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Ano de demissões: um balanço triste sobre o mercado de games em 2025

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/AdHoc Studio
Divulgação/AdHoc Studio

O mercado de games exige mentes criativas e centenas de profissionais, todos em prontidão para entregar as melhores experiências possíveis aos fãs. Se dificuldades como a cultura do crunch e a falta de reconhecimento os impactam, há um vilão maior e mais assustador nas sombras: as demissões.

Milhares de profissionais são jogados no “olho da rua”, não por terem produzido um jogo ruim ou por falhas comportamentais. Com desculpas de ajustes econômicos, substituição de funções pela inteligência artificial ou apenas “cortes estratégicos”, muitos deles são escanteados na indústria.

Vamos relembrar algumas das demissões em massa que impactaram os games no ano de 2025 e como isso afetou algumas de suas experiências favoritas. O balanço é triste, mas também é importante não esquecer aqueles que tiveram seus potenciais desperdiçados por várias razões corporativas.

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Escuridão na Supermassive Games

Diversos estúdios, sejam grandes ou pequenos, tiveram de lidar com demissões em massa no ano de 2025. A Supermassive Games, de sucessos como Until Dawn e da série The Dark Pictures, foi uma delas.

Durante o 2º semestre, eles mandaram diversos desenvolvedores embora sob o pretexto de “adaptar a estrutura da equipe”. Isso gerou um grande impacto nos seus projetos, como no adiamento de Directive 8020. 

E não foi apenas este que sofreu com as demissões. Por coincidência ou não, Little Nightmares III foi lançado recentemente e muitas das reclamações giram em torno da sua qualidade — tanto técnica quanto na sua narrativa.

O estúdio sempre foi bem-visto dentro da comunidade do mercado de games, mas após as demissões, adiamentos e queda expressiva de performance, há dúvidas se eles vão manter o padrão ou se deixaram a peteca cair de vez.

Tomb Raider entrou na mira

Hoje sabemos que existem 2 jogos da franquia Tomb Raider em desenvolvimento, mas isso ainda não é o “final feliz” que todos queriam. Para muitos desenvolvedores da Crystal Dynamics, esse foi apenas o começo do fim. 

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Em nome da “saúde de longo prazo” e por não querer impactar as “condições de negócios em evolução”, a ordem foi de passar a faca: nisso tudo, “tchau” para uma parcela significativa de toda a sua equipe. 

Vale notar que a companhia foi adquirida pela Embracer Group nos últimos anos, que não é nova nessa movimentação de demissões. Há pouco tempo, eles foram responsáveis por milhares de pessoas desempregadas, fechamento de estúdios e cancelamento massivo de projetos.

Outro impacto forte foi da Microsoft, que teve sua própria parcela nesta história. Eles cancelaram o projeto do novo Perfect Dark que a Crystal Dynamics trabalhava, o que causou fortes reclamações do público e empregos extintos dentro do time de desenvolvimento. 

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Demissões na Rockstar Games

GTA 6 é um dos projetos mais aguardados de todos os tempos. A Rockstar é um dos estúdios mais lucrativos da história, com apoio da Take-Two Interactive, que nada na grana com diversos estúdios sob as suas asas. Porém, nem isso impediu uma equipe inteira de ser demitida em 2025.

A desculpa, desta vez, não foi relacionada a prejuízos, mudanças organizacionais ou qualquer outro papo que os executivos usam em seu cotidiano. Foi algo mais simples: os desenvolvedores se uniram a um sindicato e isso não “pegou bem” com os seus superiores.

Enquanto a Rockstar afirma que eles vazaram informações sensíveis para outros membros da estrutura sindical, os ex-funcionários compartilharam que não há diálogos comprometedores ou dados sobre GTA 6 entre as conversas que tiveram com os líderes de sua união. 

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Esta situação virou uma grande bagunça, que levou a protestos, abaixo-assinado de devs que continuam no estúdio com pedido de reintegração, investigação de órgãos governamentais e muito mais. Nenhuma das demissões de 2025 foi revertida, mas eles ainda lutam com este objetivo. 

Tchau, Square Enix

Com o cancelamento de diversos projetos no Ocidente, a Square Enix deu o golpe de misericórdia e também fechou seus escritórios nos países europeus e norte-americanos. O resultado disso foram mais de 100 pessoas demitidas.

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A companhia afirmou que ia operar uma “uma reestruturação fundamental da organização de publicação no exterior”, mas a verdade é uma só: seus esforços estarão voltados para o Japão a partir de agora.

Enquanto vimos alguns títulos como os remakes de Final Fantasy VII chegarem com legendas, por exemplo, dezenas de outros não tiveram o mesmo cuidado. E a situação vai piorar daqui em diante, pode anotar.

Final Fantasy Tactics - The Ivalice Chronicles, Octopath Traveler 0 e outros jogos lançados em 2025 sequer tiveram seus diálogos localizados. Este tipo de cuidado costuma vir dos escritórios locais, mas neste ano foram extintos. 

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Nintendo tira o pé da região

Nem mesmo a Nintendo escapou das demissões em 2025, com mudanças que impactaram o emprego de muitas pessoas ao longo do ano. No caso dela, foram 200 vagas extintas em uma mudança brusca em suas operações.

Fontes relataram que a Nintendo of America fechou várias agências que atuavam em prol dos países da América do Sul (inclusive no Brasil), com a substituição destes profissionais por equipes terceirizadas. 

Destes 200, alguns foram demitidos após muitos anos de dedicação às vagas sem direito a aviso prévio ou qualquer comunicado. Claro que a ação não foi nada bem-vista e parte da comunidade se preocupa com o enfraquecimento do serviço oferecido pela companhia.

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Ex-funcionários alertam aos fãs que a qualidade do atendimento ao cliente vai cair e, mesmo com treinamentos, a situação não será simples de ser resolvida. Ou seja, se comprar um Switch 2, torça para não ter problemas.

A queda da Virtuos

Ainda que as demissões circulem no mercado de games norte-americano pelo ano de 2025, elas também impactaram a China e estúdios como a Virtuos. Ali, a tragédia foi grande: mais de 300 vagas extintas.

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O estúdio, que trouxe recentemente The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered e Metal Gear Solid Delta: Snake Eater, eliminou empregos em vários de seus escritórios globais — inclusive na Europa e Estados Unidos.

A companhia já não andava muito bem, com recentes congelamentos de salários e redução de bônus próximo a conclusão de projetos, no mês de fevereiro. Por fim, o corte veio “devido a mudanças estruturais na indústria”.

Porém, na verdade a Virtuos agora aplica a inteligência artificial generativa para desenvolver seus títulos. Eles não se pronunciaram sobre, mas realizaram treinamentos obrigatórios e tratavam o assunto com naturalidade, de acordo com ex-devs. Ou seja, está aí a razão das demissões.

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É importante notar que este temor pela troca de uma equipe humana por IA já é um debate acalorado no mercado de games. Alguns estúdios já se manifestaram a favor da tecnologia, mas outros fizeram um alto investimento para mergulhar de cabeça nessa onda.

Krafton e Electronic Arts são dois deles, que em 2025 revelaram que foram injetados milhões de dólares para aplicá-las em todos os seus processos. Com custos menores em vista, demissões são esperadas e muitos desenvolvedores já se sentem ameaçados pela abordagem.

A bomba das demissões da Microsoft

Apesar de todas as vagas extintas por estas companhias durante o ano, nenhuma foi tão grandiosa quanto a que vimos pelas mãos da Microsoft. A gigante dos Estados Unidos demitiu o impressionante número de 9 mil funcionários no mês de julho.

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Isto gerou uma grande bagunça em 2025, já que impactou diversos estúdios Xbox e projetos já confirmados pela corporação. Entre os afetados estão a Rare, Raven Software, Sledgehammer Games, Avalanche Studios e até a Turn 10 Studios — de Forza Motorsport.

A The Initiative, estúdio que produzia Perfect Dark ao lado da Crystal Dynamics, até fechou as suas portas. O projeto foi cancelado e voltou para a geladeira de franquias que são mantidas pela Microsoft.

A aventura não foi a única impactada. Títulos como Everwild, o MMORPG Blackbird e Contraband também passaram pelo cancelamento — assim como o suporte de vários games que vão chegar ao fim com a movimentação. 

A Microsoft não se manifestou sobre as demissões, mas passou a abrir vagas com artes criadas por inteligência artificial e acendeu um grande alerta para a comunidade. Não é mistério para ninguém seus altos investimentos na tecnologia e muitos concluem que estas equipes foram apenas “substituídas”.

Esta situação ficou ainda mais séria depois que um executivo do Xbox, Matt Turnbull, recomendou que os milhares que passaram pelas demissões buscassem apoio emocional das IAs generativas

Isso pode significar que o investimento, que iria para o salário dessas pessoas, foi de fato redirecionado para a inteligência artificial. Isso tudo ter ocorrido depois que o CEO da divisão de games, Phil Spencer, ter afirmado que este era o “melhor momento do Xbox” só tornou o gosto mais amargo. 

As demissões nos games em 2025

Há várias razões, conforme vimos, para as demissões atingirem milhares de desenvolvedores ao longo de 2025. IA, ajustes para manter os lucros de suas atividades e até integrar um sindicato se tornaram motivações para os executivos do mercado de games. 

Porém, há aspectos que vão além disso. A indústria chegou a um ponto no qual está cada vez mais demorado produzir um jogo — e muito mais caro. Com as ferramentas e plataformas atuais, o processo é bem mais complexo e carrega uma lentidão absurda.

Basta ver que o PlayStation 5, há quanto tempo você sente que não há lançamentos fortes no console? Ou a demora para vermos projetos como The Elder Scrolls VI e Beyond Good & Evil 2. GTA 6 está em desenvolvimento há 8 anos, desde Red Dead Redemption 2 (se não adiar de novo, claro).

A inteligência artificial é uma tecnologia que busca reduzir este tempo entre projetos, mas alguns estúdios vislumbram que devem injetar todo seu dinheiro nela — e não integrá-la de uma forma natural dentro de suas equipes. O resultado é isso, milhares na rua e jogos continuam atolados.

Não é à toa que títulos como Hollow Knight: Silksong, Hades II, Clair Obscur: Expedition 33, Blue Prince e outros tem se destacado. Há uma brecha enorme nos games AAA, que eles aproveitam para aparecer e mostrar suas ideias originais. 

Alguns até já compreenderam como aplicar a IA e gerar lucros, sem perder a identidade ou ter de demitir a sua própria equipe. Gráficos e uma experiência marcante são importantes, mas o principal dos videogames é a diversão: e por alguns quesitos, eles comprometem todo o restante. 

Viemos de um período de grandes demissões nos últimos anos. A Embracer Group, Sony, Electronic Arts, Ubisoft e outros realizam essa movimentação desde 2023, tendência que se manteve em 2025 com as demais. Deve parar? Infelizmente não, isso é uma tendência que veremos por mais algum tempo.

Com uma adoção cada vez mais ampla da inteligência artificial e o olho apenas sobre os lucros (diversão nos jogos vira um mero detalhe aqui), outros desenvolvedores devem parar na rua em 2026. E você, que apenas quer jogar, terá de sentar e esperar para que os estúdios limpem toda essa bagunça que fizeram. 

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