Telescópio James Webb pode ter encontrado galáxias "impossíveis"
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
O telescópio James Webb pode ter revelado seis galáxias massivas do universo primordial, que desafiam o que se sabe sobre a formação e evolução do universo. As galáxias candidatas foram identificadas no primeiro conjunto de dados do observatório, e parecem ser enormes e com estrelas antigas. Elas foram observadas quando universo tinha apenas 3% de sua idade atual, cerca de 500 a 700 milhões de anos após o Big Bang.
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As detecções são resultado dos recursos dos instrumentos do telescópio, que são sensíveis à luz infravermelha e podem identificar a luz emitida pelas estrelas e galáxias mais antigas. Os dados mostram que, além de serem muito mais massivas que o esperado, estão em uma etapa evolutiva bastante avançada em comparação com o que se entende das características de objetos do universo primordial.
Joel Leja, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que modelou a luz das galáxias, observa que a massa nelas significa que a massa conhecida das estrelas naquele período do universo é até 100 vezes maior do que se pensava. “Mesmo se diminuirmos a amostra pela metade, esta é ainda uma mudança surpreendente”, disse.
Ele explica que as galáxias descobertas pelos pesquisadores são tão massivas que entram em conflito com 99% dos modelos da cosmologia, o estudo da origem do universo observável e de suas estruturas. Para levar em conta uma quantidade de massa tão alta, seria necessário alterar os modelos ou revisar a compreensão científica da formação das galáxias do universo primordial.
Leja acrescenta que estes dois dois cenários exigem uma mudança significativa na compreensão de como o universo se tornou o que é. “Encontramos algo tão inesperado que cria problemas para a ciência e coloca em jogo todo o entendimento da formação das galáxias primordiais”, disse. Entretanto, ele ressalta que esta é a primeira vez que objetos tão distantes e antigos foram observados, de modo que é preciso investigar melhor o que são antes de uma possível revisão teórica.
“Embora os dados indiquem que provavelmente são galáxias, acho que existe uma possibilidade real de que alguns desses objetos acabem sendo buracos negros supermassivos obscurecidos”, sugeriu. O caminho para confirmar as descobertas e solucionar as dúvidas sobre a natureza dos objetos é por meio de observações do espectro das galáxias.
O espectro delas pode revelar dados das distâncias delas, gases e outros elementos presentes ali. “O engraçado é que temos tudo isso que esperamos aprender do Webb, e isso não estava nem perto do topo da lista”, destacou. "Encontramos algo que nunca pensamos em perguntar ao universo, e mais rápido do que pensei”.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.
Fonte: Nature; Via: Penn University, Space.com