10 jogos retrô que estão de volta após décadas
Por Gabriel Cavalheiro • Editado por Jones Oliveira |

Remakes e remasterizações de jogos nunca estiveram tão em alta. Sejam coletâneas que reúnem títulos clássicos em plataformas modernas ou mesmo remakes mais elaborados, como no caso dos mais recentes Resident Evil, o retrô gaming está mais badalado do que nunca.
E não são apenas os fãs que perceberam a importância de trazer jogos clássicos para a atualidade. Grandes empresas também vêm investindo pesado para trazer seus games antigos para novos públicos por meio de melhorias de qualidade de vida ou mesmo uma reformulação completa.
Afinal, não estamos falando apenas de dinheiro, mas também de preservação. Ao trazer jogos da geladeira, as desenvolvedoras permitem que a experiência seja preservada e acessível, mesmo após 20 ou 30 anos.
Pensando nesses jogos retrô que retornaram do mundo dos mortos após décadas na geladeira, nós do Canaltech reunimos 10 títulos clássicos que ganharam uma nova chance.
10. Metal Gear Solid Delta: Snake Eater
Metal Gear ficou em um limbo desde que Hideo Kojima deixou a Konami em 2015. Na verdade, a própria companhia japonesa acabou deixando a indústria de games de lado para focar em outros negócios.
No entanto, a Konami prepara um retorno triunfal desde 2022, quando anunciou que voltaria com diversas franquias como Silent Hill. Além disso, a empresa também trouxe um clássico do PlayStation 2 para plataformas modernas: com o grandioso Metal Gear 3: Snake Eater na nova edição "Delta".
Lançado originalmente em 2004, Metal Gear 3: Snake Eater é uma prequel da série de espionagem e ação que se tornou rapidamente um clássico cult. O remake de 2025, Metal Gear Solid Delta: Snake Eater, trouxe melhorias de jogabilidade, gráficas e de qualidade de vida, com animações repaginadas e gráficos mais bonitos.
No entanto, o remake desenvolvido na Unreal Engine 5 foi duramente criticado por seu lançamento com problemas de performance. Alguns colocam a culpa disso no próprio motor gráfico.
9. Resident Evil 2
Não muito tempo atrás, a Capcom era vista como pária na indústria. Seus esforços fracassados de tentar levar a franquia Resident Evil para um público geral, com priorização da ação ao survival horror, provaram-se um verdadeiro tiro pela culatra. A empresa japonesa, antigamente reconhecida por suas franquias lendárias, passou por um período de crise de identidade sem precedentes.
Foi neste cenário que nasceu Resident Evil 7. Este, apesar de dividir opiniões, se tornou um renascimento da franquia survival horror e da própria Capcom. Ao adotar um modelo de negócios de fazer mais com menos, a empresa restaurou toda sua credibilidade e agora desfruta de um de seus melhores momentos desde sua criação.
O remake de Resident Evil 2, lançado originalmente para o primeiro PlayStation em 1998, fez parte dessa reconstrução de identidade ao trazer um verdadeiro clássico totalmente repaginado.
Resident Evil 2 não apenas fez a tradução da movimentação 'tank' para a era moderna, como entregou gráficos que tiram o fôlego de qualquer um até hoje. Além disso, o projeto aprimorou a aclamada RE Engine, motor gráfico que deu vida a vários outros jogos posteriores da Capcom.
8. Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp
Apesar de sua vida curtíssima, o Game Boy Advance segue sendo o xodó de muitos jogadores, principalmente por conta da popularização da emulação. O último portátil da linha Game Boy trouxe ao mundo diversas franquias como os populares jogos de Pokémon, Fire Emblem e uma franquia de estratégia que ficou anos na geladeira.
Advance Wars é considerado um dos melhores títulos de GBA, bem como um prato cheio para quem curte jogos de estratégia. Em 2024, a franquia ganhou um remake para o Nintendo Switch intitulado Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp, trazendo os dois títulos que se popularizaram no início dos anos 2000.
Os gráficos originais em pixel art envelheceram muito bem, apesar disso, a Nintendo resolveu trazer uma versão em 3D com várias melhorias. Uma das principais é a inclusão de recursos online, como PvP e o compartilhamento de mapas criados por usuários em Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp.
7. Silent Hill 2
Voltando a falar da Konami, é impossível deixar de lado o excelente remake que a empresa trouxe ao contratar a Bloober Team para levar o clássico Silent Hill 2 à plataformas modernas.
É possível traçar um paralelo entre os remakes de Resident Evil e Silent Hill, visto que ambas as séries usavam e abusavam de câmeras fixas, gráficos pré-renderizados e movimentação 'tanque'.
Apesar de gerar certa apreensão em trailers, o remake de Silent Hill 2 surpreendeu muitos jogadores em 2024, ao trazer um jogo moderno que faz jus ao capítulo original da série. Além disso, a Bloober Team foi bastante elogiada pela atualização gráfica e uso de recursos de última geração como Lumen e Nanite.
Outras melhorias, como o combate e as lutas contra chefes, também foram destaque no remake de Silent Hill 2. Apesar de moderno, o projeto não abandonou o terror apresentado no PlayStation 2.
6. Final Fantasy VII Rebirth
Um dos exemplos mais famosos de remake recente de clássicos é, sem dúvidas, Final Fantasy VII. A Square Enix decidiu dividir o JRPG original de 1997 em três partes, trazendo as duas primeiras (Remake e Rebirth) com exclusividade temporária nos consoles PlayStation.
Os remakes de Final Fantasy VII não só trazem uma melhoria gráfica absurda do original (que, cá entre nós, os personages lembravam bonecos de Playmobil), como reformulam todo o combate. Em vez de reutilizar o sistema de batalha por turnos, que não é muito atraente para jogadores mais novos, a Square Enix optou por trazer um combate de RPG de ação com um modo tático.
Final Fantasy VII Remake, de 2020, abraça a primeira parte do jogo ao trazer Cloud e seus companheiros às ruas e reatores de Midgard, enquanto Final Fantasy VII Rebirth, de 2024, amplia a exploração e traz um amplo mundo aberto e mais liberdade aos jogadores.
Mesmo lançados com exclusividade nos consoles da Sony, posteriormente chegaram ao PC. No entanto, a partir de 2026 tanto os jogadores de Nintendo Switch 2 como os de Xbox poderão aproveitar a aventura clássica modernizada da Square Enix.
5. Super Mario RPG
Considerado por muitos como um dos melhores RPGs para introduzir novatos ao gênero (ao lado de Chrono Trigger), Super Mario RPG é um remake para Nintendo Switch do jogo lançado originalmente em 1996 para o Super Nintendo.
A nova versão do RPG do Mario substitui os velhos gráficos isométricos 2D por uma nova abordagem em 3D, mas preserva o estilo de jogo inovador de acertos cronometrados. O remake de 2023 também traz um indicador que facilita esses acertos cronometrados e uma nova barra de ação que enche ao realizá-los.
Infelizmente, Super Mario RPG do Nintendo Switch não conta com localização em português do Brasil, o que poderia abrir as portas para o título ser a porta de entrada perfeita para novos jogadores no gênero RPG.
4. System Shock
O avô dos immersive sims, System Shock, é outro jogo clássico que ganhou remake. O jogo original foi lançado em 1994, serviu de inspiração para franquias como BioShock e Deus Ex e se tornou uma verdadeira referência ao abordar uma temática Sci-Fi com maestria.
Anunciado em 2015, o remake de System Shock ficou a cargo da Nightdive Studios, desenvolvedora conhecida por trazer clássicos remasterizados como Turok e Shadow Man. O jogo foi desenvolvido na Unreal Engine 4 e saiu do papel graças a um financiamento coletivo realizado no Kickstarter em 2016.
Apesar de chegar somente em 2023, System Shock tinha como lançamento inicial previsto para 2017 (sim, só saiu seis anos depois). Na verdade, o jogo sofreu várias crises de identidade: ele passou de um remake para um reboot, depois voltou a ser um remake novamente. Essa indecisão da Nightdive Studios levou ao adiamento e constantes paralisações no desenvolvimento do jogo.
Em System Shock, os jogadores devem enfrentar SHODAN, uma inteligência artificial que tomou o controle de uma estação espacial chamada Cidadela. Ela transformou todos os tripulantes em um exército de ciborgues mutantes e cabe aos jogadores salvarem o dia. No fundo, o espírito do FPS é de tentar atualizar mecânicas enquanto preserva a versão original, com foco nas plataformas modernas.
3. ActRaiser: Renaissance
Os anos 90 viram muitas criações bizarras e misturas jamais antes imaginadas. Um excelente exemplo de "mistureba" que tem seu charme é ActRaiser. O clássico do Super Nintendo colocava os jogadores no papel de Deus, com o gerenciamento de recursos, territórios e fiéis enquanto expande a vila de seus seguidores.
No entanto, o gameplay muda radicalmente ao entrar em combate contra monstros. Nesta etapa, ActRaiser abandona totalmente o estilo de estratégia e simulação e torna-se um jogo de plataforma. Deus desce à Terra para encarnar em um guerreiro poderoso e destruir os monstros com uma espada.
Desenvolvido pela Sonic Powered e publicado pela Square Enix, o remake Actraiser Renaissance chegou 30 anos depois do original e substitui os gráficos em pixel art por um visual 2D-HD. O jogo trouxe conteúdos extras e expandiu o gerenciamento, elementos importantes no título original de 1991.
Apesar de não ter feito tanto barulho em seu lançamento em 2021, Actraiser Renaissance conseguiu uma recepção crítica positiva e os jogadores da Steam parecem ter gostado da nova roupagem.
2. Alex Kidd in Miracle World DX
Antes de um certo ouriço azul virar sensação no mundo todo e estampar a cara da SEGA, o papel de mascote da rival da Nintendo ficava a cargo de Alex Kidd, um pequeno guerreiro orelhudo que resolve conflitos no Jokenpô.
Apesar de hoje ser desconhecido pela maioria dos jogadores mais novos, Alex Kidd foi um dos grandes destaques da SEGA no Master System. O personagem protagonizou vários jogos, sendo o mais famoso deles Alex Kidd in Miracle World, o título-assinatura do console de 8-bits da japonesa.
O último título de Alex Kidd foi a paródia In Shinobi World de 1990, baseado no mesmo Shinobi que também foi ressuscitado pela SEGA (este em 2025). Desde então, o pequeno guerreiro nunca mais foi visto, pelo menos não até pouco tempo atrás.
Foi em 2021, 35 anos depois da estreia do ex-mascote da SEGA, que a Merge Games lançou Alex Kidd in Miracle World DX, um remake do primeiro jogo de Alex Kidd com uma bela pixel art modernizada. Mas não se engane: a jogabilidade e o combate também foram refinados, visto que o título original era de 1986.
1. Haunted Castle
A Konami se destacou por trazer Silent Hill das cinzas e mostrar seu interesse em retornar à saga de Metal Gear. Apesar de praticamente ausente do mercado por quase uma década, a empresa seguia com alguns jogos menores e sua ambição de trazer títulos clássicos em coletâneas. Esse é o caso de Castlevania, série metroidvania que deixou muitos fãs órfãos.
Quem cresceu jogando Castlevania teve que se contentar com coletâneas que compilavam jogos do NES, SNES, GBA e, em 2024, abraçaram o Nintendo DS. Castlevania: Dominus Collection se destacou ao trazer três títulos originais do portátil da Nintendo, com uma adaptação de forma exemplar à segunda tela do DS, um empecilho até hoje para ports e emulação do sistema.
No entanto, além dos jogos de DS, a coleção também trouxe Haunted Castle, jogo da série Castlevania de arcade, totalmente esquecido de 1988. Quem pôde experimentar o título original sofreu com os controles rígidos e lentos, gráficos estranhos e um verdadeiro "papa-fichas", o que desbalanceava totalmente sua dificuldade.
Com Castlevania Dominus Collection, Haunted Castle foi o jogo mais odiado da série para uma jóia escondida na coletânea. Isso porque a Konami relançou o título como Haunted Castle Revisited, um remake feito do zero e que melhorou em muitos aspectos o jogo original.
O primeiro deles é o visual, que passou de um estranho conglomerado de pixels para um lindíssimo estilo pixel-art em HD. A dificuldade também foi ajustada para parecer mais com jogos de NES e SNES, garantindo uma verdadeira experiência clássica de Castlevania.
No fim, demorou apenas 36 anos para que Haunted Castle fosse ‘consertado’ e transformado em um dos melhores jogos da franquia.
10 jogos retrô que estão de volta
Apesar de muitos jogadores verem essa nova onda de remakes e remasterizações como preguiça ou falta de criatividade em jogos atuais, a verdade é que esse segmento é importante para a indústria como um todo.
Com ele, as desenvolvedoras podem preservar uma experiência e revitalizar para públicos mais novos, com a garantia de que muitos tenham acesso a mídias já perdidas. Os remakes também permitem explorar novas visões sobre clássicos que marcaram os videogames para sempre, o que traz um alto nível de acessibilidade e modernização.
Confira 10 jogos retrô que estão de volta após décadas:
- Haunted Castle Revisited;
- Alex Kidd in Miracle World DX;
- ActRaiser: Renaissance ;
- System Shock;
- Super Mario RPG;
- Final Fantasy VII Rebirth;
- Silent Hill 2;
- Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp;
- Resident Evil 2;
- Metal Gear Solid Delta: Snake Eater.
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