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Pesquisa inédita calcula a pegada de carbono produzida pela astronomia

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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ESO/G. Lombardi
ESO/G. Lombardi

As emissões de carbono das observações e pesquisas astronômicas equivalem a 20 milhões de toneladas métricas de CO2, segundo pesquisa liderada pelo Institut de Recherche de Astrophysique et Planétologie (IRAP). O objetivo do estudo é apontar as principais fontes de emissão de carbono e pensar novas manerias de tornar a ciência espacial menos poluente.

Para alcançar tal estimativa, o grupo de astrônomos considerou a energia para construir e operar as infraestruturas modernas da astronomia, tanto em solo como no espaço. Ao todo, eles emitem cerca de 1,2 milhão de toneladas métricas de CO2 ao ano.

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Os 20 milhões de toneladas métricas, referentes ao tempo de vida útil dessas infraestruturas, equivale à pegada anual de carbono de países como a Estônia. Só o novo telescópio espacial James Webb, lançado no ano passado, tem uma pegada estimada em 300 mil toneladas métricas de CO2.

Enquanto isso, o Very Large Telescope (VLT), localizado no Chile, tem uma pegada de carbono estimada em 540 mil toneladas métricas de CO2 ao longo de uma vida útil de 21 anos. Setores da indústria poluem bem mais, mas a coautora do estudo, Annie Hughes, ressalta que os cientistas devem dar o exemplo.

Diante das mudanças climáticas, Hughes é taxativa ao afirmar que todos devem contribuir para a redução da emissão de carbono e, portanto, nem os astrônomos devem estar de fora. Os cientistas devem dar o exemplo moral para que a sociedade siga os exemplos.

Estimando a pegada de carbono da astronomia

O principal autor do estudo, Jürgen Knödlseder, diz que a tendência geral é que as infraestruturas se tornem cada vez maiores e passem a consumir mais energia. “Então você pode imaginar que as coisas não vão melhorar”, acrescenta Knödlseder.

Para Adriann Schutte, gerente do Square Kilometer Array, em fase de construção na África do Sul e na Austrália, existem maneiras de reduzir esse impacto. Nos últimos sete anos, foram instalados painéis solares, além de a equipe ter otimizado os sistemas do telescópio para reduzir a demanda e desperdício de energia.

Para calcular a pegada de carbono da astronomia, os pesquisadores usaram estimativas apontadas em trabalhos anteriores, os quais detalharam a energia consumida na construção de infraestruturas, lançamento à órbita e os custos de para a operação de cada uma delas.

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Embora seja uma boa estimativa, os resultados ainda apresentam certa incerteza, porque, segundo os autores, os resultados anteriores variam dependendo se o cálculo de pegada foi estimado pela massa do objeto ou de sua construção. A preocupação de tornar a astronomia mais verde, tem crescido nos últimos anos.

Em 2020, pesquisadores australianos, das áreas de espaço e computação, estimaram a pegada de carbono relacionada aos voos que os astrônomos realizam para participar de conferências internacionais e da energia consumida por supercomputadores que processam dados do espaço.

Eles descobriram que a supercomputação para pesquisas astronômicas da Austrália queimava cerca de 15 mil toneladas métricas de CO2 anualmente. Outro estudo, de 2021, descobriu que as seis instituições de astronomia Holanda têm uma pedada de carbono de 4.900 toneladas métricas anuais.

O que pode ser feito desde já

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A Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA revelou que um astrofísico gera, em média, de 20 a 35 toneladas de carbono ao ano — a maioria relacionada a viagens e consumos de dados. A instituição recomenda que os profissionais aproveitem ao máximo as observações e conferências remotas.

O professor astronomia Travis Rector, da Universidade do Alasca, que não participou do novo estudo, diz que o objetivo agora é determinar as fontes das emissões de CO2 da astronomia e, então, propor maneiras de reduzi-las ao máximo.

Rector ressalta que a pesquisa é uma ótima oportunidade para que os profissionais da astronomia repensem criticamente a maneira como têm conduzido seus trabalhos em um mundo de mudanças climáticas. “Ama oportunidade para encontrar maneiras de melhorar nossa profissão e ainda avançar nossa ciência”, acrescenta.

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A pesquisa foi apresentada na revista Nature Astronomy.

Fonte: Nature Astronomy, Via NPR, WIRED