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Conheça o Athenas, time feminino de LoL que chegou para revolucionar os eSports

Por| 21 de Dezembro de 2018 às 12h39

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Conheça o Athenas, time feminino de LoL que chegou para revolucionar os eSports
Conheça o Athenas, time feminino de LoL que chegou para revolucionar os eSports

Que o cenário de esportes eletrônicos está faturando e ganhando cada vez mais espaço, disso ninguém tem dúvidas. Existem diversos levantamentos e opiniões de especialistas espalhados pela internet que comprovam a veracidade dessa afirmação. Contudo, ainda faltava algo emergir dentro dessa área: a representatividade feminina.

A visão de que videogames, sejam eles competitivos ou não, são dominados por homens é retrógada, para não dizer antiquada, já que as mulheres que jogam tem uma presença ativa nessa comunidade há muito tempo. Dado isso, era apenas uma questão de tempo até que começassem a surgir equipes somente de mulheres — e esse momento enfim chegou com o Athenas eSports.

A organização de League of Legends apresentou seu time feminino recentemente; na ocasião, o Canaltech esteve presente para assistir ao anúncio e bater um papo com a responsável por esse feito e as meninas que estão fazendo esse momento tão importante acontecer.

Além da apresentação do time feminino de League of Legends, também rolou um bate-papo dinâmico com algumas especialistas dos eSports e da indústria tech sobre mercado de jogos, o espaço, o investimento e, claro, as mulheres.

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“Eu acho que a gente precisa parar de ter medo. A gente precisa colocar a cara a tapa e falar ‘olha, se eu não fizer, ninguém vai fazer’", afirmou Bianca Muniz, CEO do Athenas eSports no bate-papo. “E quem tem coragem de fazer, pode ser que não esteja fazendo direito, então se eu confio em mim, eu sei da minha capacidade, eu sei que eu posso fazer acontecer? Então eu vou fazer”.

“E essa questão de dar a cara a tapa é importante quando grandes nomes como a Intel entram em jogo”, disse Daniela Rigon, jornalista da ESPN, que também participou da conversa. Complementando sua própria fala, ela também apontou que as companhias precisam se autoavaliar em termos de diversidade e representatividade, citando a Riot como exemplo, que adotou tal comportamento após os escândalos envolvendo o assédio às suas funcionárias.

A Intel é a principal parceira do Athenas eSports, ajudando desde a etapa final presencial do recrutamento das meninas, passando pela realização do evento de anúncio do time formado e, enfim, dando computadores às jogadoras. A empresa acredita no potencial do projeto, o qual tem grandes chances de revolucionar o cenário de esportes eletrônicos.

Guerreiras, avante!

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Bianca nos contou que teve contato com eSports após entrar para a GG Comunicação, uma agência focada no segmento de esportes eletrônicos. “A ideia do projeto surgiu justamente quando eu vi que não existia uma figura feminina nessa área, que representasse as mulheres”,revelou. “Vamos dar um jeito de fazer acontecer!”.

Já o processo para recrutar as jogadoras foi mais formal do que muita gente pode imaginar. “Lá no comecinho, quando o Athenas nem tinha uma identidade visual nem nada, a gente seguiu menina por menina no Facebook, procurando quem era boa e quem não era, vendo sobre quem o pessoal tava comentando, mas não deu certo”, explicou Bianca. Após esse pontapé inicial, as coisas foram evoluindo por etapas: o Athenas foi de fato criado, a identidade visual decidida e daí veio a procura por integrantes para o time. “A gente fez uma seletiva, como um processo seletivo de uma empresa”, explicou a CEO da organização.

A seletiva foi apelidada de “Guerreiras” e as meninas tinham que se inscrever por meio de um formulário para participar. “A gente perguntou tanto da parte técnica do jogo quanto da parte comportamental”, afirmou Bianca, dando alguns exemplos das questões abordadas. “’Como você vai reagir se você perder alguma coisa?’, ‘Como você vai reagir se a sua equipe não estiver indo bem?’...”.

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“As meninas que estão aqui hoje foram as que ganharam a seletiva, elas passaram por todas as fases, por todos os jogos, venceram os jogos e estão aqui hoje. Então [elas não foram escolhidas] a dedo, foi realmente pelo desempenho que elas estão aqui”, explicou a presidente executiva do Athenas.

Já pensando no futuro, Bianca diz que pretende contratar mais meninas, mas os planos para agora são outros. “Na fase inicial a gente vai treinar as meninas, vamos fazer com que elas tenham um intensivão do que é fazer parte de uma equipe profissional”, revelou a organizadora. Há, inclusive, planos para jogar em outras modalidades além de League of Legends. Por fim, ela também disse que a organização tem planos de expandir a representatividade no cenário de eSports.

“Com certeza. É algo que está totalmente em nossa cabeça, principalmente quando se fala de campeonatos femininos, não somente femininos como também campeonatos para o público LGBTQ, pois não existe isso para eles”, comentou Bianca. “A gente está aqui para fazer uma mudança radical, que precisa ser feita. Então se você me perguntar sobre planos, a gente ainda não sabe o que vai ser feito, mas temos essa ideia em mente, sim”.

Conhecendo algumas das guerreiras

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Durante o evento de apresentação das atletas do Athenas eSports, pudemos conversar com três delas: Tayna “Yatsu” dos Santos, Luisa “Shyz” Minarelli e Bianca “DG Athena” Campolongo. Além delas, também compõem o time Nathalia “l R l” Akemi e Juliana “Peeregrina” Steil.

Tayna tem apenas 19 anos e revela que começou a jogar LoL no final da Temporada 3 após ver a irmã jogando. “Eu só comecei a jogar e me viciei no jogo. Comecei a tentar ser uma profissional faz uns dois anos porque eu realmente criei gosto nisso. Já tive algumas experiências com times Tier 3 que são considerados grandes nesse meio, mas não deu certo”.

Já Luisa tem 22 anos e começou a jogar em 2014. Ela também tentou participar de alguns times, especialmente em grupos femininos.A jogadora conhecida como Shyz confessou, inclusive, que considerou parar de jogar profissionalmente, mas encontrou no Athenas uma nova oportunidade e motivação para continuar.

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Bianca, de 24 anos, por sua vez revelou que começou a jogar no início do ano passado. “Foi de forma bem casual. Nunca pensei que fosse me interessar pelo competitivo”, revelou ela em nosso bate-papo. Ela tinha planos de retornar para a faculdade no meio de 2018, mas decidiu se dedicar aos jogos, e, mesmo não acreditando em si mesma, recebeu muito apoio de várias pessoas, inclusive de sua família. Então, percebendo que ainda havia chance no circuito competitivo, ela se deu a chance de persistir por mais algum tempo até que surgiu a oportunidade de integrar o Athenas eSports. “Eu estava quase desanimando e aí veio essa proposta em uma hora muito boa porque estava acabando o prazo que eu tinha colocado para mim e eu sei que eu jogo há pouco tempo em relação às meninas, vai fazer dois anos e elas jogam há quatro, cinco anos...”, afirmou.

Quando perguntamos se elas já se conheciam, Tayna revelou que as meninas se conheciam apenas na internet, além de algumas delas terem jogado em campeonatos juntas. E sobre a vida profissional e a conciliação com a vida pessoal, Bianca comentou que pensa em terminar a faculdade de Engenharia Elétrica e aliar a vida acadêmica com a profissão. “Agora deixa de ser um lazer pra ser uma profissão e é isso que eu quero”, revelou a jogadora.

“Pra mim vai ser muito de boa porque eu tenho muito apoio”, disse Luisa antes de nos contar que toda a sua família estava torcendo por ela durante os jogos e sua prima até mesmo enviou um áudio de incentivo.

Também questionamos porque demorou tanto para termos algo como o Athenas, focado em mulheres e um grande apoio. Bianca comentou que há uma grande carência no país em questão de Rotas e jogadoras. “Eu já tentei várias e várias vezes formar times femininos e sempre há uma carência no Top ou na Jungle”.

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As Rotas são os caminhos que os jogadores escolhem para enfrentar a equipe rival. Atualmente existem 3 Rotas: Top, Mid e Bot (4 Rotas se contarmos a Jungle). Segundo Bianca, existem muitas meninas que se especializam em apenas uma Rota, o que acaba gerando uma carência nas demais áreas durante as jogatinas. Porém, com o projeto de recrutamento para o Athenas, jogadoras diversificadas começaram a surgir e por isso a equipe deu tão certo. “Conseguiram reunir muitas pessoas e trazer as meninas que jogavam de uma forma diferenciada e se destacavam nisso”, complementou a pro player, referindo-se às Rotas que precisavam de integrantes para preencher essa lacuna.

Tayna, por sua vez, acredita que o problema é o elo, ou, em outras palavras, o sistema de classificação no ranking competitivo. “Querendo ou não, quando você tem elo, você está jogando contra pessoas boas”, explicou a jogadora. “O elo é muito impactante para você conseguir entrar em alguma coisa. Ninguém olha para você se for menos do que Mestre”. Ela também comentou que o elo afeta toda a comunidade, mas principalmente as mulheres.

As meninas também trouxeram a questão das críticas para a conversa. Afinal, mesmo que elas tenham um elo forte, haverá pessoas que comentarão apenas coisas negativas delas, mas elas irão se focar no lado positivo para continuar. “A gente já está meio que acostumada. Você tem que estar preparada para isso”, afirmou Bianca.

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Com a iniciativa do Athenas eSports e da Intel, as meninas acreditam que, a partir de agora, pode ser criada uma tendência e que outros times femininos se formem no Brasil. “A iniciativa que eles tiveram foi muito grande. Faltava alguém mostrando ‘olha, a gente fez, conseguimos e agora temos o nosso time’”, comentou a jogadora. As inscrições foram muitas e, ao que parece, ainda existe interesse em colocar o recém-formado grupo para jogar contra outros também só com mulheres. “Quem sabe não tem um CBLoL feminino aí?”, brincou a pro player.

Tayna também acredita que haverá oportunidades para que outros times sejam criados, mas agora o foco é treinar bastante. “É difícil você entrar no competitivo. Não é só ‘vamos lá jogar, uhul! Somos amiguinhas!’, não é assim”, explicou a pro player. “A gente tem que treinar muito, estudar muito. O jogo não é só dedo. Tem que pensar bastante nas estratégias, é muita coisa. E só quem realmente quer e se dedica vai conseguir entrar”, afirmou a jogadora. A aposta é que demore pelo menos cinco anos, mas, de acordo com ela, “vai crescer” e as oportunidades para novas jogadoras vão surgir.