Meteorito misterioso pode ter vindo de um dos maiores objetos do Sistema Solar
Por Danielle Cassita |

Recentemente, uma equipe de cientistas liderada pelo Southwest Research Institute estudou uma pequena amostra do meteorito Almahata Sitta (AhS), que caiu no Sudão há mais de dez anos. Ao analisar a composição da rocha, eles podem ter encontrado o possível asteroide que o originou: um grande asteroide de tamanho semelhante a Ceres, um planeta anão.
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Na verdade, o objeto já havia sido flagrado pela NASA bem antes de chegar à Terra — tanto que, na época, pesquisadores diversos foram ao deserto do Sudão para coletar material para estudos. Assim, o AhS é um condrito carbonáceo, ou seja, conta com componentes orgânicos, minerais diversos e água: “os meteoritos condritos carbonáceos registram a atividade geológica nas primeiras etapas do Sistema Solar, e trazem informações sobre o histórico dos seus corpos parentais”, explica Vicky Hamilton, principal autora do estudo.
Segundo ela, alguns desses meteoritos têm grande quantidade de minerais que fornecem evidências para a exposição à água a baixas temperaturas e pressões, enquanto a composição de outros meteoritos aponta para o aquecimento na ausência de água. No caso do AhS, a amostra revelou uma composição mineral única: a análise de espectro mostrou a presença de minerais hidratados diversos e, entre eles, o anfibólio, um mineral raro nos meteoritos condritos carbonáceos.
Trata-se de um composto que é mais comum na Terra, mas só foi identificado em quantidades mensuráveis no meteorito Allende, o maior condrito carbonáceo já encontrado. Então, a descoberta do mineral aponta para a ocorrência de temperaturas e pressões intermediárias, além de um período prolongado de alterações aquosas em um asteroide de grandes dimensões — na prática, isso significa que o meteorito surgiu a partir de um asteroide parental que não havia liberado meteoritos antes.
As missões Hayabusa2 e OSIRIS-REx, que coletaram amostras dos asteroides Ryugu e Bennu, respectivamente, podem revelar ainda mais minerais que dificilmente são encontrados em meteoritos. Além disso, a espectroscopia orbital dos asteroides corresponde aos condritos aquosos e alterados, o que sugere que os dois asteroides têm diferenças importantes: “se as composições das amostras da Hayabusa2 e OSIRIS-REx forem diferentes que temos em nossas coleções de meteoritos, pode ser que suas propriedades físicas façam com que não sobrevivam à ejeção, trânsito e entrada na atmosfera da Terra pelo menos no contexto geológico original”.sobreviver aos processos de ejeção, trânsito e entrada pela atmosfera da Terra, pelo menos em seu contexto geológico original ”, finaliza Hamilton.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.
Fonte: SwRI