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Três milhões de estrelas são identificadas e mapeadas no centro da Via Láctea

Por| Editado por Rafael Rigues | 01 de Setembro de 2022 às 15h35

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F. Nogueras-Lara et al. /MPIA
F. Nogueras-Lara et al. /MPIA

Um novo estudo de “censo” das estrelas em nossa galáxia deu um primeiro passo em uma meta de longa data: mapear a formação e a vida estelar no centro da Via Láctea. A tarefa exige uma coleta de dados em alta resolução, mas os autores na pesquisa já obtiveram resultados surpreendentes.

Normalmente, os astrônomos se baseiam em observações da nossa própria Via Láctea para estimar a atividade estelar de outras galáxias, mas existem alguns limites — nosso “bairro” cósmico é bem menos produtivo na produção de estrelas do que as chamadas galáxias starbrust.

Durante um ano, as estrelas em nossa galáxia nascem em uma taxa de apenas algumas massas solares, enquanto as starbrust, durante breves momentos que duram alguns milhões de anos, produzem dezenas ou até centenas massas solares por ano! Essa era a taxa normal de todas as galáxias há dez bilhões de anos.

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Isso não significa, no entanto, que as regiões centrais da Via Láctea são inadequadas para estudar o que acontece em outras galáxias — o nosso núcleo galáctico, em uma área cerca de 1.300 anos-luz centrais ao redor do buraco negro central, produziu taxas dez vezes maiores do que a média.

Então, parece que o segredo para desvendar a história da formação estelar da Via Láctea — e, por tabela, usá-la como um “laboratório” de estudos para inferir as características de outras galáxias — está no núcleo. Ele é tão produtivo quanto uma galáxia starburst ou como as galáxias hiperprodutivas de dez bilhões de anos atrás.

Com dados de luz infravermelha e de rádio, capazes de atravessas as nuvens espessas de gás e poeira, os autores do novo estudo conseguiram fazer a primeira reconstrução representativa da história da formação estelar na região central galáctica.

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Três milhões de estrelas no centro da Via Láctea!

Foram mais de 3 milhões de estrelas individuais identificadas e mapeadas, especificamente de uma região do núcleo chamada Sagitário B1. Ali, existem muitas estrelas jovens ionizando o gás circundante, ou seja, arrancando os elétrons de gases como o hidrogênio.

Essas informações já haviam sido observadas, mas com os novos estudos em alta resolução os pesquisadores conseguiram estudar as estrelas individuais da região em detalhes, cobrindo uma área total de 64.000 anos-luz quadrados ao redor do centro galáctico.

Uma das descobertas desse “censo” foi que a maioria das estrelas jovens de lá se formou não em aglomerados massivos bem unidos, mas em associação estelar dispersa — ou seja, grupos de estrelas livres gravitacionalmente entre si, mas que percorrem o mesmo trajeto.

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Também foram encontradas em Sagitário B uma população mais antiga de estrelas, o que deve ter relação com as estrelas com mais de 7 bilhões de anos. Praticamente não existem por lá estrelas na faixa de 2 a 7 bilhões de anos.

Esse conjunto de resultados sugere que a formação de estrelas começou na região mais interna do centro e depois elas se espalharam para as regiões externas — um processo importante para a construção do disco nuclear (um disco de pequena escala feito de estrelas ao redor do centro galáctico) em outras galáxias.

Os estudos de estrelas do centro da Via Láctea devem continuar com um espectrógrafo de alta precisão. No presente estudo, os cientistas usaram principalmente dados de luminosidade para os cálculos, mas as próximas pesquisas devem se basear nos espectros das estrelas.

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Fonte: Max Plank Institute