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Radiação exposta nas viagens espaciais é prejudicial à memória e ao humor

Por| 10 de Agosto de 2019 às 21h00

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Radiação exposta nas viagens espaciais é prejudicial à memória e ao humor
Radiação exposta nas viagens espaciais é prejudicial à memória e ao humor

Tendo em mente os efeitos negativos causados pela radiação no longo prazo, cientistas da Universidade da Califórnia submeteram ratos a um experimento durante seis meses. Há muito tempo, estudiosos já concluíram que a radiação a curto prazo (desde que em doses poderosas) são mortais, mas sabiam pouco a respeito da radiação baixa e a longo prazo, algo que seria enfrentado pelos colonos em Marte ou por astronautas que passarem a viver na Lua. Os resultados foram publicados na segunda-feira (5) no jornal norte-americano eNeuro.

Um biólogo já declarou para o Business Insider como seria a evolução do ser humano uma vez instalado permanentemente em algum lugar fora da Terra. Mais especificamente, o biólogo levantou ideias de como seriam os bebês nascidos nesse contexto, e chegou à conclusão de que essa espécie futurista pode não ser completamente humana. Dessa vez, no entanto, a ciência está voltada a outro tipo de estudo em torno da relação do ser humano com o espaço: em quais aspectos a radiação poderia ser prejudicial.

Apesar de humanos já terem passado mais de um ano em estações espaciais em órbita sem o efeito negativo da radiação, quase toda a experiência dos astronautas está na órbita baixa, contexto no qual as pessoas ainda estão relativamente seguras dentro do campo magnético do nosso planeta, que oferece proteção contra a maior parte da radiação espacial.

O estudo realizado pela Universidade da Califórnia

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Basicamente, os pesquisadores expuseram os ratos à radiação crônica de baixa dose por seis meses. A radiação deixou os ratos sofrendo com problemas de memória e humor, o que os cientistas afirmam que provavelmente afetariam os seres humanos também. Durante esse estudo, os ratos chegaram a mostrar "graves deficiências no aprendizado e na memória". Além disso, o ambiente radioativo também deixou os ratos muito estressados.

Isso significa, segundo os estudiosos, que os colonos do espaço precisarão recorrer ao uso da inteligência para enfrentar lutas imprevistas. Além disso, outros estudos realizados anteriormente já mostraram os potenciais efeitos nocivos do isolamento e estresse a longo prazo.

No passado, cientistas atingiram ratos de laboratório com níveis de radiação cerca de 100 mil vezes maiores do que aquelas que envolvem a superfície de Marte. Entretanto, os pesquisadores afirmam que o teste é o primeiro a usar essas doses mais baixas e mais realistas de radiação por longos períodos para estudar especificamente as consequências das viagens espaciais. Seus esforços foram possíveis graças a uma nova instalação.

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A radiação envolvida no estudo incluía os dois nêutrons - partículas pesadas de núcleos atômicos - e energia pura na forma de raios gama, além de outros fótons dispersos. O experimento comparou 40 ratos que receberam doses de radiação diárias com 40 ratos alojados em instalações semelhantes, sem qualquer radiação além da que normalmente envolve a superfície da Terra. Após seis meses de dosagem de radiação, os pesquisadores testaram não apenas as respostas sociais e os níveis de estresse de todos os ratos, como também a aprendizagem e memória desses roedores.

Seis meses depois, os ratos não se curaram

Então, seis meses depois do término do estudo, os pesquisadores decapitaram os ratos para colher seus cérebros, a fim de estudá-los. Esse período de seis meses após a radiação também era importante. No passado, pesquisadores já chegaram a especularar que o corpo poderia se curar com o passar do tempo se as doses de radiação fossem pequenas o suficiente. Isso significaria que os resultados cumulativos são minimizados. No entanto, esse não foi o caso dos roedores, pelo menos sob os cronogramas de seis meses que envolveram o experimento em questão.

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Sendo assim, os pesquisadores norte-americanos encontraram alterações tanto físicas quanto químicas nos cérebros que foram examinados, além das mudanças comportamentais observadas nos ratos enquanto ainda estavam vivos. Eles gostavam de se esconder em cantos escuros e evitar transições de luz, e se mostravam muito ansiosos. Além disso, não eram capazes de aprender ou lembrar tão facilmente. Em contrapartida, os cientistas apontam um lado positivo do estudo, e afirmam que os ratos não mostram sinais de desespero ou depressão.

Outro fator estudado pelos cientistas foi o nível de medo dos ratos. Aconteceu da seguinte maneira: os cientistas tocaram um som e atingiram os ratos com pequenos choques elétricos. Então, eles gradualmente pararam de chocar os ratos, mas continuaram tocando o som. Os ratos irradiados continuaram a mostrar reações de medo do ruído, ficando estáticos, de maneira muito mais intensa do que os demais, que não foram atingidos por radiação.

Reações distintas

Os cientistas da Universidade da Califórnia também repararam que nem todos os ratos reagiram igualmente - ratos, como seres humanos, têm muita variação natural. Alguns ratos tinham problemas de memória mais graves do que outros, embora estatisticamente o grupo irradiado tivesse mais problemas do que o grupo que não sofreu as irradiações.

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A partir de suas descobertas, os pesquisadores estimam que um em cada cinco astronautas pode sofrer de ansiedade aumentada ou transtornos de humor durante uma missão de longo prazo, como a futura exploração presencial de Marte, enquanto um em cada três astronautas terá problemas de memória.

No entanto, é indispensável que os cientistas realizem mais testes. Além disso, a radiação do laboratório, embora mais realista do que em experimentos anteriores, ainda não é capaz de reproduzir com exatidão o ambiente espacial. Por outro lado, se os resultados se mantiverem, eles não representam um bom sinal para o futuro da ocupação do espaço pelo ser humano (pelo menos, não sem muita proteção contra a radiação).

Fonte: eNeuro via Discover Magazine