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Análise | The Division 2 investe na ambientação para ser melhor e mais interessa

Por| 23 de Março de 2019 às 14h20

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Análise | The Division 2 investe na ambientação para ser melhor e mais interessa
Análise | The Division 2 investe na ambientação para ser melhor e mais interessa
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Sete meses pode parecer um curto período de tempo, mas também é um intervalo em que muita coisa pode mudar. Em pouco mais de um semestre, vidas inteiras podem ser ceifadas ou dramaticamente alteradas, principalmente quando estamos falando de um evento como a disseminação do Veneno Verde, que transformou o Natal do ano anterior em um inferno.

Nova York foi apenas o começo e, como The Division 2 mostra muito bem, Washington é um dos palcos centrais dessa infecção. Afinal de contas, estamos falando não apenas de uma das cidades mais importantes do mundo, mas também da capital dos Estados Unidos. A casa de estadistas e do presidente americano também foi tomada pelo caos, ao mesmo tempo em que, logo nas primeiras horas de jogo, percebemos que, ali, há algo como um novo começo.

A civilização colapsou, mas o pânico decorrente disso parece já estar passando. E, com isso, surgem novos resquícios de comunidades e uma vida quase normal, apesar de o caos ainda estar plenamente visível pela janela. E você, enquanto membro da Divisão, é um dos pilares centrais dessa reconstrução. A pressão é grande, os riscos também, e desta vez há muito mais nas suas costas.

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De rua em rua

Uma das principais ideias de The Division 2 é a de comunidade. Logo de início, vemos a destruição de uma para seguirmos a Washington, onde outra já está se estabelecendo. A Casa Branca é nossa base central e, também, uma das principais fortalezas da Divisão, mas não a única, já que rapidamente encontramos novos sobreviventes da catástrofe que estão se restabelecendo.

Da mesma forma que os americanos começam a tentar seguir uma vida seminormal de novo, a mesma coisa vale para os oponentes. Grupos milicianos tomaram locais da cidade e estão entrincheirados em prédios e ruínas que podem ser liberadas pelo jogador, mais ou menos como nos games da série Far Cry. Fazer isso traz paz às ruas, reduz a presença inimiga e, claro, entrega loot, o prêmio principal para os combates de The Division 2.

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O combate acontece das ruas para as estações de metrô, seguindo por dentro de prédios públicos e pelas antigas casas das pessoas. Por mais que as missões sejam parecidas em sua essência, a variação de cenários ajuda a passar uma sensação de frescor, com uma “fase” sendo sempre diferente da outra.

Você estará no terraço de um edifício e, de repente, notará o Capitólio à distância. Depois, um combate franco acontecerá diante do Monumento de Washington, enquanto a fase seguinte o levará ao interior de um banco. Cada arena, se pudermos chamá-las assim, também exige abordagens diferentes quanto à jogabilidade, apesar de ela, essencialmente, ser baseada no clássico “murinho”.

Em meio a missões principais abertas a partir do centro de governo, secundárias obtidas a partir de conversas com NPCs, encontros aleatórios com oponentes pelas avenidas e o combate às fortalezas e bases dos oponentes, temos novamente a ideia de que absolutamente tudo contribui para a evolução do personagem. The Division 2 é um shooter, sim, mas suas bases são mais de RPG do que de game de ação, o que faz com que a evolução do personagem, o gerenciamento de habilidades e o bom uso de armas se torne essencial para seguir em frente.

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A todo momento, você estará carregando diferentes equipamentos e utilizando habilidades diversas. A morte de um oponente pode resultar na obtenção de uma nova joelheira, enquanto a morte de um líder inimigo entrega um belo colete e uma metralhadora poderosa. Navegar pelos menus e entender como tudo funciona é essencial, mas, ao mesmo tempo, traz de volta a longa curva de aprendizado do primeiro jogo.

Em um dos cacoetes trazidos do passado, os menus de The Division 2 voltam a ter a cara de planilhas do Excel. São diversos números, informações e ícones (às vezes, pequenos demais) dispostos na tela para serem lidos e interpretados, assim como uma interface transparente que, muitas vezes, se mistura ao cenário e pode dificultar a leitura em algumas situações. Felizmente, retorna também o sistema numérico que indica se um equipamento é melhor ou pior que o equipado, o que ajuda no gerenciamento básico. Quem quiser ir além, entretanto, pode se preparar para ler muito e forçar bastante a vista.

Cada clique em uma opção de menu abre uma nova interface com ainda mais coisa, resultando em um conjunto que pode se tornar confuso e complexo muito rapidamente. E isso se aplica não somente ao gerenciamento de equipamentos, habilidades e até à vestimenta do agente, como também às comunidades, bases e objetivos. The Division 2 tem muita coisa acontecendo o tempo todo e, na maioria das vezes, é difícil dar conta de tudo.

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Felizmente, a Ubisoft contorna isso com uma progressão livre, que deixa o jogador seguir como quiser. Missões dispostas no mapa podem ser marcadas a qualquer momento, com um GPS indicando o caminho, mas, se desejar, o jogador pode desviar a rota e mudar de ideia sem qualquer tipo de empecilho. A experiência, para alguns, pode se resumir a buscar novas armas e se equipar melhor para as missões, enquanto para outros pode envolver a complexidade das planilhas e uma evolução segmentada de bases e objetivos.

Fora das letras, números e símbolos, a ambientação é um dos maiores destaques de The Division 2. Washington é simplesmente bela e, para quem conhece a cidade, realista, com monumentos dispostos de maneira adequada e prédios efetivamente inspirados em suas contrapartes reais. Mais uma vez, a Ubisoft investe com sucesso em uma de suas maiores forças atuais, que é a construção de mundos.

O apocalipse de carros destruídos e construções em ruínas se mistura a uma natureza que já avança no processo de tomar de volta aquilo que sempre foi dela. Animais vagam pelas ruas como se elas fossem seu habitat natural, enquanto as marcas dos conflitos aparecem por meio dos corpos ainda espalhados por aí. Alguns estão em decomposição, outros não, uma recorrente lembrança que a batalha está longe do fim.

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Na medida em que vamos liberando territórios e avançando pelo mapa, a presença inimiga diminui, enquanto a de aliados aumenta. Pelas ruas, a visão de bandidos é substituída pela de sobreviventes carregando mantimentos ou simplesmente patrulhando, dando indicações de que o trabalho sendo feito pelos agentes pode até ser de formiguinha, mas está dando resultado.

“Alô, é da Divisão?”

O avanço contra as tropas inimigas também se tornou mais fácil quando os inimigos reagem melhor aos tiros recebidos. Por mais que estejamos falando em um conceito de RPG, em que headshots não geram mortes instantâneas e o poder dos ataques está atrelado à força dos personagens e das armas, era bastante estranho ver oponentes não reagirem a um tiro de escopeta no peito. Isso, felizmente, deixou de ser um padrão da franquia.

Usar armas de alto calibre gera efeitos nos inimigos, enquanto os disparos são notados de forma flagrante por eles. Os oponentes controlados pela IA se tornaram mais estratégicos e, quando confrontados, tentam sempre cercar o jogador ou sair de posições de risco. É comum ver um adversário se sacrificando para proteger os outros ou alternando padrões de ataque para cobrir um processo de recarregamento de arma.

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O jogador tem que agir da mesma forma, já que o Rambo não tem vez neste título. Não existe furtividade em The Division 2, o que não significa que o game carece de estratégia. Mais do que saber correr entre os “murinhos”, é preciso tomar decisões rápidas quanto ao caminho a seguir, enquanto uma chuva de balas recai sobre o grupo. Antecipar movimentos dos oponentes é essencial, assim como ter um bom rol de armas à disposição. Contar com ajuda, também, é essencial.

Em sua essência, The Division 2 é um jogo cooperativo. Seguir sozinho não apenas torna tudo mais difícil e custoso, mas também lento. Não que não seja possível avançar desta maneira, mas o título da Ubisoft efetivamente brilha quando compramos seu enredo. Afinal, estamos trabalhando para recompor e proteger a sociedade, e isso, essencialmente, envolve um grupo de pessoas.

Mesmo quem não tem um grupo fixo formado pode encarar os desafios do game desta maneira. Na sequência, a produtora simplificou o sistema de matchmaking, permitindo que os jogadores enviem chamados de socorro para aliados próximos, que servem, basicamente, como um convite para entrar em partidas, auxiliar um aliado caído ou embarcar em missões da história.

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O rádio está sempre ativo e um operador indica quando um parceiro está chamando. Pelo mapa, o jogador decide se quer integrar o grupo de uma missão ou auxiliar amigos rodando pelas ruas. O grupo é formado e tem um líder, que controla a entrada e saída de pessoas, enquanto qualquer um é livre para se desgarrar. Tudo acontece de forma orgânica e natural, sem loadings ou cortes bruscos, a não ser, claro, que você use a viagem rápida.

Com servidores locais e dedicados ao Brasil, temos um acerto no sistema de matchmaking, que funciona de forma ágil e versátil. Há certa demora, às vezes, na localização de parceiros, mas dá para perceber que isso se deve mais ao caráter do pedido que está sendo feito por um jogador do que pela dificuldade da rede em si. Uma vez conectados, quase não existe lag e as quedas de conexão são raríssimas. Quando elas acontecem, também não ocasionam perda de progresso.

Por outro lado, enquanto tudo funciona na infraestrutura online, The Division 2 ainda carece de atualizações e correções de bugs bastante grandes. A própria missão tutorial, por exemplo, travou duas vezes durante nossa experiência, sendo que, em uma delas, foi necessário reiniciar o PlayStation 4. Habilidades móveis como drones ou carrinhos nem sempre funcionam como deveriam e o jogador deve contar com a sorte em sua utilização, já que, às vezes, elas são ativadas e simplesmente se recusam a funcionar, sumindo no cenário ou não realizando ataque algum.

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São pequenos problemas que até minam a experiência e podem colocar o jogador em uma situação complicada, mas são também falhas que sabemos serem simples de corrigir por meio de atualizações. E é aí que entramos no principal elemento de The Division 2, que é sua longevidade e a cauda longa que todos sabemos estar por vir. Em sua proposta inicial, o game já apresenta muita qualidade, o que cria um prognóstico incrivelmente positivo para os próximos anos.

Costuma-se dizer que a Ubisoft sempre acerta na sequência de um jogo e isso é bem verdade aqui. A diferença é que o primeiro The Division, apesar de seus problemas, já era um game bastante interessante e que foi se tornando ainda mais na medida em que a empresa trabalhava nele. Nesta continuação, a produtora não apenas inicia com bases fortes, mas também vai além, resolvendo problemas e adicionando personalidade à fórmula.

Com essa fundação sólida, o resultado é uma ampliação de apostas e um grande incremento na qualidade e atratividade dessa que já é uma de suas franquias mais bem-sucedidas. Em The Division 2, tudo é absolutamente maior e melhor, mesmo que alguns cacoetes ainda estejam presentes. Libertar uma cidade e restabelecer a sociedade jamais foi tão instigante e, no futuro, tudo isso deve ser ampliado ainda mais.

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The Division 2 está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. No Canaltech, o jogo foi analisado no PS4 com cópia gentilmente cedida pela Ubisoft.