Saturno tem grandes tempestades que duram centenas de anos
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper | •

Parece que Júpiter não é o único planeta a abrigar grandes tempestades. Um novo estudo realizado por astrônomos das universidades da Califórnia e Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que Saturno também conta com megatempestades intensas, cujos efeitos permanecem na atmosfera do planeta por centenas de anos.
Segundo os autores, as megatempestades costumam ocorrer a cada 20 ou 30 anos. Elas são parecidas com os furacões na Terra, mas, claro, são significativamente maiores e têm uma diferença importante em relação àquelas do nosso mundo: ninguém sabe ao certo o que causa estas tempestades em Saturno.
Para investigá-las, a equipe trabalhou com ondas de rádio, que permitem estudar o que há sob a camada de nuvens que cobre os gigantes gasosos. As emissões de Saturno revelaram algo intrigante: havia anomalias na concentração da amônia gasosa, e isso parece ter relação com a ocorrência das megatempestades no hemisfério norte do planeta.
A atmosfera de Saturno é composta principalmente por hidrogênio e hélio, mas tem também pequenas quantidades de metano, água e amônia. De acordo com a equipe, a amônia ocorre em menor concentração em latitudes médias, logo abaixo de uma camada de nuvens de amônia e gelo. A altitudes mais baixas, de 100 km a 200 km na atmosfera, ela volta a apresentar maior concentração.
Estas variações parecem ser resultado de a amônia ser transportada da atmosfera superior para a inferior por processos de precipitação e evaporação, que podem durar centenas de anos. Portanto, apesar de Saturno e Júpiter serem feitos de hidrogênio, os dois gigantes gasosos têm grandes — com o perdão pelo trocadilho! — diferenças.
Enquanto Júpiter apresenta anomalias troposféricas relacionadas às suas zonas e cinturões, elas não têm relação com tempestades, como ocorrem em Saturno. As variações significativas entre ambos podem ajudar os cientistas a entender os processos por trás das megatempestades, ajudando também na compreensão delas em exoplanetas.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Advances.
Fonte: Science Advances; Via: University of California