Com preço de um botijão de gás, Xbox Game Pass se afasta do jogador brasileiro
Por Gabriel Cavalheiro • Editado por Jones Oliveira |

As mudanças do Xbox Game Pass, anunciadas na última quarta-feira (1º), pegaram toda a indústria gamer de surpresa e colocaram em xeque a estratégia da Microsoft para o futuro do Xbox. Para o diretor de pesquisa e insights da empresa de dados Niko Partners, Daniel Ahmad, a principal questão é se o “Game Pass pode ser um produto sustentável fora dos consoles e qual é a melhor forma de alcançar esse público”.
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O aumento monumental de preços não foi exclusividade do Brasil: nos Estados Unidos, o Xbox Game Pass Ultimate subiu para US$ 30. A mudança também gerou insatisfação e até boicotes entre os jogadores de lá, mas a viabilidade de assinar o serviço nos EUA ainda é muito maior que no Brasil, onde a assinatura chega a R$ 119,99 — o equivalente a 7,9% do salário mínimo (cotado a R$ 1.518,00 em agosto de 2025).
“A aposta que a Microsoft está fazendo aqui é que sua base de consoles existente permaneça leal ao Game Pass com preços mais altos (ou os preços atuais com o Premium), enquanto busca acelerar o crescimento no PC, PS5 e Switch 2 através de lançamentos no primeiro dia/ports tardios com preço cheio”, contou Ahmad em uma publicação no X (antigo Twitter) nesta quarta-feira (1º).
Para expandir o serviço, Ahmad defende que a Microsoft precisará oferecer um plano de entrada de baixo custo, como uma categoria com anúncios — algo recorrente em outros modelos de assinatura. “No mínimo, isso exigirá um custo de entrada mais baixo (Xbox Game Pass Essential) e a experimentação com ofertas exclusivas para a nuvem, com suporte de anúncios ou focadas em dispositivos móveis”, contou o especialista.
A ideia de um plano do Xbox Game Pass com anúncios, que poderia oferecer serviços como o xCloud por um preço mais acessível, já é especulada há algum tempo e seguiria o modelo de outras plataformas, como a Netflix e o Prime Video.
Cada vez menos motivos para comprar um Xbox no Brasil
O Brasil tem sido um alvo frequente das mudanças de preços e da oferta de serviços do Xbox. Um exemplo é a limitação de hardware, com varejistas brasileiros relatando falta de estoque do Xbox Series X no início do ano.
No mercado paralelo, o console com leitor de disco chega a custar R$ 7 mil, valor muito próximo ao do PlayStation 5 Pro. Até mesmo o Series S, modelo de entrada da geração, pode ser encontrado em algumas lojas por preços mais altos que os de um PS5 padrão. Além disso, os consoles da Microsoft sofrem com constantes aumentos de preço em todo o mundo.
A mídia física sofre do mesmo mal que o hardware, apesar de o Xbox Series X possuir um leitor de discos. Estúdios do próprio Xbox Game Studios deixam de lançar jogos em formato físico, como a Ninja Theory, o que representa um duro golpe na preservação dos games — um tema que muitos executivos do Xbox, como a presidente da marca, Sarah Bond, já defenderam anteriormente.
O Xbox também tem aparecido de forma tímida em eventos no Brasil, principalmente em comparação com a Nintendo, que além da forte presença em feiras, investe pesado em marketing no país — algo que a Microsoft parece ter desistido há algum tempo.
Concorde-se ou não, a estratégia multiplataforma da Microsoft afeta a forma como os consumidores escolhem gastar seu dinheiro. Se os exclusivos do Xbox chegarão, uma hora ou outra, a consoles como o PlayStation 5 ou o Nintendo Switch 2, qual é a motivação para comprar um Xbox Series?
A resposta para essa pergunta costumava ser óbvia: o Xbox Game Pass. Isso até o recente aumento de preço, que para entregar praticamente os mesmos benefícios de antes, agora custa o equivalente a um botijão de gás no Brasil.
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