há um motivo para o processo seletivo da empresa ser tão exigente, e isso tem tudo a ver com o Nintendo 64. Em resposta ao professor, o atual produtor da série Silent Hill, Motoi Okamoto (ex-veterano da Nintendo), afirmou: "Quando entrei como recém-formado, em 1999, havia apenas alguns formados pela Tōdai em toda a empresa, inclusive eu. Não era como hoje, que entram vários todos os anos (às vezes perto de dez). Minha sensação é de que a empresa foi se tornando academicamente mais elitizada ano após ano".
Essa elitização foi motivada pela fuga de desenvolvedores third-party na era do Nintendo 64, que ocorreu por vários motivos, incluindo a polêmica escolha por cartuchos em vez de CDs. A maior beneficiada dessa história foi a Sony, que viu uma migração massiva de estúdios para o PlayStation, como a Square Enix, que quebrou uma parceria histórica com a Big N e lançou Final Fantasy VII exclusivamente no console da Sony.
Naquela época, com a perda de desenvolvedores e o início da era 3D nos games, a Nintendo tornou-se cada vez mais exigente em suas contratações para fortalecer o desenvolvimento de software "dentro de casa".
"Cerca de dois anos antes de eu entrar, com a fuga das desenvolvedoras third-party do Nintendo 64, surgiu a necessidade de fortalecer drasticamente nossa capacidade de produção de software interno. Isso deu início a um movimento para contratar ativamente não apenas da região de Kansai, mas também de Kanto, aumentando o número de estudantes de exatas com altas qualificações — fortes em matemática e física — para sobreviver à competição tecnológica em áreas como gráficos 3D e sistemas de física", contou Okamoto.
No entanto, Okamoto argumenta que a Big N não se baseia apenas em diplomas das melhores universidades ou em um histórico acadêmico superficial, mas sim que "estão aumentando o número de pessoas com inteligência nata e uma forte paixão por tornar os jogos divertidos. Isso também é resultado do que a imagem da marca consegue atrair".
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Fonte: IGN