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Por que estão testando remédios para o coração no espaço?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 11 de Abril de 2023 às 15h33

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LunaKate/Envato
LunaKate/Envato

Desde o final de março, uma equipe de astronautas investiga como agem os remédios conhecidos para o coração em um ambiente de microgravidade, e também testa novos compostos. Realizado na Estação Espacial Internacional (ISS), o experimento vai aumentar a compreensão sobre os impactos do espaço no sistema cardiovascular e deve apontar para formas de reduzi-los, além de gerar insights para uma nova geração de medicamentos.

No momento, são dois experimentos envolvendo remédios para o coração em andamento na ISS, que foram enviados com a missão CRS-27 da SpaceX. Além dos astronautas, estão envolvidos cientistas da BioServe Space Technologies, que é parte da Universidade do Colorado, e membros das universidades Stanford e Johns Hopkins, todas localizadas nos Estados Unidos.

Saúde do coração fora da Terra

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“Quando os astronautas vão para o espaço, isso [a microgravidade] gera um impacto negativo no sistema cardiovascular”, afirma Stefanie Countryman, diretora da BioServe, em comunicado. Afinal, “nossos órgãos evoluíram para funcionar aqui na Terra” e qualquer mudança brusca de gravidade gera efeitos inesperados, acrescenta Countryman.

Ainda em 2021, cientistas detalharam os efeitos no coração de quem passa aproximadamente um ano no espaço. Com base nas análises feitas com o astronauta da NASA, Scott Kelly, a equipe identificou que as dimensões do seu coração foram reduzidas temporariamente em 27%. Embora a redução não tenha sido associada com nenhum efeito nocivo após o retorno da missão, não se sabe quais complicações terão aqueles que farão longas viagens, como a ida até o planeta Marte.

Outras pesquisas já revelaram que a microgravidade pode desencadear mudanças significativas na função celular e na expressão gênica. Teoricamente, isso implica em danos que serão sentidos anos depois ou ainda na atrofia do músculo cardíaco.

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Como testar remédios para o coração no espaço?

Segundo a pesquisadora Countryman, o objetivo de ambos os projetos é “promover tratamentos que possam ser fornecidos aos astronautas antes do lançamento ou enquanto estiverem no espaço”, buscando mitigar os danos ao coração.

Para ser mais específico, o braço da pesquisa que envolve a Universidade Stanford usa tecidos cardíacos simplificados para testar remédios que podem reduzir as alterações induzidas pela microgravidade na função das células cardíacas (cardiomiócitos). Em outras palavras, busca soluções para preservar a saúde de quem fará viagens espaciais longas.

Em paralelo, a frente da Johns Hopkins estuda como as células do tecido cardíaco humano se comportam na microgravidade, além de testar terapias para redução de danos. Ambos os grupos usam hardwares construídos pela BioServe, mas se diferenciam pela escala do estudo (tecidos ou células).

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É importante destacar um possível efeito colateral positivo da pesquisa: novos medicamentos para pessoas que sofrem com o enfraquecimento do músculo cardíaco, como a miocardite. Afinal, se um remédio melhora o bombeamento do sangue na microcavidade, deve ter uma eficácia surpreendente na nossa gravidade.

Além das pesquisas envolvendo universidades, empresas já estão de olho no desenvolvimento de remédios no espaço, como a farmacêutica MSD ou ainda a startup Varda Space Industries. Neste último caso, a ideia é lançar um laboratório 100% operado por robôs que irá criar e testar novos medicamentos.

Fonte: Universidade do Colorado