Missão Gaia revela planeta que é quase uma “estrela fracassada”
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 23 de Janeiro de 2023 às 20h20
Uma equipe de cientistas liderada por Sasha Hinkley, da Universidade de Exter, identificou o primeiro exoplaneta diretamente observado pela missão Gaia, da Agência Espacial Europeia. Ele orbita a estrela HD 206893, a cerca de 130 anos-luz da Terra — e, curiosamente, parece realizar fusão nuclear em seu interior.
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Como os astrônomos já sabiam que a estrela é cercada por um disco de detritos, ela foi considerada uma boa candidata para a busca de exoplanetas, os mundos que orbitam outras estrelas. Após analisar os dados da missão Gaia, que coleta medidas de alta precisão do movimento das estrelas, eles observaram a estrela com o instrumento GRAVITY, do Very Large Telescope.
Foi assim que eles confirmaram a existência do exoplaneta, que é cerca de 13 vezes mais massivo que Júpiter. O mais curioso é que as observações do espectro da luz filtrada pela atmosfera dele sugere que o núcleo deste grande planeta está realizando fusão nuclear com deutério, um isótopo do hidrogênio.
Seu grande tamanho e a evidência da ocorrência de fusão nuclear indicam que, na prática, o HD 206893 c está no “meio-termo” entre ser um planeta propriamente dito e uma anã marrom. O nome descreve objetos que se formam como as estrelas, mas que não são massivos o suficiente para realizar a fusão nuclear típica delas, necessária para sustentar suas estruturas. Por isso, elas são conhecidas também como "estrelas fracassadas".
A descoberta pode ajudar os cientistas a definir melhor como diferenciam anãs marrons dos exoplanetas, e representa também o grande potencial da missão Gaia para encontrar candidatos a exoplanetas, confirmados depois com observações de outros telescópios. “A descoberta do HD 206893 c é muito importante para o estudo dos exoplanetas, já que o nosso [estudo] pode ser a primeira detecção direta de um ‘exoplaneta da Gaia”, disse Hinkley.
O artigo com os resultados do estudo foi aceito para publicação na revista Astronomy & Astrophysics e pode ser acessado no repositório online arXiv, sem revisão de pares.
Fonte: arXiv; Via: University of Exeter