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Universo tinha outras regras quando formou as primeiras galáxias

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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NASA/ESA/CSA/Steve Finkelstein/Micaela Bagley/Rebecca Larson
NASA/ESA/CSA/Steve Finkelstein/Micaela Bagley/Rebecca Larson

Um estudo mostrou que as galáxias se formaram e evoluíram mais rápido que o previsto pela teoria dos cientistas, reforçando as observações recentes do telescópio James Webb. Os novos resultados sugerem que o início do universo se deu por processos um pouco diferentes do que o previsto.

As galáxias mais distantes e antigas do universo parecem ter se formado mais rapidamente do que se imaginava, ao menos segundo estudos sobre as imagens reveladas por instrumentos como o James Webb. Isso levou a uma busca por respostas: o erro está na teoria ou na interpretação dos dados obtidos pelos telescópios?

Para uma equipe de cientistas da Dinamarca e da Austrália, foi o universo quem mudou suas próprias regras. Assim, a evolução das galáxias teria obedecido um conjunto de processos diferente daquele que ocorre atualmente.

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Galáxias mais antigas que o previsto

Cientistas se basearam durante séculos nas observações de instrumentos menos sofisticados que o James Webb e, portanto, não sabiam exatamente como as galáxias se comportavam quando o universo tinha apenas alguns milhares de anos. Por isso, os modelos de evolução galáctica correspondem às imagens de um cosmos mais recentes.

Para entender esse problema, é preciso lembrar que quanto mais longe no universo observamos, mais estamos “voltando” no tempo. Ao olhar imagens de galáxias localizadas a 13 bilhões de anos-luz de distância, vemos como elas eram há 13 bilhões de anos, ou seja, cerca de 700 milhões de anos após o Big Bang.

Quando o Webb encontrou galáxias localizadas a distâncias como 13,3 bilhões de anos-luz de nós, os cientistas tiveram que lidar com um fato: elas já existiam quando o universo tinha apenas 4% da idade atual. Isso não seria possível caso as leis do universo estivessem de acordo com os modelos teóricos estabelecidos por observações feitas antes do lançamento do James Webb.

O “livro de receitas” do universo

A professora associada Claudia Lagos, do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR; uma parceria entre a Universidade Curtin e a Universidade da Austrália Ocidental) e coautora do novo estudo, explica que o universo simplesmente mudou seu “livro de receitas”.

Segundo a pesquisadora e seus colegas, “é como se as galáxias tivessem um livro de regras que seguissem mas, surpreendentemente, este livro de regras cósmico parece ter sofrido uma reescrita dramática durante a infância do universo”.

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Em outras palavras, a formação de galáxias nos primeiros milhares de anos se dava por meio de processos desconhecidos, diferentes dos observados hoje. “As galáxias antigas produziram muito menos elementos pesados ​​do que teríamos previsto com base no que sabemos das galáxias que se formaram posteriormente”, disse Lagos.

Os resultados do novo estudo inovador sugerem que, na época em que o “livro de receitas” do universo era diferente, a abundância química de elementos leves gerados pelas galáxias foi aproximadamente quatro vezes menor do que o previsto. Os elementos de uma galáxia se tornam mais pesados à medida que suas estrelas mais massivas explodem em supernovas.

Se isso for verdade, as galáxias no universo primitivo (cerca de 300 milhões de anos após o Big Bang) estavam muito mais ligadas ao espaço ao seu redor, isto é, pelo ambiente de uma época em que o cosmos era mais compacto e as galáxias eram mais próximas entre si.

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Ainda segundo Lagos, “as primeiras galáxias recebiam continuamente gás novo e puro dos seus arredores, com o influxo de gás diluindo os elementos pesados ​​dentro das galáxias, tornando-as menos concentradas”.

Não é a primeira vez que estudos sugerem uma mudança nas "leis" do unvierso após o estágio evolutivo inicial. Em 2021, uma pesquisa conduzida por cientistas da Microsoft e da Brown University propuseram que o cosmos teria "aprendido" sobre si mesmo, modelando as leis da física à medida que evoluia.

O artigo descrevendo os resultados foi publicado na Nature Astronomy.

Fonte: Universidade da Austrália Ocidental, Nature Astronomy