Sinal Wow! | Mistério astronômico de 40 anos pode ter sido “laser natural”
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela | •

Um novo estudo publicado por Abel Méndez, astrobiólogo da Universidade de Porto Rico, sugere uma nova explicação para um misterioso sinal identificado em 1977, o qual continua intrigando astrônomos. Ele e seus colegas propõem que a emissão não veio de uma civilização alienígena tentando se comunicar, mas sim das interações entre uma nuvem de hidrogênio e uma estrela de nêutrons.
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- Sinal Wow! | Esta estrela pode ser a fonte do sinal que nos intriga há 43 anos
Tudo aconteceu na década de 1970, quando o astrônomo Jerry Ehman estava analisando impressões de dados do telescópio Big Ear e encontrou algo estranho. O instrumento havia identificado uma emissão de rádio extremamente poderosa que durou 72 segundos, surpreendendo tanto Ehman que ele escreveu “Wow!” perto da marcação.
Desde então, aqueles dados são conhecidos como “sinal Wow!”. O mais curioso é que nada parecido nunca foi detectado — astrônomos realizaram no máximo observações parecidas com o sinal original, mas que eram de 60 a 100 vezes mais fracas. Já Méndez se debruçou sobre os dados coletados pelo Observatório de Arecibo entre 2017 e 2020 e encontrou quatro sinais curiosos vindos perto de uma pequena estrela anã vermelha.
A equipe descreveu tais sinais como detecções “facilmente identificáveis como nuvens interestelares de hidrogênio frio na galáxia”. Isso é importante porque, na época, o Big Ear estava procurando sinais perto dos 1420 MHz da linha de emissão do hidrogênio — e, segundo os autores, a equipe encontrou sinais similares, mas mais fracos que o Wow! original.
A anã vermelha não poderia produzir os sinais observados, mas objetos como magnetares, sim. Eles são um subtipo de estrelas de nêutrons (o núcleo colapsado de uma estrela massiva) com campos magnéticos poderosos e já foram considerados uma possível explicação para o Wow!. Este cenário foi descartado várias vezes, mas a equipe de Mendéz propõe que o mecanismo por trás do sinal poderia ser uma emissão poderosa de radiação atravessando uma nuvem de hidrogênio frio.
O processo faria com que o gás produzisse um pulso de radiação poderoso a quase 1420 MHz gerando uma onda de laser natural, ou maser, levando a uma concentração de luz na linha do hidrogênio parecida com o Wow!. É aqui que entram os magnetares: eles poderiam iluminar brevemente uma nuvem de hidrogênio. Se um pulso de radiação deles atravessar a nuvem, o hidrogênio seria estimulado e geraria a emissão.
A explicação pode soar frustrante para quem esperava alguma relação com seres extraterrestres, caso existam, mas é bastante interessante para os astrônomos. Se confirmado, este cenário pode ajudar os cientistas a investigar futuros sinais misteriosos, e ajuda também na compreensão das nuvens de hidrogênio e dos processos de estímulo delas.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório arXiv.
Fonte: arXiv, ScienceAlert, IFLScience