Por que alguns buracos negros “pulsam” como corações
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |
Pois é, parece que os buracos negros também podem ter “batimentos cardíacos” se estiverem consumindo grandes quantidades de matéria gasosa. O fenômeno foi observado em apenas dois buracos negros, mas agora cientistas da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, descobriram como estes batimentos funcionam.
Os buracos negros são extremamente densos e têm gravidade tão forte que nem mesmo a luz escapa deles. Alguns deles existem em sistemas binários, ou seja, compartilham uma órbita com outra estrela e capturam gás dela.
Quando isso acontece, o gás é comprimido e aquecido a temperaturas extremamente altas, emitindo raios X no processo. Se o buraco negro devorar muito matéria de uma vez só e rápido, pode ocorrer também uma explosão de raios X.
Estes flashes já foram estudados, revelando comportamento estranho: além da emissão geral, ocorre também uma atividade em pulsação. Os astrônomos chamam o fenômeno de “emissão em batimentos cardíacos”, porque, assim como o coração humano, eles aumentam lentamente, caem rapidamente e depois voltam à normalidade.
No novo estudo, os pesquisadores analisaram IGR J17091-3624, um buraco negro encontrado a 28 mil anos-luz da Terra. Eles identificaram claros sinais dos “batimentos cardíacos” do objeto, e ao analisá-los, concluíram que os pulsos vêm das interações e instabilidades do material ao redor do buraco engro.
Conforme a matéria cai nele, ela é comprimida e transformada em um disco fino. A parte interna deste disco é devorada pelo horizonte de eventos do buraco negro, enquanto o restante brilha em raios X. Esta estrutura é instável, afinal, a radiação do disco está competindo com a força gravitacional do buraco negro.
Já o “batimento” acontece quando o disco se fragmenta temporariamente. Quando a matéria ali perde a coesão, grande parte dela escapa para o buraco negro e é devorada, emitindo quantidades enormes de radiação e iniciando uma “batida”. Depois, a radiação aquece o gás, evitando que caia no objeto; o gás se acomoda e o ciclo começa outra vez, iniciando novos batimentos.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista arXiv.
Fonte: Space.com