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Mais semelhanças entre anãs marrons e Júpiter são encontradas

Por| 12 de Janeiro de 2021 às 11h25

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NOIRLab/NSF/AURA/P. Marenfeld; William Pendrill
NOIRLab/NSF/AURA/P. Marenfeld; William Pendrill

Em meados de 2020, uma equipe de astrônomos descobriu um sistema binário de anãs marrons e constatou que pelo menos uma delas, chamada Luhman 16A, tinha algumas similaridades com Júpiter. Agora, um novo estudo revela a presença de jatos de alta velocidade e vórtices polares no segundo objeto, o Luhman 16B, ou seja, ambas são mais parecidas com Júpiter do que se imaginava anteriormente.

Anãs marrons são considerados objetos intermediários, pois evoluem até se tornarem maiores que qualquer planeta, mas não atingem tamanho suficiente para iniciar a fusão do hidrogênio em seu núcleo e, portanto, não se tornam estrelas. Por isso são também conhecidas como "estrelas fracassadas", possuindo baixa luminosidade e adquirem a cor marrom. Há algum tempo cogita-se que Júpiter teria características muito semelhantes a de anãs marrons.

O sistema Luhman 16 fica perto do Sol, apenas a 6,5 anos-luz de distância, em direção da constelação Vela. Também conhecido como WISE 1049-5319, o sistema foi descoberto pelo Professor Kevin Luhman, através do telescópio espacial Wide-field Infrared Survey Explorer da NASA. A Luhman 16A é cerca de 34 vezes mais massiva que Júpiter, enquanto a Luhman 16B é 28 vezes mais massiva que o gigante gasoso do Sistema Solar.

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Além de não estarem muito longe de nós, as anãs marrons do sistema Luhman 16 são bem jovens, com algo entre 600 e 800 milhões de anos, e orbitam uma a outra a uma distância de cerca de 3,5 UA (ou seja, 3,5 vezes a distância entre o Sol e a Terra), com um período orbital de 27 anos. Para entender melhor a atmosfera desses objetos, o Dr. Daniel Apai e seus colegas usaram o TESS e observaram Luhman 16A e B. Os pesquisadores queriam saber até onde as anãs marrons podem se parecer com Júpiter — e onde as semelhanças terminam.

Eles descobriram que Luhman 16B é, de fato, muito parecido com Júpiter, considerando os padrões em sua atmosfera repleta de ventos em alta velocidade. Assim como ocorre no gigante gasoso de nosso Sistema Solar, esta anã marrom possui faixas que correm paralelas ao equador do objeto esférico. Os ventos misturam os elementos na atmosfera e redistribuem o calor existente no interior da Luhman 16B (no interior de ambas anãs marrons do sistema, a temperatura pode ser de aproximadamente cerca 1.000 °C).

Além disso, como Júpiter, as regiões polares de Luhman 16B estão repletas de vórtices. “Os padrões de vento e a circulação atmosférica em grande escala costumam ter efeitos profundos nas atmosferas planetárias, desde o clima da Terra até a aparência de Júpiter, e agora sabemos que esses jatos atmosféricos de grande escala também moldam as atmosferas de anãs marrons”, explica Apai.

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Saber como os ventos se comportam, redistribuindo o calor de uma anã marrom bem próxima do Sol — e, portanto, mais fácil de observar, tanto que já é uma das mais estudadas — pode ajudar os astrônomos a entender melhor a evolução das anãs marrons em geral. Afinal, como há muita similaridade entre os ventos atmosféricos de Júpiter e as anãs marrons, os pesquisadores poderão usar esses objetos para deduzir as características de corpos gigantes mais distantes do Sistema Solar.

De acordo com Apai, a pesquisa publicada no Astrophysical Journal de sua equipe “fornece um modelo para futuros estudos de objetos semelhantes”, possibilitando até mesmo o mapeamento das atmosferas de anãs marrons e planetas gasosos gigantes distantes de nós, “sem a necessidade de telescópios poderosos”.

Fonte: Sci-News