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Telescópio Hubble observa cometa entre os asteroides que orbitam Júpiter

Por| Editado por Patricia Gnipper | 02 de Março de 2021 às 17h40

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Reprodução/NASA/ESA/B. Bolin (Caltech)
Reprodução/NASA/ESA/B. Bolin (Caltech)

Uma equipe de pesquisadores identificou um objeto misterioso, que estava seguindo em uma longa viagem pelo Sistema Solar até que encontrou um lugar para “estacionar”, e recebeu o nome de P/2019 LD2 (LD2). O objeto, que é semelhante a um cometa, se acomodou pertinho de uma família de Troianos, que são antigos asteroides capturados pela gravidade de Júpiter. Esta é a primeira vez que um objeto do tipo é observado diretamente próximo de um grupo de Troianos.

O viajante foi descoberto em junho de 2019 pelos telescópios do sistema Last Alert System (ATLAS), da Universidade do Havaí, e a equipe foi notificada por um astrônomo amador sobre uma possível atividade de cometa. Ao observá-lo com telescópio Spitzer um pouco antes de ser aposentado, eles identificaram haver gás e poeira em torno do núcleo do objeto, e agora utilizaram o Hubble para observá-lo melhor e mais detalhadamente.

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Eles conseguiram identificar também uma cauda, a estrutura do coma e o tamanho das partículas de poeira, bem como a velocidade de ejeção delas: “somente o Hubble poderia detectar formações de um cometa tão longe e com tantos detalhes, e as imagens mostram claramente essas formações, como a cauda, o coma e os jatos”, disse Bryce Bolin, pesquisador líder do telescópio. Bolin observou que a cauda mede mais de 600 mil km de extensão, um pouco menos do que o dobro da distância entre a Terra e a Lua.

Apesar de ser parecido com um cometa por ter cauda, coma de gás e poeira e liberar jatos de gases, o visitante pertence ao grupo dos Centauros, corpos congelados que ficam entre Júpiter e Netuno. Estes objetos ficam ativos conforme se aquecem ao se aproximar do Sol, e vão se tornando mais parecidos com cometas. As simulações feitas pela equipe mostraram ser provável que ele tenha passado por Júpiter há dois anos, quando foi capturado pela gravidade do planeta e, assim, foi parar junto dos Troianos.

Carey Lisse, membro da equipe, comenta que eles flagraram Júpiter mudando o comportamento orbital do objeto, trazendo-o para o Sistema Solar interno: “o planeta controla o que acontece com os cometas depois que eles entram no Sistema Solar interno, alterando as órbitas deles”, disse. É provável que o objeto congelado seja um daqueles que saiu de sua órbita no Cinturão de Kuiper, que fica além da órbita de Netuno, interagiu com outros e foi parar na região de Júpiter.

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Estes objetos vão "saltar" gravitacionalmente da gravidade de um planeta para o outro quase como em um “pinball espacial”, e se aquecem conforme se aproximam do Sol. Geralmente, eles passam cerca de 5 milhões de anos em torno dos gigantes gasosos, até que seguem para o Sistema Solar interno. Por enquanto, o LD2 está orbitando o Sol temporariamente junto destes asteroides presos pela gravidade de Júpiter, e segue se movendo junto do planeta.

Outro aspecto que surpreendeu a equipe foi a ejeção de gás no cometa: "ficamos intrigados de ver que ele havia acabado de ficar ativo pela primeira vez tão longe do Sol, a distâncias em que a água mal começa a sublimar", disse Bolin. Por isso, é possível que a cauda do objeto não seja feita de água — tanto que as observações do Spitzer indicaram que há monóxido e dióxido de carbono gasosos, que talvez sejam os responsáveis pela cauda e pelos jatos observados, porque não precisam de tanto calor para irem do estado sólido ao gasoso.

Quando sair da órbita de Júpiter e seguir viagem, o objeto poderá se encontrar outra vez com o planeta: “cometas de período curto, como o LD2, acabam indo para o Sol e se desintegrando, atingindo um planeta ou passando perto demais de Júpiter, até que são expulsos do Sistema Solar, que é o destino mais comum”, disse Lissel. Simulações mostraram que, dentro de 500 mil anos, há 90% de chances de que o objeto se torne um cometa interestelar.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astronomical Journal.

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Fonte: NASA