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Mapa Estelar mais antigo do mundo pode ter 2.300 anos e ser da China — ou não

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Reprodução/Wikimedia Cummons
Reprodução/Wikimedia Cummons

Cientistas dos Observatórios Astronômicos Nacionais da China realizaram uma pesquisa que relata a descoberta do que pode ser o mapa estelar mais antigo do mundo. O item em questão é o Manual Estelar do Mestre Shi, que detalha as estrelas visíveis da Terra — mas, há controvérsia.

O artigo foi publicado no início de abril no repositório de pré-impressão online arXiv, onde aguarda revisão por pares. Utilizando um método chamado Datação do Catálogo Generalizado de Estrelas, os pesquisadores concluíram que o mapa estelar foi criado há cerca de 2.380 anos (por volta de 355 a.C.), e que depois o manuscrito atualizado há 2.150 anos (125 d.C.).

A datação feita pelos chineses com o auxílio de técnicas de análise digital indica que o catálogo teria sido criado aproximadamente 250 anos antes do que estimativas anteriores sugeriam. Se confirmadas, as descobertas dos cientistas chineses podem estabelecer o Manual Estelar como o catálogo de estrelas mais antigo do mundo.

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Discordância entre especialistas

A precisão do Manual Estelar do Mestre Shi tem sido alvo de debates há muito tempo, pois algumas estrelas podem ter sido registradas em épocas diferentes. A oscilação do eixo da Terra e a movimentação própria das estrelas são dois fatores que podem explicar essas discrepâncias temporais.

Enquanto os cientistas dos Observatórios Astronômicos Nacionais da China acreditam que o manuscrito foi atualizado ao longo do tempo, outros pesquisadores defendem que os instrumentos utilizados para as medições possam ter introduzido erros significativos.

Em entrevista ao site Live Science, Daniel Morgan, historiador especializado em astronomia chinesa, propôs uma data intermediária de 2.128 anos (103 a.C.) para a criação do mapa estelar.

“Acontece que, se levarmos em conta essa consideração realmente anódina — de que talvez eles tenham construído um instrumento e ele não fosse perfeito —, a análise de dados dos astrônomos se alinha perfeitamente com a história humana”, pontuou.

Disputa pela narrativa

Segundo Morgan, a reivindicação do catálogo celeste mais antigo é uma fonte de orgulho nacional para os chineses. O colonialismo, aliado a décadas de narrativas eurocêntricas, criou uma espécie de competição em que as nações sentem a necessidade de provar seu valor.

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Ao mesmo tempo, essa disputa pode ter contribuído para que os europeus, em alguma medida, tenham desprezado as tecnologias chinesas, que julgavam inferiores. Esse fator pode explicar os esforços dos cientistas chineses para demonstrar que seu país desenvolveu o mapa estelar mais antigo da humanidade.

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Fonte: Live Science