Proto-aglomerado de galáxias do início do universo produz mil "sóis" por ano
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |
Uma estrutura de 11 bilhões de anos, observada em janeiro deste ano com algumas hipóteses sobre sua natureza, acaba de ser confirmada por uma equipe internacional de astrônomos. Trata-se de um proto-aglomerado de galáxias, ou seja, um objeto em desenvolvimento para se tornar um superaglomerado de galáxias.
- Como são as galáxias além da Via Láctea? Conheça os principais tipos
- A Grande Nuvem de Magalhães "comeu" uma galáxia e só restou um aglomerado
- Estrela de galáxia anã pode ser um "fóssil" de explosão hipernova primordial
Os pesquisadores observaram o G237 pela primeira vez através de observações no infravermelho distante, com o telescópio Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA). Para confirmar o estudo preliminar, foi usar o Grande Telescópio Binocular no Arizona e o Telescópio Subaru no Japão, além de dados do Observatório Espacial Herschel e o Telescópio Espacial Spitzer.
Algumas coisas observadas no primeiro momento intrigaram os cientistas. Por exemplo, a taxa de criação de estrelas no proto-aglomerado estava muito mais elevada do que o esperado, 10.000 vezes superior à da Via Láctea. Todas as 63 galáxias descobertas até então nesta estrutura parecia uma fábrica trabalhando “em hora extra para montar estrelas", disseram os autores. O cenário era insustentável, considerando a quantidade de hidrogênio na região.
Após as observações subsequentes, os pesquisadores descobriram que parte dessa produção extrapolada de estrelas era proveniente de galáxias não relacionadas ao G237. Contudo, mesmo removendo toda a atividade que não fazia parte do proto-aglomerado, a produção estelar permaneceu alta, com 1.000 massas solares por ano. Os cientistas cogitam que essa estrutura estava extraindo o hidrogênio necessário de filamentos — fios de gás que ligam galáxias formando a teia cósmica. O G237 e outros proto-aglomerados como eles surgiriam onde os filamentos se cruzam.
Estudos sobre o objeto ainda não estão concluídos. "Estamos no processo de analisar mais observações sobre este e outros proto-aglomerados com o objetivo de rastrear o gás que dá origem a essas estrelas recém-formadas e alimenta os buracos negros supermassivos, para determinar sua origem e explicar a atividade extraordinária observada”, disse Mari Polletta, do Instituto Nacional de Astrofísica em Milão, Itália, principal autora do artigo — publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: Universidade do Arizona