Próxima década deve focar no estudo de exoplanetas e na busca de vida alienígena
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

A Academia Nacional dos Estados Unidos, formada por instituições que proporcionam aconselhamento de especialistas em assuntos relacionados à ciência e tecnologia, publicou nesta quinta-feira (4) um “levantamento da próxima década” para a observação do espaço. O documento descreve prioridades científicas e traz recomendações para os próximos 10 anos de pesquisa na astronomia e astrofísica, destacando também a importância de tornar a astronomia um campo mais inclusivo e diverso.
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O relatório apresenta um plano visionário para a busca de descobertas e exploração de planetas habitáveis, aumento do entendimento da dinâmica e mudanças do universo e estudos do que está por trás da formação das galáxias — e recomenda ainda um programa ambicioso de investimentos que possa fortalecer a profissão. Como o nome sugere, essa publicação é liberada a cada uma década, mas a de 2020 acabou atrasada por conta da pandemia de covid-19.
Fiona Harrison, co-diretora do comitê da Academia Nacional que realizou o levantamento, afirma que “o relatório estabelece uma visão ambiciosa, inspiradora e aspirante para a próxima década de astronomia e astrofísica”. Para ela, enquanto projetos espaciais de grande ambição são planejados, é possível desenvolver um grande portfólio de missões para buscar objetivos visionários, como a busca por vida em planetas na nossa vizinhança galáctica e, ao mesmo tempo, explorar a riqueza da astrofísica do século.
Entretanto, os autores não querem somente construir telescópios: a ideia é que esse trabalho seja feito através de estratégias de diversidade e inclusão, que transformem o assédio e a discriminação em más condutas científicas — estas, capazes de encerrar uma carreira. Além disso, eles querem também que as equipes envolvidas no planejamento das missões tenham mais consciência do impacto que o trabalho delas tem em comunidades indígenas e no meio-ambiente. Por isso, eles sugerem que os astrônomos adotem a realização de conferências remotas, para, assim, reduzir as emissões de carbono liberadas por voos comerciais.
O que isso significa na prática
Entre as áreas prioritárias estabelecidas no documento, está a descoberta e catalogação de exoplanetas. Isso poderia ser feito com um telescópio espacial gigante com 6 m de diâmetro capaz de observar a luz ultravioleta, visível e infravermelha, para, assim, permitir a observação direta de exoplanetas — incluindo aqueles que têm brilho fraco demais para serem vistos. Assim, pode ser que consigamos encontrar algum planeta gêmeo da Terra e, quem sabe, confirmar vida por lá. “Queremos descobrir Terras; queremos descobrir mundos habitáveis. Essa é uma prioridade científica específica”, explicou Keivan Stassun, um dos membros do comitê responsável pelo relatório.
A ideia é que isso aconteça através do programa Pathways to Habitable Worlds, criado para a descoberta e caracterização de exoplanetas parecidos com a Terra, para, eventualmente, produzir imagens deles e analisar suas composições atmosféricas. Já o New Windows on the Dynamic Universe é um programa voltado para estudos de buracos negros e estrelas de nêutrons com instrumentos no espaço e em solo, incluindo equipamentos capazes de identificar ondas gravitacionais. Assim, ao conseguir um entendimento melhor destes objetos exóticos e extremamente densos, os autores acreditam que pode ser possível conseguirmos entender melhor o universo primordial.
Por fim, a Unveiling the Drivers of Galaxy Growth, a terceira área de foco, tem o objetivo de revolucionar o entendimento dos cientistas em relação à formação e evolução das galáxias, indo desde a natureza das teias cósmicas de gás que as alimentam, aos processos que condensam este gás e, assim, desencadeiam a formação de estrelas.
Os objetivos são ambiciosos e, para alcançá-los, os autores recomendam que a NASA estabeleça o programa Great Observatories Mission and Technology Maturation Program, que faz um aceno ao programa Great Observatories — iniciativa da agência espacial que lançou quatro grandes telescópios espaciais entre 1990 e 2003, tendo o veterano Hubble como o primeiro da lista.
Fonte: The Verge, Space.com, SpaceNews, National Academies