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Questões éticas que devemos considerar quando pensamos na exploração espacial

Por| 16 de Julho de 2018 às 23h25

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Questões éticas que devemos considerar quando pensamos na exploração espacial
Questões éticas que devemos considerar quando pensamos na exploração espacial

Ao planejar uma missão para explorar algum cantinho do espaço, há muito o que se considerar além de garantir o bom funcionamento dos equipamentos de naves, satélites e sondas. No cinema, por exemplo, vemos histórias repletas de imprevistos que podem impactar não somente o andamento da missão, como também a própria sobrevivência dos astronautas.

Exemplos recentes deste tipo de situação são os filmes Gravidade, de 2013, e Perdido em Marte, de 2015. No primeiro, a Dra. Ryan Stone precisa encontrar, sozinha, seu caminho de volta à Terra, após seus colegas terem sido mortos pela destruição de sua nave, causada por estilhaços voando mais rapidamente do que uma bala. Já no segundo filme, uma tempestade descomunal de poeira em Marte exige que a equipe rapidamente abandone o planeta, deixando para trás Mark Watney, que, por sua vez, precisa aprender a cultivar alimentos no inóspito terreno marciano enquanto aguarda o resgate.

E, voltando à vida real, ainda que tais situações de Hollywood não tenham acontecido na prática (ao menos por enquanto), é fato que muita coisa pode dar errado durante uma missão espacial, e, portanto, algumas questões éticas também devem ser consideradas. Vamos a elas:

1) Questões relacionadas à ética ambiental

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Por muito tempo em nossa história de exploração espacial, esta questão ficou de lado nas mesas de planejamento. Começando pela ideia de que, quando e se encontrarmos vida alienígena por aí, provavelmente este tipo de vida será microbiano.

Então, como esses tipos de vida serão encarados por nós, humanos da Terra? Afinal, os humanos têm o hábito de se enxergarem no topo da cadeia alimentar, superiores aos demais tipos de vida da Terra, mas será que o mesmo deve acontecer ao se considerar vida microbiana extraterrestre? Seremos capazes de estudar os micróbios alienígenas sem causar danos à espécie, do alto de nossa prepotência humana?

Aí surge outra questão: estaremos nós prejudicando o ambiente de planetas ao visitá-los? E tomaremos cuidados diferentes ao considerar a visita a um planeta inóspito em comparação com um onde possivelmente exista vida? Afinal, se a própria NASApode ter alterado a composição química de Marte nos anos 1970 (ao conduzir um experimento que exigiu o aquecimento de amostras do solo e possivelmente, com tal processo, matando as moléculas orgânicas da amostra), quem garante que não repetiremos este suposto erro em outras explorações?

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Ok, Marte em princípio não abriga nenhum tipo de vida, mas e se esse tipo de situação acontecer em Encélado, por exemplo, lua de Saturno onde acredita-se que exista vida microbiana em seu oceano subterrâneo? Temos o dever de proteger o meio-ambiente de outros mundos? E como poderemos nos responsabilizar por eventuais contaminações que causarmos?

Isso nos leva a outra questão: a exploração de asteroides. Esses objetos abrigam uma riqueza mineral absurda e, por isso, empresas privadas já vêm colocando seus ambiciosos olhos na exploração comercial de asteroides, a fim de trazer para a Terra as preciosidades coletadas por lá. Ok, mas exploraremos seus recursos de maneira responsável? Ou simplesmente retiraremos seus recursos naturais à exaustão até que o asteroide seja completamente destruído? Estaremos nós, portanto, levando a cultura de esgotar os recursos naturais da Terra para outros mundos, de maneira irresponsável?

2) A proteção da Terra enquanto isso

A exploração espacial acaba também levantando questões relacionadas à nossa relação com o planeta Terra: quando a ciência enfim for capaz de terraformar planetas inóspitos como Marte, por exemplo, levando para lá uma equipe de colonizadores para explorar (e transformar) o planeta, como ficará nossa relação com o planeta de onde viemos? A mesma pergunta vale para quando nós chegarmos, fisicamente, a exoplanetas habitáveis: continuaremos preocupados em proteger a Terra, ou simplesmente abandonaremos nosso planeta, concentrando nossos esforços nesses novos mundos repletos de novas possibilidades?

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Essas reflexões foram propostas por Benjamin Sachs, que faz parte de um grupo de pesquisadores da Universidade de St. Andrews, no Reino Unido. O grupo justamente tem se reunido para elaborar questionamentos do tipo, bem como sugerir soluções para que os cenários mais pessimistas da exploração espacial não se concretizem, causando consequências negativas tanto para o planeta Terra, quanto para os outros mundos que receberão a presença humana em um futuro não muito distante.

Fonte: The Conversation