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Quasar e planeta anão ganham nomes inspirados na cultura havaiana

Por| 06 de Julho de 2020 às 13h46

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Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/P. Marenfeld
Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/P. Marenfeld

Dois objetos cósmicos ganharam nomes inspirados na cultura e tradição do Havaí - pois foram estudados nos Observatórios de Mauna Kea (MKO), uma série de instalações localizadas no cume do Mauna Kea na Grande Ilha do Arquipélago do Havaí, EUA. Os objetos são um quasar distante e antigo, e um planeta anão nos limites do Sistema Solar.

Os nomes foram sugeridos pelo programa A Hua He Inoa, dedicado a encontrar nomes havaianos para objetos astronômicos descobertos os telescópios havaianos. Para isso, o programa reúne astrônomos e nativos do Havaí - dentre eles estudantes, professores ou ambos - para criar um nome baseado nas tradições locais, mas adaptado a detalhes específicos da descoberta astronômica, de modo que haja uma relação com a maneira havaiana de estar no universo.

Foi este programa que batizou o primeiro asteroide interestelar a ser descoberto, o 'Oumuamua, que significa "um mensageiro de longe que chega primeiro". Também batizou de Pōwehi o primeiro buraco negro a ser fotografado pelo homem. Agora, o A Hua He Inoa deu nomes ao quasar e ao planeta anão: Pōniuāena e Leleākūhonua, respectivamente.

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Pōniuāena

O quasar é uma fonte massiva de energia, e os cientistas consideram a hipótese de que sua origem é um buraco negro distante. Se for este o caso, o quasar deve ser muito antigo, nascido apenas 700 milhões de anos após o Big Bang, e poderia conter a massa de 1,5 bilhão de sóis.

Inicialmente, o quasar foi chamado de J1007+2115. O novo nome foi inspirado no Pōwehi, que começa com a sílaba "pō". Essa sílaba representa a profunda escuridão de um buraco negro e deriva do Kumulipo, um canto nativo do Havaí que conta a história da criação das ilhas.

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A última parte do nome é inspirada na aparência e no movimento do quasar, que gira rápido e emite uma enorme quantidade de calor e luz brilhante. A descoberta foi feita usando dados de três instalações diferentes no topo do Maunakea: o Observatório W. M. Keck, o Observatório Internacional Gemini e o Telescópio Infravermelho do Reino Unido, que pertence à Universidade do Havaí.

Leleākūhonua

O planeta anão foi apelidado há alguns anos de “O Goblin”, quando astrônomos o observaram com o telescópio japonês Subaru, localizado também no Havaí. Embora orbite o Sol, o objeto não é exatamente nosso vizinho: no ponto de sua órbita em que mais se aproxima da nossa estrela, ele fica a cerca de 65 unidades astronômicas, ou seja, 65 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Pra se ter uma ideia, Plutão fica em média "apenas" a 40 UA de distância do Sol.

No ponto mais distante de sua órbita, o planeta anão se afasta cerca de 2.300 UA para longe do Sol. Por causa dessa distância, ele demora bastante para completar uma volta ao redor do Sol: um ano no Leleākūhonua dura cerca de 40 mil anos terrestres. Essa distância, inclusive, fez com que os cientistas se animassem ainda mais com a possível existência de um planeta X.

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Foi essa jornada épica ao redor do Sol que inspirou o novo nome havaiano para o objeto. De acordo com um dos membros do programa A Hua He Inoa, as crianças que participaram foram inspiradas por um pássaro chamado kolea, também conhecido como Tarambola-dourada do Pacífico. É que esta ave passa os verões no Alasca e os invernos no Havaí, percorrendo até 3.200 km em um único voo, de acordo com a National Audubon Society. Para as crianças, isso se parecia muito com o planeta anão.

Embora o objeto já tivesse o apelido de O Goblin, o nome Leleākūhonua foi aprovado pela União Astronômica Internacional e anunciado no dia 3 de junho. Ka'iu Kimura, diretora executiva do 'Imiloa Astronomy Center, um museu e centro cultural com sede em Hilo, Havaí, disse que cada um desses novos nomes tem como objetivo reconhecer a cultura e tradição únicas das ilhas havaianas.

No entanto, para Kimura, isso não é o suficiente. A vitória para a comunidade local seria “ver mais estudantes havaianos entrando na ciência, veríamos mais e ouviríamos mais nossa língua e nossa cultura sendo faladas nesses locais de pesquisa”, disse ela. "Promoveríamos globalmente a singularidade do Havaí, que realmente é seu povo, sua língua”, completou.

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Fonte: Space.com