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Análise | Mega Man 11 voltou com ferro, fogo e tudo mais que tem direito

Por| 09 de Outubro de 2018 às 12h25

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Análise | Mega Man 11 voltou com ferro, fogo e tudo mais que tem direito
Análise | Mega Man 11 voltou com ferro, fogo e tudo mais que tem direito

Depois de algum tempo achando que o robozinho azul não voltaria mais depois de sua última aventura numerada, com Mega Man 10 em 2010; eis que ele retornou com tudo que tem direito em 2018. O lançamento de Mega Man 11 é, inclusive, o encerramento da comemoração de 30 anos da franquia, que havia se iniciado em 2017 com o lançamento das coletâneas de jogos clássicos, passando pela chegada das compilações da subsérie X no meio deste ano e, finalmente, já perto do próximo aniversário, o mais novo jogo da série principal.

E que retorno! Além do novo game trazer bastante inovação com uma jogabilidade mais moderna e com algumas novidades, bem como uma trilha sonora agradável e gráficos bonitos e atuais. O game mantém muitos elementos característicos da franquia, incluindo suas principais mecânicas e as referências e homenagens espalhadas pelas fases, pelos diálogos e nas cutscenes.

Em Mega Man 11, o jogador é apresentado logo de cara a uma trama que explora um pouco mais do passado entre os doutores Thomas Light e Albert W. Wily, que foram grandes amigos no passado, mas, por terem visões diferentes sobre os estudos e as práticas da robótica, acabaram se separando e tomando rumos diferentes em suas vidas: enquanto o primeiro se torna um grande inventor que contribui para que tanto os robôs quanto os humanos vivam pacificamente, o segundo se torna um gênio do crime que visa criar e usar máquinas para uma agenda própria.

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O novo game, inclusive, mostra um pouco do passado dos dois doutores em cutscenes e o momento crucial em que eles deixaram de ser amigos, quase como se Mega Man 11 fosse uma espécie de recomeço da franquia ao explorar esse momento tão longínquo do lore. Afinal, Light e Wily apartaram-se justamente quando este último apresentou uma criação revolucionária chamado de sistema Double Gear, um dispositivo que eleva as capacidades das máquinas ao seu limite. O gadget, entretanto, foi visto como algo perigoso, pois poderia colocar os robôs em perigo e, assim, o acessório acabou sendo negado.

As ideias de Light, em contrapartida, foram enaltecidas e, após isso, Wily se sentiu humilhado, resolvendo separar-se de seu amigo. Porém, o jogo começa com o gênio malvado retornando às pesquisas com o Double Gear. Depois de finalizá-lo (e aprimorá-lo), o vilão rouba oito robôs criados por seu grande ex-amigo e faz ajustes para inserir sua mais recente criação, configurando-os para que lutem a seu favor e destruir e conquistar todo o mundo.

É aqui que o obstinado e justo Rock (ou Mega Man) aparece, com sua aparência normal de robô assistente. Após presenciar a mais nova presepada de Wily, ele pede para que Light faça os ajustes necessários nele. Contudo, enquanto o doutor prepara o herói para a sua próxima grande batalha, ele também explica que o seu Double Gear é apenas um protótipo, que ele guardou da época em que ele e o vilão ainda eram amigos, além de alertar que esse sistema pode sobrecarregar o robô azul se não for usado corretamente.

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Novas habilidades, jogabilidade familiar

Aqui entra uma das maiores novidades em termos de mecânica de jogo: o sistema Double Gear. Apertando os gatilhos superiores do controle, o jogador ativa o Power Gear (gatilho esquerdo), que aumenta o dano das armas de Mega Man temporariamente; ou o Speed Gear (gatilho direito) que funciona como uma espécie de bullet time, deixando o cenário um pouco mais lento e o robozinho azul um pouco mais rápido — também por pouco tempo.

Tanto o Power quanto o Speed Gear podem ser cancelados quando o jogador aperta um dos gatilhos novamente, e ambos têm uma barra de duração compartilhada. Quando esse período se excede, é preciso aguardar que os sistemas de Mega Man se estabilizem novamente, o que demora alguns segundos, mas pode ser fatal em uma batalha mais intensa. E ainda há o Double Gear, uma função que leva o mesmo nome da peça e pode salvar a pele do gamer em momentos cruciais.

O Double Gear do gadget só fica disponível quando Mega Man está com a energia baixa e é ativado se o jogado apertar os dois gatilhos superiores ao mesmo tempo. Com isso, o tempo irá ficar mais lento e os poderes das armas dos chefes e também a arma padrão do robozinho azul ficam mais fortes, e o Final Charge Shot, isto é, o tiro clássico carregado, ganha um upgrade e fica ainda mais forte e mais fácil de ser usado.

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Todavia, é recomendado usar essa função apenas como último recurso, pois o tempo e a maneira com que Mega Man fica vulnerável é suficiente para que uma das vidas seja perdida facilmente. Afinal, o tempo de resfriamento demora muito mais e, enquanto o sistema se estabiliza, o robozinho azul não consegue nem carregar o tiro normal. Para piorar ele atira apenas um projetil de plasma por vez, ao invés de três seguidos como normalmente faz.

Além do Double Gear (o gadget como um todo, não apenas a poderosa função), Mega Man 11 também traz de volta mecânicas clássicas que todos já conhecem, ou que facilmente dominarão quando jogarem pela primeira vez. Além de correr, pular e atirar como ninguém, o personagem é capaz de executar o deslizamento introduzido em Mega Man 3 e as clássicas funções Coil e Jet de seu adorável e inseparável cachorro-robô Rush.

E uma das características mais interessantes da jogabilidade de Mega Man 11 é que a maioria dessas habilidades não necessita que o jogador entre no menu e escolha o que quer usar, não. Agora, tudo pode ser selecionado com um simples comando no próprio joystick e em tempo real: as funções de Rush podem ser selecionadas apertando triangulo ou quadrado (no PlayStation 4), e o analógico direito (L3) abre a árvore de habilidades especiais dos chefes derrotados, bastando apontar na direção da técnica desejada – ou o jogador ainda pode apertar um dos botões de ombro (L1 ou R1) e passar por cada um dos poderes até encontrar o que deseja usar.

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Inovador, mas não necessariamente novidade

Por falar em habilidades especiais, os oito chefes de Mega Man 11 possuem habilidades especiais únicas que usam para derrotar o herói durante as batalhas, afinal eles também estão equipados com o Double Gear aprimorado de Wily. Quatro deles, portanto, usam o Speed Gear; e os outros quatro, o Power Gear. Durante a luta, quando eles têm pelo menos metade da energia tirada, usam o sistema como último recurso para tentar derrotar Mega Man, o que torna os instantes finais dos combates muito mais emocionantes e desafiadores.

Após derrotá-los, como sempre, Mega Man adquire a habilidade do robô-chefe e pode usá-la contra outro que seja mais fraco à recém-adquirida técnica — o velho sistema de pedra-papel-tesoura. Porém, uma novidade que pode dar asas para a imaginação dos fãs mais assíduos é o visual do herói quando ele usa os poderes especiais dos chefes derrotados: agora, não apenas o braço muda, mas também o capacete, lembrando vagamente o sucessor do protagonista, X, na subsérie X.

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Para efeito de comparação, antes o robozinho azul apenas mudava seu esquema de cores quando usava qualquer uma das habilidades especiais dos robôs-mestres – com exceção do Super Rush Adapter de Mega Man 7, mas isso é outra história. Aqui, em Mega Man 11, o visual do herói muda, com um capacete e um braço que alteram de forma conforme o poder concedido pela técnica adquirida.

Por fim, na parte técnica da coisa, também há as partes que Mega Man pode equipar para melhorar a experiência e, até mesmo, tornar a jogatina um pouco mais fácil. Isso significa que o jogador poderá comprar peças para fazer, literalmente, um upgrade no herói, fazendo com o que recuo quando ele sofre dano seja menor, ou até mesmo acelerar a recuperação após usar o Double Gear. Para tanto, basta juntar os Bolts (parafusos encontrados ou deixados pelos inimigos nas fases) e comprar com o gracioso Auto no laboratório, que pode ser acessado na seleção de fases.

Outro detalhe interessante é que os gráficos também sofreram uma reformulação, aproximando-se muito mais de Mega Man 7 e, em especial, de Mega Man 8, com gráficos e animações ao estilo anime, além da dublagem que foi inserida neste último jogo também. Por sinal, Mega Man 11 parece ter aprendido com suas coletâneas e a Capcom felizmente inseriu não apenas opção de legendas em diferentes idiomas, como também vozes em japonês e em inglês.

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A trilha sonora, talvez, seja o único ponto realmente fraco de toda a jornada. As músicas do game, que sempre foram uma característica marcante da franquia, não emplacaram como era o esperado. Não me leve a mal: os temas das fases e das batalhas estão ótimas em Mega Man 11, muito bem encaixadas e lembram um pouco a temática dos cenários ou dos chefes, e tudo ficou muito legal... Pero no mucho, faltou alguma coisa na composição.

E, para os saudosistas de plantão, a dificuldade está alta. Apesar do game oferecer diferentes níveis de dificuldade (Newcomer para novatos e jogadores de primeira viagem, Casual, Normal e Superhero), espere encontrar alguns desafios pela frente – em especial na fase do Satanás dos balões. Na carona das opções, vale mencionar que o game também traz desafios e galerias com explicações sobre os robôs mestres e muitas curiosidades, de forma semelhante ao que foi feito nas coletâneas da franquia, lançadas em 2017 e 2018.

Mega Man 11 é, portanto, uma aventura cheia de saudosismo, mas com pitadas de novidades que são mais do que bem-vindas na franquia. Mesmo que muitos estejam reclamando da tecnologia 2.5D usada no game (algo que não é exatamente novidade, pois Mega Man Powered Up, Mega Man: Maverick Hunter X, Mega Man X7 e Mega Man X8 usam e abusam desse recurso), argumentando que esse estilo gráfico deixa o jogo mais lento; particularmente não senti isso enquanto jogava.

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É a reinvenção que a franquia precisava, até mesmo para entrar com o pé direito em uma nova geração com um jogo novo e completo. As decisões criativas não poderiam ser melhores aqui: se reinventar, mas ainda apostando no que é seguro, e trazer um monte de características clássicas da série de volta, foi uma boa jogada e fez com que a minha criança interior de 8 anos de idade se sentisse feliz com a evolução da franquia, enquanto ela sorria por reconhecer ou relembrar cada mecânica, referência, tática, música ou qualquer outro elemento trazido de volta.

Mega Man 11 está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC. No Canaltech, ele foi analisado no PS4 com cópia gentilmente cedida pela Capcom.