Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Vênus tem superfície "mole" que faz núcleo do planeta perder calor

Por| Editado por Patricia Gnipper | 28 de Fevereiro de 2023 às 19h01

Link copiado!

NASA/JPL-Caltech/Peter Rubin
NASA/JPL-Caltech/Peter Rubin

Vênus possui uma superfície um tanto quanto “mole”, segundo um novo estudo publicado na Nature Geoscience. Essa pode ser a peça que os cientistas procuravam para compreender o mecanismo de perda de calor do planeta.

Planetas de núcleo quente, como a Terra, costumam perder calor para o espaço, assim como a água fervida em uma chaleira encontrará um meio de perder calor para o ambiente ao seu redor. É uma das leis da termodinâmica: o corpo mais quente irá transferir calor para o que estiver mais frio ao seu redor, buscando o equilíbrio térmico — quando as temperaturas de ambos se igualam, se chegarem a este ponto. De qualquer maneira, essa transferência de calor segue acontecendo continuamente, pois a intenção da natureza é que o equilíbrio térmico seja alcançado.

Em nosso planeta, isso ocorre pelos movimentos de convecção, ou seja, o calor do núcleo de ferro derretido é transferido para a superfície por meio das células de convecção. Isso resulta na abertura de placas tectônicas, em atividade vulcânica e, por fim, na perda de calor da superfície para o espaço sideral.

Continua após a publicidade

Vênus é um planeta muito diferente nesse aspecto, embora seja considerado “irmão gêmeo” da Terra. Os cientistas já sabem que o planeta vizinho não possui placas tectônicas, então o meio pelo qual seu núcleo perde calor e molda a superfície ainda é um mistério.

Usando dados de três décadas da missão Magellan, encerrada em 1994, os autores do novo estudo tentaram observar como Vênus esfria e descobriram que regiões finas da camada superior do planeta podem atuar como “substitutas” das placas tectônicas da Terra.

O estudo analisa as características geológicas de Vênus com formas circulares, conhecidas como coronae (ou corona). Os pesquisadores descobriram que elas tendem a se formar onde a litosfera (a camada sólida mais externa) do planeta é mais fina e ativa.

Continua após a publicidade

Segundo os autores, “a maioria dos modelos venusianos de cobertura estagnada prevê uma litosfera espessa com fluxo de calor com cerca de metade do modelo de cobertura móvel da Terra”. Entretanto, o novo estudo estima uma realidade diferente.

Eles analisaram a espessura litosférica 75 localizações de Vênus, concentrando-se em 65 delas que ainda não haviam sido estudadas anteriormente. Elas possuem até centenas de quilômetros de diâmetro e determinaram que a litosfera venusiana é elástica e tem cerca de 11 km de espessura nessas coronas.

As medições do estudo apresentam uma camada litosférica muito mais finas do que estudos anteriores sugerem — ao menos nas regiões de coronas analisadas. Essas áreas têm um fluxo de calor estimado maior que a média da Terra, então as coronas devem ser geologicamente ativas.

Continua após a publicidade

Suzanne E. Smrekar, autora principal do artigo, afirma que “essas regiões de litosfera fina parecem permitir que quantidades significativas de calor escapem, semelhante às áreas onde novas placas tectônicas se formam no fundo do mar da Terra”.

Os pesquisadores esperam que esses resultados também possam ajudar a descobrir mais sobre o passado da Terra. É que esse cenário de Vênus é um estado previsto para ocorrer antes que um planeta forme placas tectônicas”, diz Smrekar. Ou seja, talvez o planeta vizinho esteja revelando como a Terra parecia há mais de 2,5 bilhões de anos.

Fonte: Nature GeoscienceNASA