Sonda da NASA revela detalhes da composição dos mares na lua Titã de Saturno
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |

A sonda Cassini, da NASA, identificou novos detalhes sobre os mares de hidrocarbonetos líquidos em Titã, uma das maiores luas do Sistema Solar. Apesar de a sonda ter encerrado sua missão em 2017, quando fez um mergulho fatal na atmosfera de Saturno, os cientistas continuam estudando os dados coletados.
Titã mede 5.150 km de diâmetro, sendo a segunda maior lua do Sistema Solar — a primeira é Ganimedes, lua de Júpiter. Titã e a Terra são os únicos mundos em nossa vizinhança onde líquidos caem das nuvens, correm até mares e lagos e evaporam de volta ao céu.
Só que os mares de Titã não são feitos de água, mas sim de nitrogênio, metano e etano. Em um novo estudo, o cientista planetário da Universidade de Cornell Valerio Poggiali e seus colegas analisaram Kraken Mare, Ligeia Mare e Punga Mare, três mares próximos do polo norte da lua.
“Mares e lagos de hidrocarbonetos líquidos marcam a superfície nas regiões polares, especialmente na região norte de Titã. Canais alimentados por precipitações fluem para esses mares, criando estuários e, em alguns casos, deltas [de rios]”, explicou Poggiali.
Eles descobriram que a proporção de metano e etano neles varia de acordo com a latitude. Ainda, os autores documentaram também a extensão e distribuição de ondulações na superfície dos mares, que parecem indicar a ocorrência de rios por lá.
Os dados da Cassini parecem indicar que os rios levam metano líquido puro. Depois, o composto se mistura com os oceanos ricos em etano. O processo é parecido com o que ocorre na Terra, com os rios se misturando com a água salgada dos oceanos.
“As moléculas orgânicas pesadas produzidas na atmosfera de Titã são prebióticas naturalmente?”, questionou Poggiali, se referindo aos processos que podem levar à formação da vida. “Todo o material orgânico já teve contato com a água líquida? Acreditamos que interações parecidas podem ter levado à origem da vida em nosso planeta, com a formação de moléculas capazes de produzir energia ou armazenar informação”, sugeriu.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications.
Fonte: Nature Communications, Reuters