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O que é um jogo musou?

Por  • Editado por Jones Oliveira |  • 

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Divulgação/Nintendo, Koei Tecmo, SEGA
Divulgação/Nintendo, Koei Tecmo, SEGA

A era 3D dos videogames foi um verdadeiro laboratório de ideias e inovações que seguem vivas até hoje. A tecnologia evoluiu, permitindo que os jogos pudessem ter cada vez mais elementos na tela. Assim, surgiu Dynasty Warriors 2 e um dos gêneros mais constantes da indústria: o musou.

Apesar de ser um nicho e de ter sua popularidade e volume de vendas questionados, o gênero musou segue vivo há mais de duas décadas. Assim como os hack and slash, o subgênero é frequentemente criticado por parecer básico em sua jogabilidade de "esmagar botões", o que definitivamente não é o caso.

Os jogos musou permitem que os jogadores se sintam poderosos o bastante para arrasar centenas de inimigos com poucos golpes, proporcionando uma sensação de invencibilidade e destruição.

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Essa abordagem de "1 contra 1.000" remonta aos filmes clássicos de artes marciais conhecidos como Wuxia, que apresentam heróis lendários que dominam técnicas de luta, desafiam a gravidade e enfrentam dezenas de inimigos de forma estilosa.

Para explicar mais sobre o gênero, vamos remontar a história dos jogos musou, que seguem populares entre os amantes do estilo mesmo mais de 20 anos após sua estreia.

Como surgiu o gênero musou?

Para entender melhor o que é e como funciona o gênero musou, primeiro precisamos mergulhar em suas raízes.

Fundada em 1978, a Koei foi uma popular editora japonesa sediada em Yokohama (antes de se tornar a Koei Tecmo, como conhecemos hoje), conhecida por sua franquia de jogos de simulação histórica baseada no Romance dos Três Reinos. Em 1996, após quase 20 anos na indústria, a empresa decidiu que era hora de expandir seu portfólio e fundou a divisão Omega Force. A primeira missão do novo estúdio era se aventurar no gênero de luta 3D, que estava explodindo em popularidade na época.

O resultado desses esforços foi Sangoku Musou, lançado no Ocidente como Dynasty Warriors para o PlayStation. Por ora, esqueça aquele papo de "1 contra 1.000": o primeiro jogo da franquia era um game de luta com armas, tal como seu conterrâneo Soulcalibur, que foi extremamente popular no fim dos anos 1990 e no começo da década seguinte.

O gênero musou, na verdade, só foi inaugurado em 2000, quando a Omega Force viu a oportunidade de trilhar um novo caminho, saindo de um mercado relativamente saturado de jogos de luta 3D. Dessa premissa surgiu Shin Sangoku Musou, que mudou de nome no Japão pela diferença gritante em relação ao seu antecessor. No entanto, o jogo chegou ao Ocidente como Dynasty Warriors 2, e desde então há uma discrepância na numeração dos títulos, com a versão japonesa sempre um número atrás de seu equivalente ocidental.

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Dynasty Warriors 2 foi um dos títulos de lançamento do PlayStation 2, e essa informação é muito relevante. Foi graças ao console da Sony que o gênero musou nasceu: seu avanço tecnológico permitiu que as mudanças da Omega Force fossem implementadas, possibilitando inúmeros elementos simultâneos na tela, núcleo do musou.

Diferente de Sangoku Musou, Dynasty Warriors 2 abandonou o estilo de luta 3D por um combate hack and slash, no qual os jogadores podiam escolher um general lendário e enfrentar exércitos de inimigos que enchiam a tela.

Assim surgiu o primeiro jogo no estilo musou, com a Koei criando um novo subgênero que duraria décadas e que seria implementado em franquias famosas como The Legend of Zelda, Persona e até mesmo One Piece.

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Principais características de um jogo musou

Como todo gênero de videogame, o musou conta com pilares que o definem. Apesar de muitos jogadores resumirem a ação do subgênero a simplesmente "esmagar o botão de ataque", os jogos musou são ricos e têm características próprias que definem se um título é bom ou ruim.

Núcleo de combate dos musou

Como dito, o núcleo de todo musou é o combate "1 contra 1000". Espere ver dezenas e até centenas de inimigos na tela, além da sensação de poder e invencibilidade que o gênero transmite ao jogador a cada golpe desferido.

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O combate dos musou normalmente tem como base ataques leves e fortes que podem ser combinados para gerar combos cheios de ação e cinematográficos. Esses combos são acessíveis, o que não torna o sistema de combate fácil ou simples de dominar, como alguns jogadores pensam.

Outro fator importante é o Ataque Especial Musou, que consiste em uma barra que enche conforme os jogadores derrotam inimigos ou sofrem dano. Após preenchida, o jogador pode executar um ataque secundário devastador. Além de trazer aquele sentimento de poder, a mecânica também ajuda os guerreiros quando estão encurralados e pode ser usada como uma estratégia para alcançar o objetivo.

O combate varia entre os jogos, podendo conter esquiva, bloqueio, parry (aparar) e contra-ataque, o que adiciona uma camada extra de estratégia. Quanto aos inimigos, espere NPCs fracos, como tropas comuns, e alguns generais e oponentes mais fortes, normalmente ligados ao objetivo principal.

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Campo de batalha e objetivos definem estratégias

Outro elemento importante do gênero é o mapa, onde reside a complexidade do estilo. Não pense que basta sair esmagando o botão de ataque para ser vitorioso.

É necessário administrar bem a área de combate e ficar sempre atento às várias bases e setores nos quais os mapas são divididos. Embora nem todo jogo musou tenha um mundo aberto, a maioria se passa em campos de batalha amplos e dinâmicos. O jogador deve continuamente ficar de olho no mapa e definir qual objetivo é mais importante, seja ele defender uma base, capturar postos inimigos, proteger aliados ou até derrotar generais de outros exércitos.

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Essa necessidade de tomar uma decisão e mudar constantemente o papel do jogador deixa claro que dominar combos e esmagar botões de ataque não é o suficiente nos musou.

Elenco de personagens diverso

Nos jogos musou, normalmente controlamos grandes heróis, generais lendários e líderes poderosos. Um bom título do gênero oferece uma vasta gama de personagens jogáveis, com diferentes armas e estilos de jogo.

Essa variedade normalmente é acompanhada de tipos de progressão e habilidades diferentes, que são ressaltados por elementos de RPG como sistema de níveis, looting e atributos. Os combos também variam de personagem para personagem, o que aumenta muito o fator de rejogabilidade, permitindo experimentar vários caminhos e enfrentar hordas de maneiras diferentes.

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Contudo, um grande número de personagens jogáveis nem sempre é um ponto positivo ou bem aproveitado. Muitos jogadores reclamam de personagens que são parecidos uns com os outros, compartilhando o mesmo conjunto de movimentos básicos e diferenciando-se apenas nos ataques especiais, por exemplo.

Diferentes tipos de NPCs

Além dos próprios heróis controlados pelos jogadores, os musou também contam com alguns tipos de NPCs diferentes, entre eles inimigos e aliados. Alguns jogos permitem que os jogadores formem uma equipe por meio de recrutamentos. Esse sistema também permite criar estratégias dependendo dos aliados que entrarem para o time.

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Já os inimigos costumam se dividir em fracos e fortes, sendo o primeiro deles normalmente usado como saco de pancadas para os heróis, enquanto os fortes são como chefes que normalmente servem como obstáculos para o cumprimento de objetivos.

Evolução do musou e spin-offs

Apesar de ser um nicho, o gênero musou segue uma trajetória curiosa, oscilando entre a baixa percepção do público geral e da mídia e sua consolidação ao longo dos anos. Mesmo não sendo o subgênero mais popular, a Omega Force conseguiu chamar a atenção de grandes franquias da indústria, além de desenvolver seus próprios jogos e crossovers.

Para alcançar este feito, a desenvolvedora continuou produzindo inúmeros jogos musou ao longo dos anos. Sua principal franquia, Dynasty Warriors, já contou com 10 lançamentos desde o PlayStation, sem contar os inúmeros spin-offs. Sua outra série, Samurai Warriors, também inclui uma dezena de títulos. Ambas as séries colidiram na franquia crossover conhecida como Warriors Orochi, que também recebe lançamentos frequentes.

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Para saber se um subgênero deu certo, basta ver como as grandes franquias e empresas o abordam. Podemos ver isso com Ori, série de jogos metroidvania de alta qualidade publicados pelo Xbox após o gênero voltar com tudo em meados de 2015.

Com os musou, a coisa não foi diferente. Hyrule Warriors: Age of Calamity (The Legend of Zelda), Fire Emblem Warriors: Three Hopes, One Piece: Pirate Warriors 4 e Persona 5 Strikers adotaram as mecânicas e a alma dos musou e as incorporaram em suas respectivas séries.

5 jogos essenciais: por onde começar a jogar musou?

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Apenas a Omega Force já lançou dezenas de jogos musou, então é de se esperar que há muitos jogos neste estilo, seja desenvolvido pelo time da Koei, ou terceiros que abraçaram o gênero. Por isso, pode ser difícil encontrar um jogo para começar nos musou, então selecionamos alguns jogos para por o 'dedinho na água' antes de se jogar de cabeça no gênero.

1. Dynasty Warriors 8: Xtreme Legends Complete Edition

Para uma experiência completa, Dynasty Warriors 8: Xtreme Legends Complete Edition pode ser uma excelente pedida para se afundar no gênero musou. O jogo oferece uma vasta gama de personagens (cerca de 80), cenários, conteúdos e um modo história robusto e rejogável.

Não se preocupe, o "1 contra 1000" ainda está por aqui, mas com melhorias como o Sistema de Afinidade de Armas e a mecânica de contra-ataque, que aprofundam ainda mais o combate. O jogo está disponível em plataformas como PC, Nintendo Switch e PlayStation 4.

2. Hyrule Warriors: Definitive Edition

Citamos The Legend of Zelda várias vezes, e não foi por acaso. Hyrule Warriors: Definitive Edition é a prova de como a fórmula musou pode ser adaptada para universos fantásticos. Em vez de generais chineses, aqui controlamos heróis icônicos como Link, Zelda e Ganondorf.

O jogo é uma carta de amor à franquia, com cada personagem, mapa e item sendo uma referência direta aos clássicos. A versão definitiva para Nintendo Switch inclui todo o conteúdo já lançado, garantindo centenas de horas de diversão.

3. Persona 5 Strikers

Se você busca uma experiência com mais foco na narrativa e elementos de JRPG, Persona 5 Strikers é a porta de entrada ideal. Funcionando como uma sequência direta de Persona 5, o jogo troca o combate por turnos por uma ação musou frenética, mas sem perder a alma da série.

O gerenciamento de Personas, a exploração de dungeons e a forte interação entre os personagens estão todos aqui, criando um híbrido único que agrada tanto aos fãs de musou quanto aos de RPG. O jogo está disponível para PC, PlayStation 4 e Nintendo Switch.

4. One Piece: Pirate Warriors 4

Poucos universos se encaixam tão bem na proposta "um contra mil" quanto o de One Piece. Pirate Warriors 4 captura perfeitamente a escala épica das batalhas do anime e do mangá, permitindo que você use os poderes absurdos dos Piratas do Chapéu de Palha para dizimar hordas de marinheiros e inimigos.

Com personagens que podem se tornar gigantes, destruir edifícios e criar ataques devastadores, este jogo é a pura fantasia de poder que define o gênero, te colocando no caos criado por Eiichiro Oda. Disponível para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

5. Fire Emblem Warriors: Three Hopes

Este é o exemplo perfeito de como a camada estratégica pode enriquecer a fórmula musou. Baseado no universo de Fire Emblem: Three Houses, o jogo vai além de simplesmente conquistar bases.

É preciso dar ordens a outros generais no mapa, explorar fraquezas de inimigos com o clássico triângulo de armas da série e tomar decisões que afetam o desenrolar da história. Three Hopes é a prova de que esmagar botões pode andar de mãos dadas com elementos de estratégia. O jogo é um exclusivo do Nintendo Switch.

Musou não é sobre esmagar botões 

Ao longo de mais de duas décadas, o gênero musou provou ser muito mais do que um simples "esmagador de botões". Nascido da inovação tecnológica do PlayStation 2 e da visão da Omega Force, ele se estabeleceu como um pilar constante na indústria, oferecendo uma fantasia de poder e viciante que poucos outros estilos conseguem replicar.

Sua verdadeira força, no entanto, reside em sua surpreendente flexibilidade e acessibilidade. A capacidade de fundir seu combate caótico com franquias como The Legend of Zelda, Fire Emblem e Persona, mostra que sua fundação é sólida e adaptável. A camada tática de gerenciamento do campo de batalha, muitas vezes subestimada, revela uma profundidade que recompensa os jogadores mais atentos.

Embora talvez nunca alcance o estrelato dos gêneros mais populares, o musou conquistou um nicho leal e apaixonado. Ele segue firme, evoluindo e se reinventando a cada novo crossover e a cada nova geração de consoles, provando que a satisfação de derrotar um exército inteiro sozinho é, e sempre será, uma das experiências mais poderosas dos videogames.

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